No dia 6 de agosto de 1945, o primeiro bombardeio atômico da história matou cerca de 140 mil pessoas, deixando sequelas graves nos sobreviventes. Solenidade em Hiroshima reuniu autoridades japonesas e internacionais.
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Japão relembra os horrores da bomba de Hiroshima
01:24
Autoridades japonesas, diplomatas internacionais e sobreviventes participaram nesta quinta-feira (06/08), em Hiroshima, de uma cerimônia que marcou os 70 anos do lançamento da primeira bomba nuclear, nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial.
O sino da paz soou às 8h15 (hora local), no momento exato em que a bomba atômica lançada pelo bombardeiro B-29 Enola Gay, da Força Aérea americana, detonou sobre o centro da cidade, matando 40 mil pessoas instantaneamente. Até o fim daquele ano, o número de mortos chegou a 140 mil, em consequência da radiação.
Cerca de 50 mil pessoas compareceram à cerimônia no Parque do Memorial da Paz, em Hiroshima, incluindo a embaixadora americana no Japão, Caroline Kennedy e representantes de cerca de cem países.
Após o memorial, líderes de grupos de sobreviventes se reuniram com o primeiro-ministro, Shinzo Abe, e pediram a remoção de uma nova legislação que permite aos militares japoneses, pela primeira vez desde o fim da 2ª Guerra, se envolverem em conflitos no exterior.
Abe, que em seu discurso durante a cerimônia defendeu a abolição das armas nucleares, sustentou que a nova legislação é essencial para a segurança do país. Pesquisas indicam que a maioria dos japoneses é contra a medida, que envolve uma reinterpretação da Constituição japonesa, que renuncia à guerra, estabelecida no período pós-guerra quando o país estava sob ocupação americana.
A detonação da bomba atômica ainda é um dos temas mais debatidos da Segunda Guerra Mundial. Muitos defendem que ela foi necessária para pôr fim à guerra no Pacífico e salvar milhares de outras vidas vidas, enquanto outros sustentam que o Japão teria se rendido de qualquer forma, sem que houvesse a necessidade de destruir Hiroshima e, três dias mais tarde, Nagasaki.
Ainda hoje, sobreviventes estão sob tratamento nos hospitais da Cruz Vermelha japonesa em razão dos efeitos de longa duração da radiação, principalmente casos de câncer.
RC/dpa/rtr
Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos casos de emprego de armas atômicas numa guerra.
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
O primeiro ataque
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
Foto: Three Lions/Getty Images
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.
Foto: gemeinfrei
O segundo ataque
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
Foto: Courtesy of the National Archives/Newsmakers
Alvo estratégico
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
Foto: picture-alliance/dpa
As vítimas
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.
Foto: Keystone/Getty Images
Terror no fim da guerra
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
Foto: AP
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.
Foto: Keystone/Getty Images
Contra o esquecimento
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
Foto: Getty Images
Dia para relembrar
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear.