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Charlottesville retira estátua que inspirou ato extremista

10 de julho de 2021

Autoridades de cidade do sul dos EUA finalmente removem estátua de general confederado. Em 2017, neonazistas e extremistas de direita organizaram manifestação contra ação.

USA Virginia | Entfernung der Statue von Robert E. Lee in Charlottesville
Operário instala correntes para içar estátua do general confederado Robert E. LeeFoto: Evelyn Hockstein/REUTERS

Uma estátua do general confederado Robert E. Lee foi removida neste sábado (10/07) de um parque em Charlottesville, no estado americano da Virgínia, e enviada para um depósito, quase quatro anos depois de ter sido usada como inspiração para uma manifestação organizada por supremacistas brancos que provocou a morte de uma mulher e deixou dezenas de feridos.

O trabalho para remover a estátua do general que comandou tropas do sul escravista durante a Guerra Civil americana começou pela manhã. Operários também removeram uma estátua do general confederado Thomas "Stonewall" Jackson.

Dezenas de espectadores alinharam-se nos quarteirões ao redor do parque para observar os trabalhos, que foram ovacionados quando quando a estátua de Lee foi finalmente içada do pedestal. Policiais também acompanharam a remoção e várias ruas foram bloqueadas na região. Não foram registrados incidentes.

A cidade anunciou seus planos para remover os estátuas sexta-feira. Os monumentos serão armazenados em um local seguro até que a Câmara Municipal tome uma decisão final sobre o que deve ser feito com eles.

A prefeita de Charlottesville, Nikuyah Walker, fez um discurso diante de repórteres e observadores enquanto o guindaste se aproximava do monumento.

"Derrubar esta estátua é um pequeno passo mais perto do objetivo de ajudar Charlottesville, [o estado da] Virgínia e a América a lidar com o pecado de destruir os negros para obter ganhos econômicos", disse Walker, em referência ao passado escravista do país.

A remoção das estátuas segue-se a anos de tensão e disputas. Uma longa e tortuosa batalha legal e uma lei estadual que protegiamemoriais de guerra impediram a remoção por vários anos.

Agora, a remoção das estátuas de Lee e Jackson acontece quase quatro anos depois da infame manifestação "Unite the Right" ("Unir a Direita"), que atraiu centenas de neonazistas e extremistas de direita para Charlottesville, uma cidade de 50 mil habitantes, sob o pretexto de protestar contra a retirada dos monumentos. Imagens dos extremistas marchando com tochas causaram indignação mundo afora.

Na ocasião, Heather Heyer, uma mulher de 32 anos que participava de uma contramanifestação, foi assassinada por um terrorista de direita que lançou seu automóvel contra uma multidão. O homem foi posteriormente condenado à prisão perpétua. Durante os incidentes, também morreram dois policiais em um acidente de helicóptero.

À época, mesmo diante da agressividade dos extremistas de direita, o então presidente Donald Trump inflamou ainda mais a opinião pública ao afirmar que "que houve culpa em ambos os lados, atribuindo a violência tanto os grupos neonazistas quanto os manifestantes antifascistas. Além disso, ele também argumentou que havia gente "muito boa" no grupo que protestava contra a retirada da estátua. Em diversas ocasiões, Trump também declarou ser contra a remoção de monumentos, mesmo aqueles que homenageavam figuras controversas.

O general Lee lutou pela independência dos Estados Confederados no sul do país, durante a Guerra Civil americana (1861-1865). Os estados do Sul haviam se separado para impedir a abolição da escravatura. Muitas cidades americanas têm eliminado nos últimos as homenagens aos militares sulistas. Muitos desses monumentos foram erigidos nos anos 50, em reação ao Movimento dos Direitos Civis nos EUA, que procurava acabar com a discriminação contra os negros, especialmente no Sul.

Desde os incidentes de agosto de 2017, a estátua do general Lee permaneceu encoberta com uma lona preta até a sua remoção neste sábado.

jps (AP, ots)

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