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Líder da Áustria relata "conversa dura" com Putin em Moscou

11 de abril de 2022

Primeira visita de um líder ocidental à Rússia após início da invasão à Ucrânia "não deixou margem para otimismo". Karl Nehammer relatou conversa franca e aberta, na qual teria defendido punições pelo massacre em Bucha.

Chanceler da Áustria Karl Nehammer (dir.) teria dito ao presidente russo Vladimir Putin que todo os responsáveis pelo massacre em Bucha serão punidos
Karl Nehammer (dir.) teria dito a Putin que todo os responsáveis pelo massacre em Bucha serão punidosFoto: Mikhail Klimentyev/Stefanie Loos/AFP

O chanceler austríaco, Karl Nehammer, se reuniu com presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou nesta segunda-feira (11/04), na primeira visita de um líder europeu ao Kremlin desde o início da invasão russa à Ucrânia.

Em nota divulgada por seu gabinete, Nehammer disse que a conversa com foi "muito direta, aberta e dura". Sua mensagem para Putin, segundo o comunicado, era a de que "esta guerra precisa acabar, porque, na guerra, os dois lados têm somente a perder".

Nehammer foi o primeiro líder europeu a visitar Moscou desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro. O chanceler ressaltou que esta não foi uma visita amigável, mas sim, para cumprir seu dever de "esgotar todas as possibilidades para pôr fim à violência na Ucrânia".

O encontro, porém, não deixou margem para otimismo, segundo disse o austríaco aos jornalistas. "Eu, de modo geral, não tenho uma impressão otimista que possa relatar a vocês dessa conversa com o presidente Putin. A ofensiva [no leste da Ucrânia] está sendo evidentemente preparada em uma escala enorme", afirmou.

Nehammer disse que conversou sobre os "graves crimes de guerra” cometidos por soldados russos na Ucrânia e relatou ter dito a Putin que todo os responsáveis pelo massacre na cidade de Bucha e em outras regiões serão punidos.

Ele destacou a necessidade de se abrirem corredores humanitários para que os civis que estão encurralados nas cidades sob ataque possam ter acesso a recursos essenciais, como água e alimentos.

Limites da neutralidade austríaca 

A viagem a Moscou ocorreu dois dias após a passagem do chanceler pela Ucrânia, onde se reuniu com o presidente Volodimir Zelenski.

A Áustria, como Estado-membro da União Europeia (UE), apoia as sanções do bloco europeu contra a Rússia, embora tenha se oposto a uma possível eliminação das importações de gás natural russo.

O país é militarmente neutro e não é membro da Otan. Ainda assim, Nehammer e outras autoridades austríacas ressaltam que a neutralidade não se aplica a questões morais.

"Somos militarmente neutros, mas temos uma posição clara sobre a agressão russa contra a Ucrânia", escreveu o chanceler em seu perfil no Twitter no último domingo, quando anunciou sua visita à Moscou.

Nesta segunda-feira, ele relatou ter dito a Putin que a UE está "tão unida quanto sempre esteve" em torno das sanções, e que as punições serão mantidas ou até reforçadas enquanto as mortes de ucranianos continuarem ocorrendo.

"Inferno humanitário"

O ministro austríaco do Exterior, Alexander Schallenberg, disse que o chanceler decidiu ir a Moscou depois de se reunir com Zelenski em Kiev. A decisão foi tomada após consultas à Turquia, Alemanha e à UE.

Schallenberg disse se tratar de um esforço para "aproveitar todas as chances de pôr fim ao inferno humanitário" que vivem os ucranianos.

"Cada uma das vozes que deixam claro a Putin como as coisas realmente são vistas do lado de fora dos muros do Kremlin não será uma voz perdida", afirmou o ministro.

rc (Reuters, AP, AFP)

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