"Charlie Hebdo" satiriza escândalo dos "Panama Papers"
6 de abril de 2016
Jornal satírico francês publica mensagem sarcástica de solidariedade a "vítimas" do megavazamento de informações: políticos e celebridades supostamente envovldos em práticas de sonegação fiscal.
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O jornal satírico francês Charlie Hebdo publicou uma mensagem sarcástica de solidariedade aos ricos e poderosos cujas contas em paraísos fiscais foram expostas na divulgação dos chamados Panama Papers.
A capa da última edição do jornal, publicada nesta quarta-feira (06/04), traz uma charge com figuras que representam políticos e empresários envolvidos no escândalo. Eles seguram cartazes com os dizeres Je suis Panama ("Eu sou Panamá"), além de "não tenha medo" e "eles não vão mudar nosso estilo de vida", sob o título "terrorismo fiscal".
A capa faz referência às mensagens de apoio recebidas pelo Charlie Hebdo após o atentado terrorista à sua redação, em janeiro de 2015. Onze pessoas morreram no ataque, vítimas de dois atiradores jihadistas que protestavam contra charges publicadas pelo jornal que retratavam o profeta Maomé.
A frase mais marcante dos protestos contra o terrorismo – Je suis Charlie ("Eu sou Charlie"), em referência ao jornal satírico – foi adaptada para expressar solidariedade às vítimas de outros atentados. Após os recentes ataques em Bruxelas, por exemplo, várias pessoas se manifestaram afirmando Je suis Bruxelles ("Eu sou Bruxelas").
RC/dpa/dw
O jornal satírico "Charlie Hebdo"
Semanário é conhecido por suas caricaturas e matérias sobre política, economia e sociedade. Humor mordaz se volta principalmente contra políticos e o papa, além do profeta Maomé.
Jornalismo com humor
A capa da atual edição é dedicada ao mais recente romance de Michel Houellebecq, "Soumission" (Submissão). O livro retrata a França no futuro como um país islamizado, sob o governo de um presidente muçulmano.
Foto: B. Guay/AFP/Getty Images
Controversa "biografia de Maomé"
Em janeiro de 2013, o semanário provocou polêmica internacional e despertou a ira da comunidade islâmica com o lançamento de uma edição especial que contava a história do profeta islâmico em quadrinhos de forma satírica.
Foto: Miguel Medina/AFP/Getty Images
Críticas ácidas
Em novembro de 2012, o jornal fez uma caricatura em relação aos debates na França sobre o casamento entre homossexuais. Com um desenho em alusão ao arcebispo de Paris, André Vingt-Trois, o jornal titulou "Arcebispo Vingt-Trois tem três pais".
Foto: Francois Guillot/AFP/Getty Images
Direito à liberdade de expressão
"Não se trata de provocação", disse Gérard Biard, editor do "Charlie Hebdo", em entrevista à DW em setembro de 2012, sobre os desenhos de Maomé publicados pelo semanário. Segundo ele, a publicação exerce o direito da liberdade de expressão ao publicar caricaturas do profeta, não sendo responsável por eventuais reações violentas.
Foto: imago/PanoramiC
Wolinski está entre os mortos
Entre os mortos estão o diretor de redação da publicação, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb, e o cartunista Georges Wolinski (foto), considerado o maior nome do quadrinho francês. Ele, que nasceu na Tunísia, foi para a França com 13 anos. Na década de 1960, começou sua carreira ao fazer desenhos para o jornal satírico "Hara-Kiri".
Foto: picture-alliance/dpa
Cabu fundou o jornal "Hara-Kiri"
O cartunista Jean Cabut, conhecido como Cabu, foi outra vítima do atentado na redação do semanário. Ele era bastante popular na França e também trabalhou na televisão. Na década de 1960, ele também foi um dos fundadores do jornal satírico "Hara-Kiri".
Foto: picture-alliance/dpa
Duras críticas após charges de Maomé
O diretor do jornal, Stephane Charbonnier, mais conhecido como Charb, defendeu a liberdade de expressão após as publicações polêmicas com as charges de Maomé. Ele ficou famoso por causa da repercussão do semanário Charlie Hebdo.
Foto: picture-alliance/dpa/EPA/Y. Valat
Críticas às religiões e figuras internacionais
O semanário é conhecido por criticar religiões, o presidente da França e figuras políticas internacionais. Na capa, o jornal estampa uma caricatura de Bin Laden com o título "Bin Laden ameaça a França" e um personagem falando "Mais um policial disfarçado".
Crítica ácida às religiões
Em suas edições semanais, o jornal critica não só a religião islâmica, mas também católicos e judeus. Várias capas da publicação já publicaram caricaturas sobre o pedofilismo na Igreja Católica. Nesta capa, que ficou famosa, um judeu ortodoxo empurra um muçulmano numa cadeira de rodas, numa alusão ao filme "Os intocáveis".