Chapecoense ganha homenagem em amistoso com Barcelona
8 de agosto de 2017
Partida solidária no Camp Nou festeja sobreviventes de acidente aéreo envolvendo clube catarinense. Com placar de 5 a 0 para o time catalão, jogo marca retorno de Alan Ruschel, um dos jogadores a sobreviver à tragédia.
Anúncio
O clube catalão Barcelona recebeu a Chapecoense nesta segunda-feira (07/08), no estádio Camp Nou, para uma partida amistosa em homenagem às vítimas do acidente aéreo que matou quase todos os jogadores e comissão técnica do clube catarinense em 29 de novembro de 2016, na Colômbia.
Os dois times disputavam o Troféu Joan Gamper – uma competição amistosa organizada anualmente pelo clube espanhol, que no ano passado convidou a Chapecoense para participar da disputa. Ao fazer 5 a 0, o Barcelona levou o troféu, numa partida cujo resultado era o que menos importava.
Três jogadores que sobreviveram ao acidente aéreo participaram da homenagem. O zagueiro Neto e o goleiro Jackson Follmann, que teve uma das pernas amputadas no desastre, deram o pontapé inicial. Ambos seguem afastados dos gramados em decorrência dos ferimentos causados pela tragédia.
O jogo marcou, por outro lado, o retorno do lateral Alan Ruschel, que permaneceu em campo durante 36 minutos nesta segunda-feira. Antes de ser substituído por Guerrero, o jogador se ajoelhou no gramado e elevou as duas mãos aos céus – um gesto que o levou a ser ovacionado pela torcida.
Em entrevista à emissora Globo no intervalo da partida, Ruschel descreveu o jogo contra o Barcelona como "um sonho realizado". "Pude mostrar para o treinador e para o mundo inteiro que estou pronto para voltar a competir. Hoje o resultado é o que menos importa", afirmou o jogador.
Outro sonho, segundo Ruschel, foi a troca de camisa com o craque argentino Lionel Messi. "Troquei com o Messi. Mais um sonho, o baixinho me deu a honra de trocar a camisa com ele. Estou feliz."
Três dos cinco gols da partida foram marcados ainda com o lateral em campo. O primeiro foi aos 5 minutos, por Gerard Deulofeu – que substituiu Neymar após a transferência do brasileiro para o Paris Saint-Germain –, o segundo, aos 10, por Sergio Busquets, e o terceiro, aos 27, por Messi.
No segundo tempo, o time catalão ampliou aos 9 minutos com o uruguaio Luis Suárez, e fechou a conta com o atacante Denis Suárez aos 28 minutos. Aos 44, o goleiro Artur Moraes defendeu um pênalti cobrado pelo atacante espanhol Paco Alcácer, evitando que a Chape sofresse o sexto gol.
Não nos gramados, mas nas cabines, a partida foi narrada por mais um que escapou com vida da tragédia no ano passado: o jornalista Rafael Henzel, da emissora de rádio Oeste Capital FM.
Esta foi a 40ª vez, em 52 edições, que o Barcelona conquistou o título do Troféu Joan Gamper. Entre 1966 e 1996, a competição amistosa era disputada entre quatro times e, desde 1997, acontece em jogo único. O objetivo tradicional é servir de marco para o início da temporada do campeonato espanhol. O Brasil ergueu a taça apenas uma vez, em 1982, com o Internacional.
O time catalão volta a entrar em campo no próximo domingo (13/08), na primeira partida da disputa da Supercopa da Espanha contra o Real Madrid, no Camp Nou. Já a Chapecoense joga contra o Palmeiras, no Allianz Parque, no domingo seguinte (20/08).
O acidente aéreo envolvendo o clube catarinense aconteceu em 29 de novembro do ano passado, perto de Medellín, na Colômbia, matando 71 pessoas, entre atletas, comissão técnica, jornalistas e tripulantes. A aeronave levava a equipe à cidade colombiana para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana de 2016. Após o desastre, a Conmebol declarou o time campeão do torneio.
EK/ap/dpa/efe/ots
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.