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CEO da Johnson & Johnson fala em vacina anual contra covid

10 de fevereiro de 2021

Executivo afirma que mutações podem afetar eficácia das vacinas, o que exigiria ajustes periódicos nos imunizantes. Empresa aguarda aval americano e europeu para uso emergencial de sua vacina contra o coronavírus.

Mãos com luvas brancas aplicam vacina em um braço
Futuras mutações do coronavírus podem exigir inoculações anuaisFoto: Siphiwe Sibeko/AP Photo/picture alliance

O diretor-executivo da Johnson & Johnson disse ser possível que as pessoas tenham que se vacinar anualmente contra o coronavírus Sars-Cov-2, causador da covid-19, durante um bom tempo.

"Infelizmente, conforme o vírus se espalha ele também pode sofrer mutação", afirmou Alex Gorsky em entrevista à emissora de TV americana CNBC nesta terça-feira (09/02).

"Cada vez que ele sofre mutação, é quase como outro clique no botão, por assim dizer, em que podemos ver outra variante. Outra mutação pode ter um impacto na sua capacidade de afastar anticorpos ou de ter um tipo diferente de resposta não apenas a um tratamento, mas também a uma vacina", explicou Gorsky.

Autoridades de saúde pública e especialistas em doenças infecciosas afirmam que há uma grande probabilidade de que a covid-19 se torne uma doença endêmica, ou seja, que estará presente nas comunidades o tempo todo, embora provavelmente em níveis mais baixos do que agora. Dessa forma, novas variantes do coronavírus terão que ser analisadas continuamente, para que os cientistas possam fazer ajustes nas vacinas para combatê-las.

A Johnson & Johnson aguarda uma resposta para o pedido de autorização para uso emergencial nos Estados Unidos e na União Europeia (UE) de sua vacina contra a covid-19.

Ao contrário dos imunizantes da Pfizer-Biontech, da Moderna, da AstraZeneca-Oxford e da Caronavac, que requerem a administração de duas doses, a vacina da Johnson & Johnson é aplicada em dose única, o que facilita a logística de campanhas de vacinação.

Além da vacina em dose única, Gorsky disse que a empresa está trabalhando também na produção de um imunizante em duas doses, cujos dados de ensaios clínicos devem estar disponíveis no segundo semestre de 2021.

Em agosto de 2020, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos anunciou um acordo com a Janssen, unidade farmacêutica da Johnson & Johnson, no valor aproximado de 1 bilhão de dólares para a aquisição de 100 milhões de doses de sua vacina. 

"Cumpriremos nossos compromissos e, ao mesmo tempo, faremos tudo o que for possível para acelerar a produção de maneira segura e eficaz", afirmou Gorsky à CNBC.

Eficácia de 66%

No fim de janeiro, a Johnson & Johnson informou que sua vacina de dose única tem eficácia média de 66% na prevenção da covid-19. Os testes foram feitos em três continentes, e o imunizante mostrou resultados robustos, em diferentes níveis, também contra mutações do coronavírus, sobretudo para evitar casos graves.

No ensaio com quase 44 mil voluntários, o nível de proteção contra a covid-19 moderada e severa variou de 72% nos Estados Unidos a 66% na América Latina e 57% na África do Sul, onde uma variante preocupante se espalhou. Contra casos graves da doença e hospitalizações, a eficácia foi de 85%.

A vacina pode ser armazenada por pelo menos três meses em temperaturas de 2 ºC a 8 ºC. Em temperaturas de 20 ºC negativos, ela pode ficar estável por dois anos.

le/ek (ots)

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