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"Charlie Hebdo" volta às bancas com papa e jihadista na capa

23 de fevereiro de 2015

Mais de um mês após atentados, semanário satírico francês lança nova edição, com tiragem de 2,5 milhões de exemplares. Extremismo, julgamento de DSK e uma entrevista com ministro das Finanças da Grécia são os destaques.

Foto: picture-alliance/epa/Y. Valat

Mais de um mês após os atentados de Paris, o semanário satírico francês Charlie Hebdo voltará às bancas, nesta quarta-feira (25/02), com uma nova capa irreverente, com foco em seus alvos preferidos.

Com a manchete "Lá vamos nós de novo!", a capa da nova edição mostra o papa, um jihadista, o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy e a política de extrema direita Marine Le Pen como animais enfurecidos perseguindo um cachorro com uma cópia do Charlie Hebdo na boca.

"Nós precisávamos de uma pausa, de um descanso. Havia quem precisava trabalhar de novo imediatamente, como eu, e aqueles que queriam levar mais tempo", disse o novo editor-chefe, Gerard Biard. "Então, nós chegamos a um compromisso e concordamos com 25 de fevereiro (...) para recomeçar as publicações semanais", concluiu.

Logo após o ataque, realizado pelos irmãos Kouachi em 7 de janeiro e que matou 12 pessoas, incluindo cinco dos cartunistas mais importantes da França, o semanário publicou uma edição especial. Na capa, uma caricatura do profeta Maomé segurando um cartaz com a frase "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie) sob a manchete "Tudo está perdoado". Cerca de oito milhões de cópias foram impressas.

Para a nova edição, está prevista uma tiragem de 2,5 milhões de exemplares – número que continua muito acima das vendas de aproximadamente 60 mil cópias do semanário antes do atentado.

DSK e entrevista com ministro grego

"Estamos de volta": nova capa do Charlie Hebdo traz papa, jihadista, Marine Le Pen e Nicolas Sarkozy perseguindo o semanário satíricoFoto: picture-alliance/dpa/Charlie Hebdo

Biard afirmou que a publicação vai inevitavelmente lidar com o extremismo, particularmente em relação aos tiroteios em Copenhague, na Dinamarca, em 14 e 15 de fevereiro.

"[O extremismo] é tão relevante como antes. Eu sei que alguns vão dizer que estamos obcecados, mas nós não somos os únicos que estão obcecados", disse Biard. "São aqueles que criaram as notícias que estão obcecados. E quem as criou são terroristas. Depois de Copenhague, seremos forçados a falar sobre isso novamente. Mas também há Dominique Strauss-Kahn: temos sorte por termos ele", ironizou.

O editor-chefe fez referência ao ex-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), cujo julgamento por acusações de exploração da prostituição, iniciado em fevereiro, trouxe à tona detalhes picantes de sua vida sexual.

O Charlie Hebdo também abordará a crise da dívida na Grécia, com uma entrevista com o novo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.

"Para esta edição, estamos começando do zero. Os funerais foram realizados, e temos que nos conformar com a ausência dos outros. E isso é o difícil", disse o colunista Patrick Pelloux. "Fomos percebendo que eles não saíram apenas de férias. O jornal, assim como qualquer outro jornal, deve continuar porque a vida continua, a notícia continua."

Em sua conta no Twitter, Pelloux divulgou que o fechamento da nova edição está sendo feito em uma "atmosfera muito boa" e que ela será "excelente e intransigente".

A equipe editorial do Charlie Hebdo ainda está trabalhando nos escritórios da publicação esquerdista Libération, onde eles foram realocados após o atentado. No entanto, eles estão planejando se mudar em algumas semanas. Recentemente, eles visitaram um possível local no sul de Paris, mas a segurança agora é o que determina as escolhas.

"Nada foi decidido ainda sobre essas instalações", afirmou Biard, acrescentando que um estudo estava em andamento para determinar se o local poderia ser equipado com uma entrada segura.

PV/afp/dpa

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