Informações de partidos e de políticos de diversos escalões, incluindo Merkel e o presidente Steinmeier, são roubadas e publicadas na internet. Ataque afeta todas as legendas no Parlamento, exceto os populistas.
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Centenas de políticos alemães, incluindo a chanceler federal Angela Merkel e o presidente Frank-Walter Steinmeier, tiveram seus dados roubados e divulgados online, através do Twitter, como revelou nesta sexta-feira (04/01) a imprensa local. O vazamento, embora não tenha levado à revelação de informação sensível, atingiu todas as legendas representadas no Parlamento, exceto a populista Alternativa para a Alemanha (AfD).
Na conta do Twitter, já apagada, foram vazados dados confidenciais de celulares, conversações privadas, endereços de políticos e outros dados particulares, assim como documentos internos de partidos. As legendas atingidas são União Democrata Cristã (CDU), Partido Social-Democrata (SPD), União Social Cristã (CSU), Partido Verde, A Esquerda e o Partido Liberal Democrático (FDP).
"Dados pessoais e documentos pertencentes a centenas de políticos e figuras públicas foram publicadas na internet", disse a porta-voz do governo federal alemão, Martina Fietz, e confirmou que Merkel e Steinmeier estavam entre as vítimas. "O governo está levando este incidente muito a sério."
Entre os afetados estão membros do Parlamento alemão e do Parlamento Europeu, assim como políticos de Legislativos regionais e municipais. Segundo Fietz, uma investigação preliminar indicou que não houve vazamento de "nenhuma informação sensível ou dados" da chancelaria – apenas o número de fax, dois endereços de e-mail e algumas cartas recebidas e escritas por Merkel.
"Quem está por trás disso quer minar fé em nossa democracia e em suas instituições", reagiu a ministra da Justiça da Alemanha, Katarina Barley.
Líderes parlamentares foram notificados na quinta-feira, e o serviço de inteligência interna iniciou uma investigação.
O vazamento de documentos foi descoberto na quinta-feira. No entanto, aparentemente, os documentos foram publicados em dezembro por meio de uma conta no Twitter baseada em Hamburgo – os dados foram vazados como num calendário do Advento, com informações novas a cada dia.
A maioria das informações vazadas consistia de detalhes de contato, como endereços e números de telefone celular. Em certos casos, também foram vazados documentos pessoais, incluindo detalhes bancários e financeiros, cartões de identificação e conversas privadas.
Nenhum dos documentos dos partidos continha informações altamente secretas. Os dados incluíam pedidos de emprego, memorandos internos de legendas políticas e listas de membros do partido. Alguns documentos tinham mais de um ano.
A ação aparenta ter sido de forma arbitrária, embora especificamente nenhum partidário da AfD tenha sido vítima. Políticos estaduais e alguns artistas também foram afetados. Não está claro se as autoridades foram alvo de um ataque cibernético ou vítimas de um vazamento interno.
Segundo a emissora estatal RBB, o meio de comunicação alemão que revelou o incidente em primeira mão, é pouco provável que as informações tenham sido obtidas de uma única fonte, dada a vasta gama de dados recolhidos.
A conta no Twitter usada para os vazamentos tem em sua descrição os termos "pesquisa de segurança", "artistas", "sátira" e "ironia". Desde meados de 2017, dados privados de pessoas mais ou menos proeminentes são publicados na conta – supostamente com mais de 16 mil seguidores. A conta pertence a uma plataforma de internet, e o operador está sediado em Hamburgo. A conta foi desativada pelo Twitter nesta sexta-feira.
PV/rtr/dpa
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São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.