Centro de migrantes tem mais de 100 casos de covid-19
18 de maio de 2020
Local é colocado sob quarentena após moradores e funcionários serem diagnosticados com o novo coronavírus. Caso gera críticas a condições em que vivem requerentes de refúgio no país.
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Mais de uma centena de pessoas em um centro de acolhimento para refugiados em Sankt Augustin, próximo a Bonn, no oeste da Alemanha, foram diagnosticadas com o novo coronavírus, afirmaram autoridade locais nesta segunda-feira (18/05).
No local, que abriga 312 pessoas, 120 casos de covid-19 foram identificados em refugiados e outros dez em funcionários e agentes de segurança. Uma porta-voz do distrito administrativo de Colônia, do qual Sankt Augustin faz parte, afirmou que 400 testes foram feitos no centro de acolhimento.
O abrigo foi colocado sob quarentena no fim da semana passada, após a confirmação dos primeiros casos. Muitos apresentaram sintomas leves ou nenhum sintoma da doença. Os que tiveram resultados negativos nos testes foram transferidos para outros centro de acolhimento.
A notícia sobre o surto no abrigo gerou fortes críticas, com algumas lideranças políticas renovando os apelos por melhores condições para os requerentes de refúgio no país.
"Pedimos repetidas vezes por ampla testagem nesses abrigos", afirmou Horst Becker, do Partido Verde, ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger. "Agora vemos que isso ocorre quando já é tarde demais."
Surtos da doença já haviam sido detectados em outros centros de acolhimento em Bonn, Berlim e outras regiões do país.
Na semana passada, um tribunal julgou como inadequadas as proteções contra o coronavírus em um centro de acolhimento no estado da Renânia do Norte-Vestfália, onde se localiza Sankt Augustin. Uma mulher grávida e seu marido fizeram um apelo à Justiça pare serem removidos do local.
Os refugiados e requerentes de refúgio na Alemanha são acomodados nesses centros de acolhimento enquanto seus pedidos são processados. Grande parte desses locais abriga centenas de moradores, muitos dos quais dividem quartos coletivos com pessoas desconhecidas.
As condições e a falta de privacidade nessas instalações vêm sendo amplamente criticadas por organizações de assistência aos refugiados e grupos de defesa dos migrantes, cujos temores apenas aumentaram com a epidemia de covid-19.
Vírus por toda parte! Talvez no tomate, no pacote do correio, até no próprio cão de estimação? O Departamento de Avaliação de Risco da Alemanha esclarece o que se sabe sobre o Sars-Cov-2.
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Maçanetas contaminadas
Os coronavírus conhecidos permanecem infecciosos em superfícies como maçanetas por quatro a cinco dias, em média. Como todas as infecções por gotículas, o Sars-Cov-2 se propaga por mãos e superfícies tocadas com frequência. Embora seja ainda relativamente desconhecido, os especialistas partem do princípio que os conhecimentos sobre as variedades já estudadas se aplicam ao novo coronavírus.
Por isso é necessário certo cuidado durante o almoço no refeitório do trabalho – se ainda estiver funcionando. Em princípio, coronavírus contaminam pratos ou talheres se alguém infectado espirra ou tosse diretamente neles. No entanto, o Departamento Federal alemão de Avaliação de Riscos (BfR) enfatiza que "até agora não se sabe de infecções com o Sars-Cov-2 por esse meio de transmissão".
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Medo de importados?
Ainda segundo o BfR, os pais não precisam temer um contágio através de brinquedos importados. Até o momento não pôde ser comprovado nenhum caso desses. Os estudos sugerem que o novo coronavírus seja relativamente instável em termos ambientais: os patógenos permaneceriam infecciosos durante vários dias sobretudo a temperaturas baixas e alta umidade atmosférica.
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Vírus pelo correio?
Em geral, coronavírus humanos não são especialmente resistentes sobre superfícies secas. Como sua estabilidade fora do organismo humano depende de diversos fatores ambientais, como temperatura e umidade, o BfR considera "antes improvável" um contágio por pacotes de correio – embora ressalvando ainda não haver dados mais precisos sobre o Sars-Cov-2.
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Pingue-pongue entre cão e dono?
Meu cachorro pode me contagiar e eu a ele? Também o risco de contaminação de animais domésticos é considerado muito baixo pelos especialistas, embora não o descartem. Os próprios animais não apresentam sintomas patológicos. Caso infectados, contudo, é possível transmitirem o coronavírus pelas vias respiratórias ou excreções.
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Verduras assassinas?
Igualmente improvável é a transmissão do Sars-Cov-2 através de alimentos contaminados, na avaliação do BfR, não sendo conhecidos casos comprovados. Lavar cuidadosamente as mãos antes do preparar da refeição continua sendo mandatório nos tempos da covid-19. Como os vírus são sensíveis ao calor, aquecer os alimentos pode reduzir ainda mais o risco de contágio.
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Longa vida no gelo
Embora os coronavírus Sars e Mers conhecidos até o presente reajam mal ao calor, eles são bastantes resistentes ao frio, permanecendo infecciosos a -20 ºC por até dois anos. Também aqui, contudo, não há qualquer indício de cadeias infecciosas do Sars-Cov-2 por meio do consumo de alimentos, mesmo supercongelados.
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Animais silvestres são tabu
Um efeito positivo do surto de covid-19 é a China ter proibido o consumo de carne de animais selvagens. Há fortes indícios de o novo coronavírus ter sido transmitido aos seres humanos por um morcego. O animal, porém, não teve qualquer culpa: ele foi possivelmente servido como iguaria, certamente contra a própria vontade. E agora os seres humanos amargam a "maldição do morcego que virou sopa"...