Centenas cruzam fronteira de Honduras com Guatemala
1 de outubro de 2020
Após meses esperando abertura da fronteira fechada devido à pandemia, caravana segue agora viagem rumo aos Estados Unidos. Crise gerada pelo coronavírus levou ao aumento do desemprego e da pobreza na região.
Anúncio
Mais de 3 mil migrantes da América Central entraram na Guatemala nesta quinta-feira (01/10) em direção aos Estados Unidos, segundo autoridades guatemaltecas. O grupo aproveitou a reabertura das fronteiras do país fechadas há meses para conter a pandemia de covid-19.
Autoridades planejam registrar os migrantes durante a travessia e oferecer a assistência aos que quiserem voltar aos seus países de origem, além de exigir um teste negativo de coronavírus para permitir a entrada na Guatemala. O grupo, porém, atravessou a fronteira em Corinto ilegalmente e funcionários de migração, em menor número, não tentaram detê-lo.
Os migrantes começaram a se reunir próximo à fronteira por volta das 6h30 (horário local). A caravana em direção aos Estados Unidos é maior desde que a pandemia chegou à América Central em março, levando países a fechar as fronteiras. A crise gerada pelo coronavírus desencadeou o aumento do desemprego e da pobreza na região.
O incidente ocorre a apenas um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos. O combate à imigração ilegal é uma das principais bandeiras de campanha do presidente Donald Trump. Caravanas anteriores incorreram na ira de Trump, cujo partido Republicano vem usando uma retórica dura contra os migrantes para atrair eleitores nos últimos pleitos.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram uma multidão, formada na maioria por homens e mulheres jovens, carregando mochilas e crianças pequenas, forçando passagem entre as forças de segurança da Guatemala no posto fronteiriço hondurenho de Corinto. Muitos migrantes usavam máscaras.
Sem sucesso, autoridades guatemaltecas tentaram cobrar dos migrantes um teste de covid-19 para liberar a entrada. A Guatemala pediu que Honduras faça algo para interromper o fluxo migratório em seu território e exigiu que episódios como o desta quinta-feira não voltem a se repetir.
Os migrantes fogem do desemprego e da violência de seus países de origem. A pandemia também agravou ainda mais a situação econômica dos países da América Latina. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 34 milhões de empregos foram perdidos na região devido à atual crise.
"Queremos passar em paz, não queremos conflitos, mas estamos determinados a chegar nos EUA. Em Honduras não há nada, não há trabalho e é impossível viver aqui", disse um jovem na fronteira.
As chances de uma grande caravana chegar à fronteira com os EUA, que já eram baixas, diminuíram ainda mais no ano passado. Sob pressão americana, o México deslocou a Guarda Nacional e mais agentes de migração para dispersar os grupos ainda no sul do país. Além disso, devido à pandemia, é atualmente impossível cruzar a fronteira legalmente com os Estados Unidos.
O fluxo de migrantes para o norte havia diminuído drasticamente durante a pandemia devido ao fechamento das fronteiras. A maioria dos abrigos ao longo da rota fecharam suas portas para os recém-chegados enquanto tentavam evitar a propagação do coronavírus. O México e os Estados Unidos deportaram centenas de milhares de migrantes numa tentativa de esvaziar centros de detenção.
CN/rtr/ap/dpa
Filmes sobre a fronteira entre EUA e México
Em seu mandato, o ex-presidente americano Donald Trump prometeu construir um muro entre EUA e México. Mas, muito antes disso, esta fronteira já havia sido foco de filmes espetaculares. Veja a lista.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
John Wayne em guerra
Em meados do século 19, EUA e México entraram em guerra sobre o estado do Texas, que pertencia aos mexicanos, mas foi anexado pelos americanos. A longa disputa foi muitas vezes retratada por Hollywood nos faroestes que detalhavam os violentos conflitos entre colonos americanos e o Exército mexicano. Entre os mais espetaculares está "Álamo" (1960), estrelado por John Wayne e Richard Widmark.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
Dietrich e a fronteira
Em 1958, Marlene Dietrich fez uma breve aparição no brilhante suspense "A marca da maldade". O diretor Orson Welles, que teve o papel principal no filme, fez da região fronteiriça entre México e EUA o cenário para falar sobre corrupção, tráfico de drogas e outros crimes.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
"Rio Bravo"
Quando John Wayne apareceu em "Álamo", a grande era do faroeste americano estava quase no fim. Mas, quando o gênero cresceu na década de 1950, muitos faroestes se passaram na fronteira entre Texas, Novo México e Arizona de um lado, e o México, do outro. Um marco simbólico era o rio Grande que, localizado nesta fronteira, rendeu o título do legendário filme do diretor John Ford, de 1950.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A fronteira em faroestes posteriores
No entanto, a fronteira entre os dois países conseguiu manter sua importância em numerosos faroestes lançados posteriormente. A região desempenhou um papel de destaque em "Meu ódio será tua herança" (1969), do diretor Sam Peckinpah, um épico do faroeste selvagem com muito sangue e que enfoca a ilegalidade em uma terra esquecida.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Variações modernas
O diretor americano Robert Anthony Rodriguez tem uma paixão pela região de fronteira, o que talvez se deva às suas raízes mexicanas. Muitos de seus filmes reproduzem o choque de culturas nesta região fronteiriça. Seu filme "Um drink no inferno", de 1996, viu Quentin Tarantino e George Clooney encenando irmãos que roubam bancos e que tentam fugir para o México.
Foto: picture-alliance/United Archives
Não há lugar para envelhecer
Ganhador de vários Oscars em 2008, entre eles o de melhor filme e direção, "Onde os fracos não têm vez" foi dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. A produção aborda as drogas, máfia, assassinatos e fraudes. O filme se passa na fronteira entre EUA e México – um lugar perigoso, onde a morte é comum e poucos envelhecem.
Foto: picture-alliance/dpa/Paramount Pictures
Ao sul de Albuquerque
Albuquerque, no Novo México, é o cenário da extremamente popular série de televisão "Breaking Bad", que foi produzida entre 2008 e 2013. Ela enfoca histórias na região envolvendo drogas. Ao sul de Albuquerque, fica a lendária fronteira entre Estados Unidos e México.
Foto: Frank Ockenfels 3/Sony Pitures
O lado obscuro do comércio
No filme "Desaparecidos" (2007), o diretor alemão Marco Kreuzpaintner escolheu contar a história de crianças mexicanas que atravessam a fronteira para os Estados Unidos como parte do tráfico de escravos sexuais. A estrela de Hollywood Kevin Kline desempenhou o papel principal.
Foto: picture-alliance/kpa
Guerra de drogas na fronteira
"Sicario: terra de ninguém" examina o impacto das guerras do narcotráfico na área de fronteira entre Arizona e México. O cineasta canadense Denis Villeneuve fez o agitado suspense em 2015, tendo Benicio del Toro no papel principal. A obra foi filmada no sul do Arizona.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Lionsgate/Richard Foreman Jr.
Filmes sobre drogas
A questão do narcotráfico parece atrair diretores de forma mágica. Em 2013, o cineasta britânico Ridley Scott filmou um suspense também nesta região fronteiriça. "O conselheiro do crime", estrelado por Brad Pitt e Michael Fassbender, foi filmado em El Paso, no Texas, e na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Crime e política
Há 17 anos, o diretor Steven Soderbergh lançou o renascimento dos filmes sobre a guerra das drogas. Em "Traffic", ele retrata a complexa relação entre polícia, traficantes e políticos – cujos laços uns com os outros estão indissociavelmente interligados para além das fronteiras geográficas.
Foto: picture-alliance/United Archives
Histórias de detetive
Além de faroestes e suspenses sobre drogas, inúmeras histórias de detetives e assassinatos misteriosos decorrem na fronteira entre EUA e México. Um clássico do gênero é o filme "O perigoso adeus" (1973), de Robert Altman, baseado em um romance de Raymond Chandler. O filme foi gravado na Califórnia, mas também em Tepoztlán, no México.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
A fronteira em tempos de globalização
Em 2006, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu filmou o drama narrativo múltiplo "Babel". A obra traça os destinos entrelaçados de várias pessoas de diferentes regiões do mundo, e é uma parábola cinematográfica sobre a questão do significado da fronteira para as pessoas em tempos de globalização.
Foto: picture alliance/kpa
Comédia de fronteira
Não há muito o que rir quando se trata de uma fronteira. A maior parte dos filmes que lida com os laços entre EUA e México tendem à seriedade. Mas, em 2004, James L. Brooks fez a comédia "Espanglês" sobre um encontro com muito clichê entre um americano rico (Adam Sandler) e uma faxineira mexicana (Paz Vega).
Foto: picture-alliance/United Archives
Drama sobre imigração
Nos últimos anos, mais e mais filmes foram produzidos sobre imigração e pobreza na região. No ano passado, a coprodução Alemanha-França-México "Soy Nero" estreou na Berlinale. O diretor Rafi Pitts, com raízes iranianas, conta a história de um jovem mexicano que atravessa a fronteira para os EUA em busca de uma vida melhor.
Foto: picture-alliance/dpa/Neue Visionen
Um clássico moderno
Talvez o filme mais impressionante sobre a imigração do Sul para o Norte tenha sido feito por Cary Fukunaga, em 2009. "Sem identidade" retrata o destino de vários jovens do México que estão tentando chegar aos EUA. Enquanto alguns estão tentando escapar de bandos criminosos de suas cidades, outros procuram o paraíso na Terra.