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Chechênia detém 100 e mata três gays, diz jornal russo

2 de abril de 2017

Após relatos de desaparecimento de civis, "Novaya Gazeta" cita fontes oficiais para confirmar prisões em massa e mortes por orientação sexual na república. Governo nega, afirmando não haver homossexuais na Chechênia.

Grózni, capital da Chechênia: república russa é predominantemente muçulmana
Grózni, capital da Chechênia: república russa é predominantemente muçulmanaFoto: picture-alliance/dpa/ Rasul Yarichev/Itar-Tass

A polícia da república russa da Chechênia teria detido mais de cem homens por suspeita de serem homossexuais, segundo informou neste sábado (01/04) o jornal russo de oposição Novaya Gazeta, conhecido por publicar reportagens investigativas. Pelo menos três deles teriam sido mortos.

O veículo disse ter recebido relatos sobre detenções e desaparecimento de civis na Chechênia ao longo de uma semana. Organizações de direitos humanos também vinham especulando o rumor de que autoridades da república russa estariam prendendo e matando homossexuais na surdina.

Com base nessas informações, as prisões em massa – "por conta da orientação sexual ou suspeita" – teriam sido então confirmadas pelo jornal com diversas fontes oficiais do governo e da polícia local. As detenções, segundo o Novaya Gazeta, ocorreram em várias cidades, além da capital Grózni.

O diário russo afirmou ter o nome de três civis que teriam sido mortos a mando das autoridades chechenas, mas destacou que há a suspeita de ainda mais mortes envolvendo homossexuais.

Alvi Karimov, porta-voz do presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, rechaçou a reportagem publicada pelo jornal russo, classificando-a como "mentira absoluta e uma desinformação".

O funcionário do governo alegou que tal operação não aconteceu porque não há homossexuais na Chechênia, de maioria muçulmana. "Não é possível prender ou repreender pessoas que simplesmente não existem na república", disse Karimov em comunicado à agência de notícias russa Interfax.

"E mesmo que essas pessoas existissem na Chechênia, a polícia não precisaria se preocupar com elas, já que seus próprios familiares cuidariam de enviá-los aonde nunca mais poderiam voltar", concluiu.

Segundo o Novaya Gazeta, chechenos que são vítimas de perseguição, por conta da orientação sexual, por exemplo, têm poucas chances de sobreviver. Ainda são comuns por lá os chamados "crimes em defesa da honra", em que indivíduos considerados infratores são mortos pela própria família.

O regime do presidente Kadyrov, aliado do Kremlin, é acusado de graves violações dos direitos humanos. Ele é conhecido por ter promovido o islamismo no país e introduzido-o no cotidiano dos chechenos. Em 2008, inaugurou uma mesquita em Grózni considerada a maior da Europa.

EK/ap/lusa/ots

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