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CFM não recomenda, mas autoriza hidroxicloroquina

23 de abril de 2020

Após reunião com Bolsonaro, Conselho Federal de Medicina anuncia autorização para uso por médicos em casos específicos, apesar de apontar não haver "evidência científica forte" da eficácia da droga contra coronavírus.

Comprimidos com cloroquina
A cloroquina e seu derivado hidroxicloroquina são utilizadas, entre outras doenças, no tratamento da maláriaFoto: Getty Images/AFP/G. Julien

Após uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (23/04) no Palácio do Planalto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou não haver comprovação da eficácia do uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19, mas liberou os médicos para receitarem a substância em três situações específicas.

O anúncio foi feito pelo presidente do CFM, Mauro Luiz Britto Ribeiro, após o encontro, do qual também participou o ministro da Saúde, Nelson Teich. Ribeiro entregou às autoridades um parecer do CFM sobre a administração do medicamento em pessoas com covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, ressaltando que o CFM não recomenda o medicamento para o tratamento da doença.

"O Conselho Federal de Medicina não recomenda o uso da hidroxicloroquina. O que estamos fazendo é dando ao médico brasileiro o direito de, junto com seu paciente, em decisão compartilhada com seu paciente, utilizar essa droga. Uma autorização. Não é recomendação", disse Ribeiro.

Ele também sublinhou que o CFM é contra o uso da substância em caráter preventivo. "Não existe qualquer indicação do uso preventivo da hidroxicloroquina em relação à covid-19. Isso é consenso em qualquer literatura do mundo, e essa é a postura também do Conselho Federal de Medicina."

Ribeiro afirmou não existe nenhuma "evidência científica forte" que sustente o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19 e que o uso só foi liberado em razão da pandemia e frisando que, em outras situações, a entidade "muito provavelmente" não autorizaria o medicamento.

A primeira situação em que o CFM autorizou que médicos ministrem a droga, mediante autorização dos parentes, é nos chamados "casos compassivos", quando o doente está em estado crítico, em terapia intensiva e já está fora de possibilidade terapêutica.

Outro caso em que a droga pode ser usada pelo médico com autorização do paciente e de familiares é quando o infectado chega com sintomas ao hospital, em momento de replicação viral.

A terceira situação é quando o paciente tem sintomas leves, parecidos com o da gripe comum, desde que o médico tenha descartado se tratar de uma gripe normal, dengue, ou H1N1 e que a decisão seja compartilhada com o paciente.

A cloroquina e seu derivado hidroxicloroquina são utilizadas, entre outras doenças, no tratamento da malária. O presidente Jair Bolsonaro é um defensor do uso das substâncias contra o novo coronavírus, embora não haja comprovação científica da eficácia em casos de covid-19. O tema foi um dos motivos de divergência que levou à demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Estudos recentes, embora de amplitude limitada e não conclusivos, sugerem que a cloroquina e a hidroxicloroquina têm baixa eficácia em pacientes de covid-19 e pode até elevar o risco de morte em decorrência da doença.

MD/ots

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