Chatayev, o suposto arquiteto do atentado em Istambul
Ilya Koval (lpf)3 de julho de 2016
Conhecido como "o maneta", checheno teria planejado o ataque ao aeroporto Atatürk, que deixou 47 mortos. Segundo autoridades, ele se juntou ao "Estado Islâmico" no ano passado e treinava combatentes para o grupo.
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O checheno Akhmed Chatayev é suspeito de ter planejado o atentado ao Aeroporto Atatürk de Istambul, afirmou o parlamentar americano Michael McCaul, presidente da Comissão de Segurança Interna da Câmara dos Representantes, com base em informações da inteligência turca. O atentado da última terça-feira (28/06) deixou 47 mortos, incluindo os três homens-bomba.
Chatayev, de 35 anos, foi um importante recrutador de extremistas na Europa. No início dos anos 2000, ele lutou ao lado das forças russas na Segunda Guerra da Chechênia. Em 2008, um tribunal russo o sentenciou à prisão à revelia por seu envolvimento num grupo armado ilegal. No entanto, o asilo político na Áustria, concedido quando o checheno fugia da Rússia, evitou sua extradição.
Conhecido como "o maneta", Chatayev alegou em seu pedido de asilo que perdeu o braço devido a ferimentos sofridos ao ser vítima de tortura. Outras informações sugerem que o braço teria sido amputado após ele ter sido ferido no campo de batalha.
Veja imagens do aeroporto de Istambul depois da explosão
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Chatayev foi detido na Suécia em março de 2008, onde passou um ano na prisão por posse de armas encontradas num carro em que ele viajava com outros chechenos.
Preso, mas não extraditado
"O maneta" foi preso duas vezes a pedido da Rússia – primeiro, na Ucrânia, em 2010, e um ano depois, na fronteira da Bulgária com a Turquia. No entanto, seus status de refugiado continuou impedindo que ele fosse extraditado para a Rússia. Organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, trabalharam em seu favor.
Até mesmo a Geórgia não extraditou Chatayev depois que ele foi preso portando duas granadas. Ele foi solto alguns meses depois em troca de fiança.
O checheno se uniu ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) na Turquia em 2015, de acordo com forças de segurança russas. Em outubro do ano passado, o Conselho de Segurança da ONU incluiu Chatayev numa lista de sanções depois de ter vindo à tona que ele estava treinando combatentes falantes do russo para o EI. O Conselho recomendou que suas finanças fossem congeladas e uma proibição de viagens fosse aplicada.
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
Foto: AP
Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
Foto: AP
Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Foto: picture alliance/dpa
Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
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Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.