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Chavismo vence, mas oposição denuncia fraude

16 de outubro de 2017

Candidatos alinhados a Nicolás Maduro conquistam governos em 17 de 23 estados em eleições regionais que, segundo oposicionistas, foram repletas de irregularidades: "Não reconhecemos os resultados."

Centro de votação no estado de Carabobo, na Venezuela, durante as eleições estaduais de domingo (15/10)
Segundo denúncia da oposição, funcionários do CNE e Guardia Nacional Bolivariana teriam se recusado a fechar locais de votoFoto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com/J. C. Hernandez

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, conquistou o governo de 17 de 23 estados do país neste domingo (15/10), em eleições regionais denunciadas pela oposição como fraudulentas.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao chavismo, o PSUV tirou da oposição o estado de Miranda (centro-norte), governado por Henrique Capriles, candidato à presidência da Venezuela por duas vezes e uma das principais vozes de oposição a Maduro.

Também surpreendeu os oposicionistas as derrotas nos estados de Carabobo e Lara, dadas como certas na campanha. Reunida na Mesa da Unidade Democrática (MUD), a oposição venezuelana afirmou não reconhecer os resultados.

"Não reconhecemos os resultados anunciados pelo CNE", disse o chefe de campanha da MUD, Gerardo Blyde, numa coletiva de imprensa durante a qual sinalizou que a aliança opositora pedirá uma auditoria de todo o processo eleitoral.

Desde o início da campanha, os movimentos antichavismo denunciavam uma série de complicações para seu eleitorado, como a inabilitação de candidatos, cédulas confusas e mudanças de última hora nos locais de votação.

O processo em si já era tido por muitos antichavistas e observadores como simbólico, em meio ao que veem como uma campanha de intimidação de Maduro para reduzir o papel da oposição. Os governadores estão subordinados à Assembleia Nacional Constituinte, formada por chavistas.

Gerardo Blyde acusou o CNE de ter um "sistema trapaceiro, que não é transparente, que representa algumas condições abusivas de quem controla o poder", e disse que os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais "não refletem a realidade".

"Estamos em um momento muito grave para a República, para o país, estamos perante um sistema que não dá confiança. E somente uns poucos acreditam que este sistema eleitoral seja transparente e dá garantia a quem vota neste país", afirmou o líder opositor. 

Com 95,8% das urnas apuradas, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, disse que os resultados são "irreversíveis" e sinalizou que a participação foi de 61,14% do eleitorado nos pleitos.

O PSUV ainda conquistou os governos nos estados de Apure, Aragua, Barinas, Carabobo, Cojedes, Delta Amacuro, Falcón, Guárico, Monagas, Portuguesa, Sucre, Trujillo, Vargas e Yaracuy. Já a oposição triunfou nos estados de Anzoátegui, Mérida, Nueva Esparta, Táchira e Zulia.

Em tese, a oposição controla dois estados a mais do que nas últimas eleições. Mas, em meio à gravecrise econômica e política na Venezuela, o antichavismo dava como provável que conseguiria avançar nos estados, de modo a mostrar força antes do pleito presidencial de 2018.

O presidente Nicolás Maduro definiu as eleições como "um êxito total". Ele indicou que, durante a eleição, que qualificou como "perfeita e exemplar", não houve incidentes. Maduro acrescentou que faz apenas dez semanas que foi eleita a Assembleia Constituinte (30/07), o que teria permitido acabar com os protestos da oposição.

"Estas eleições estavam marcadas para dezembro e, como ferramenta de diálogo, a Constituinte as adiantou em função da paz, do sossego, da tranquilidade do país e para levar as contradições ao terreno eleitoral", afirmou Maduro na sede do governo em Caracas.

RK/dw/efe/dpa

 

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