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ConflitosIsrael

Trégua entre Israel e militantes palestinos entra em vigor

8 de agosto de 2022

Após quase três dias de conflito desencadeado por bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, aos quais o grupo palestino Jihad Islâmica respondeu com foguetes, situação se acalma. Violência deixou mais de 40 mortos.

Palestinos realizam buscas em meio a escombros após um suposto ataque israelense em Gaza
Palestinos realizam buscas em meio a escombros após um suposto ataque israelense em GazaFoto: Ismael Mohamad/UPI/IMAGO

Um frágil acordo de cessar-fogo para colocar fim a quase três dias de conflito entre Israel e militantes palestinos em Gaza entrou em vigor no fim deste domingo (07/08) e se mantinha na manhã desta segunda-feira.

Foi o pior conflito fronteiriço entre Israel e militantes palestinos desde que Israel e o Hamas travaram 11 dias de confrontos em maio do ano passado, contribuindo para a destruição e a miséria que castigam os cerca de 2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense há anos.

Desde a última sexta-feira, aeronaves israelenses vinham bombardeando alvos em Gaza, enquanto o grupo palestino Jihad Islâmica, apoiado pelo Irã e classificado como uma organização terrorista pelos EUA e a União Europeia, disparava centenas de foguetes contra Israel.

Ao longo dos três dias de conflito, 44 palestinos foram mortos, incluindo 15 crianças e quatro mulheres, e 311 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina. A Jihad Islâmica afirmou que 12 dos mortos eram militantes, e Israel disse que algumas das vítimas haviam sido mortas por foguetes mal disparados por palestinos. O Exército israelense afirmou que cerca de 1.100 projéteis foram lançados contra Israel e que cerca de 200 deles atingiram o próprio enclave palestino.

O acordo de cessar-fogo foi fechado neste domingo e mediado pelo Egito. Nesta segunda, o Exército de Israel afirmou que não foram disparados novos foguetes a partir de Gaza e que militares israelenses não atacaram mais nenhum alvo no enclave palestino.

Israel também anunciou que estava reabrindo parcialmente travessias para o enclave por motivos humanitários e que as abriria completamente se a calma se mantivesse. Caminhões-tanque foram vistos entrando em Gaza pela primeira vez desde que as travessias haviam sido fechadas na semana passada, levando a uma escassez de combustíveis que fez com que a única usina elétrica de Gaza, que sofre com uma crise crônica de energia, parasse de funcionar no sábado. A usina deve retomar as atividades nesta segunda.

A vida de centenas de milhares de israelenses também foi afetada pela recente violência. Precauções de segurança impostas nos últimos dias a residentes no sul de Israel estavam sendo gradualmente removidas nesta segunda, segundo o Exército do país.

Perdas para a Jihad Islâmica

Em declarações a repórteres em Teerã neste domingo, o líder da Jihad Islâmica Ziad al-Nakhalah afirmou que o grupo militante permanece forte, apesar de ter perdido dois de seus líderes. "Este é um dia de vitória para a Jihad Islâmica", disse.

Além de ter perdido dois líderes, o grupo reduziu seu arsenal ao disparar centenas de foguetes sem atingir nenhum israelense, graças ao sistema de defesa antimíssil de Israel, que derrubou a maioria dos projéteis.

O acordo de cessar-fogo fechado neste domingo contém uma promessa de que o Egito trabalharia em prol da libertação de dois altos membros da Jihad Islâmica presos por Israel, mas não há garantias de que isso acontecerá. Os confrontos dos últimos dias também devem complicar as relações da Jihad Islâmica com o Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Um diplomata israelense citado pela agência de notícias AP afirmou que a ofensiva fez as capacidades da Jihad Islâmica regredirem décadas. A crise foi uma "operação de contraterrorismo bem-sucedida'', pois Israel alcançou seus objetivos rapidamente, disse ele em condição de anonimato.

A violência gerou temores de uma nova guerra, mas acabou sendo contida porque o Hamas ficou à margem, possivelmente por temer represálias israelenses e que fossem desfeitos entendimentos econômicos com Israel, incluindo licenças israelenses de trabalho para milhares de moradores de Gaza.

Israel e o Hamas travaram quatro guerras desde que o grupo assumiu o controle de facto sobre o território em 2007, a última delas no ano passado. Desde que o Hamas assumiu o poder, Israel endureceu o bloqueio a Gaza, com o apoio do vizinho Egito. Ambos os países apontam interesses de segurança como justificativa para a medida.

A Jihad Islâmica tem menos combatentes e apoiadores do que o Hamas, e pouco se sabe sobre o seu arsenal. Ambos os grupos defendem a destruição de Israel, mas têm diferentes prioridades.

Escalada no conflito

A violência dos últimos dias começou quando Israel lançou uma ofensiva na sexta-feira contra um líder da Jihad Islâmica, dizendo que havia "ameaças concretas" de um ataque com mísseis antitanque contra israelenses em resposta à prisão de outro alto membro da Jihad Islâmica na Cisjordânia. Além do líder morto na sexta, Israel matou outro líder da Jihad Islâmica em um ataque no sábado.

A violência em Gaza foi um teste fundamental para o primeiro-ministro Yair Lapid, que não tem experiência em liderar operações militares. Ainda assim, ele lançou a ofensiva a menos de três meses de uma eleição geral na qual ele espera manter o cargo.

O presidente dos EUA, Joe Biden, saudou o cessar-fogo entre Israel e militantes de Gaza. "Durante as últimas 72 horas, os Estados Unidos trabalharam com funcionários de Israel, da Autoridade Palestina, do Egito, do Catar, da Jordânia e outros em toda a região para encorajar uma rápida resolução do conflito", disse no domingo.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve realizar uma reunião de emergência nesta segunda-feira sobre o tema.

lf (AP, DPA)