Cervejarias investem no filão natalino
23 de dezembro de 2004Natal é tempo de guloseimas que só nesta época do ano invadem as prateleiras de supermercados e padarias de todo o país: biscoito speculatius, stollen (tradicional pão de Natal), lebkuchen (pão de mel), tudo isso faz parte do Natal alemão como o pinheiro decorado. Agora, diversas cervejarias querem aproveitar o filão, apostando nas cervejas de Natal.
Baseado em dados da Federação das Indústrias Alemãs de Cerveja, o tablóide alemão Bild informou que uma em cada dez cervejarias alemãs planeja lançar uma cerveja de Natal. Para poder usar esse nome no rótulo, entretanto, tais bebidas têm que conter 13% de mosto original e pelo menos 6% de álcool – mais que uma cerveja clara ou do tipo pils (pilsen no Brasil).
Segundo o Bild, cervejarias como Flensburger, Tucher, Fürstenberg e Weltenberger Kloster estão lançando este ano no mercado versões natalinas, com mais malte e teor alcoólico de até 13%.
Para incentivar o consumo
A tendência pode significar uma tentativa do setor de estimular o consumo de cerveja no país, que vem caindo. Quatro anos atrás, cada alemão bebia em média 127,5 litros de cerveja por ano. Em 2003, o consumo foi reduzido para 117,7 litros por pessoa.
Além do mais, o faturamento total das cervejarias alemãs no ano passado foi de 9,022 milhões de euros – um total quase 5% inferior ao de 1998.
Nas feiras de Natal do país, essas cervejas já fazem concorrência ao glühwein, o quentão alemão. Em uma feira de Frankfurt, a prefeita sugeriu a venda de cerveja bock de Natal, sendo que o lucro resultante será doado ao Unicef. Entretanto, em bares e restaurantes o consumo das cervejas sazonais ainda é baixo.
Tradição de Natal
Ao contrário das novas variantes, a cerveja bock de Natal já tem uma longa tradição. Com um teor de 7,5% de álcool, ela era uma especialidade restrita ao norte da Alemanha até meados do século 16, quando finalmente se espalhou para o sul do país. Ela era feita com muito lúpulo e malte, o que lhe conferia uma coloração mais escura, e seu consumo era reservado ao período da Quaresma e do Natal.
Outra raridade entre as cervejas de Natal é a chamada "eisbock". Reza a lenda que um cervejeiro da cidade de Kulmbach, ao norte da Francônia, em uma noite fria de inverno, ficou com preguiça de recolher os barris do quintal e levá-los ao armazém.
Na manhã seguinte, os barris estavam todos congelados. De raiva, o dono da cervejaria ordenou que o funcionário quebrasse o gelo e bebesse o líquido escuro, que surpreendentemente tinha um gosto muito bom. Mas a eisbock deve ser tomada em pequenas doses – ela contém 25% de mosto original e até 10% de teor alcoólico.