Líder da Áustria relata "conversa dura" com Putin em Moscou
11 de abril de 2022
Primeira visita de um líder ocidental à Rússia após início da invasão à Ucrânia "não deixou margem para otimismo". Karl Nehammer relatou conversa franca e aberta, na qual teria defendido punições pelo massacre em Bucha.
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O chanceler austríaco, Karl Nehammer, se reuniu com presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou nesta segunda-feira (11/04), na primeira visita de um líder europeu ao Kremlin desde o início da invasão russa à Ucrânia.
Em nota divulgada por seu gabinete, Nehammer disse que a conversa com foi "muito direta, aberta e dura". Sua mensagem para Putin, segundo o comunicado, era a de que "esta guerra precisa acabar, porque, na guerra, os dois lados têm somente a perder".
Nehammer foi o primeiro líder europeu a visitar Moscou desde o início da guerra, no dia 24 de fevereiro. O chanceler ressaltou que esta não foi uma visita amigável, mas sim, para cumprir seu dever de "esgotar todas as possibilidades para pôr fim à violência na Ucrânia".
O encontro, porém, não deixou margem para otimismo, segundo disse o austríaco aos jornalistas. "Eu, de modo geral, não tenho uma impressão otimista que possa relatar a vocês dessa conversa com o presidente Putin. A ofensiva [no leste da Ucrânia] está sendo evidentemente preparada em uma escala enorme", afirmou.
Nehammer disse que conversou sobre os "graves crimes de guerra” cometidos por soldados russos na Ucrânia e relatou ter dito a Putin que todo os responsáveis pelo massacre na cidade de Bucha e em outras regiões serão punidos.
Ele destacou a necessidade de se abrirem corredores humanitários para que os civis que estão encurralados nas cidades sob ataque possam ter acesso a recursos essenciais, como água e alimentos.
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Limites da neutralidade austríaca
A viagem a Moscou ocorreu dois dias após a passagem do chanceler pela Ucrânia, onde se reuniu com o presidente Volodimir Zelenski.
A Áustria, como Estado-membro da União Europeia (UE), apoia as sanções do bloco europeu contra a Rússia, embora tenha se oposto a uma possível eliminação das importações de gás natural russo.
O país é militarmente neutro e não é membro da Otan. Ainda assim, Nehammer e outras autoridades austríacas ressaltam que a neutralidade não se aplica a questões morais.
"Somos militarmente neutros, mas temos uma posição clara sobre a agressão russa contra a Ucrânia", escreveu o chanceler em seu perfil no Twitter no último domingo, quando anunciou sua visita à Moscou.
Nesta segunda-feira, ele relatou ter dito a Putin que a UE está "tão unida quanto sempre esteve" em torno das sanções, e que as punições serão mantidas ou até reforçadas enquanto as mortes de ucranianos continuarem ocorrendo.
"Inferno humanitário"
O ministro austríaco do Exterior, Alexander Schallenberg, disse que o chanceler decidiu ir a Moscou depois de se reunir com Zelenski em Kiev. A decisão foi tomada após consultas à Turquia, Alemanha e à UE.
Schallenberg disse se tratar de um esforço para "aproveitar todas as chances de pôr fim ao inferno humanitário" que vivem os ucranianos.
"Cada uma das vozes que deixam claro a Putin como as coisas realmente são vistas do lado de fora dos muros do Kremlin não será uma voz perdida", afirmou o ministro.
rc (Reuters, AP, AFP)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.