Produtores berlinenses querem desbancar os de Lübeck, famosa pela pasta de amêndoas típica do Natal alemão. Berlim produz mais de 20 mil toneladas de marzipã por ano.
Marzipã tem origem no Oriente e chegou à Europa na Idade Média
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O Natal na Alemanha tem gostinho de marzipã. A pasta de amêndoas e açúcar é ingrediente de diversas receitas típicas da época, como o Stollen, e é associada a Lübeck, cidade no norte da Alemanha que é considerada a capital do marzipã e onde a pasta é inclusive protegida pela indicação geográfica.
Os berlinenses, porém, resolveram disputar com Lübeck o título de capital do marzipã, afinal Berlim também possui tradição na produção da pasta, além de ser a sede de várias fábricas.
Originário do Oriente, provavelmente do Irã, o marzipã chegou à Europa na Idade Média, trazido pelos árabes. Logo passou a ser muito apreciado por reis e pela corte e, no século 16, era considerado um artigo de luxo. Ao longo de sua história, ele se popularizou e passou a ser ingrediente de diversos doces da culinária europeia.
Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer
Em Berlim, o marzipã é produzido há mais de 160 anos. Porém, como as fábricas costumavam vender a pasta apenas em grandes quantidades, a cidade nunca foi associada ao produto. Já em Lübeck, a produção do marzipã começou bem antes, por volta de 1800.
Há três grandes marcas da pasta de amêndoas em Berlim: Lemke, Moll e Ohde. Estima-se que somente a produção das duas primeiras seja de 20 mil toneladas de massa bruta por ano. A produção total na Alemanha seria de 55 mil toneladas, segundo o jornal semanal Berliner Abendblatt.
Agora, justamente, o dono de uma dessas três marcas deu o primeiro passo para que a cidade se torne conhecida pelo seu marzipã. Em meados de novembro, a Ohde abriu uma loja pertinho da rua de compras mais famosa de Berlim: a Kurfürstendamm. Com a iniciativa, o proprietário da marca, Hamid Djadda, deseja que, no futuro, o marzipã se torne um souvenir típico da capital alemã.
Assim como em Lübeck, a produção da pasta em Berlim segue as regras estipuladas no Livro Alemão de Alimentos. Segundo as regras, a receita da pasta pode conter no máximo 35% de açúcar e no mínimo 48% de amêndoas.
A matéria-prima principal para a produção do marzipã berlinense, as amêndoas, são importadas principalmente da Califórnia, da Espanha e de outros países na região do Mar Mediterrâneo.
Com a abertura da loja num dos endereços mais turísticos de Berlim, a Ohde deu a largada nesta difícil batalha pelo título de capital do marzipã. Se Berlim conseguirá desbancar a renomada Lübeck, somente o tempo dirá, mas com certeza a cidade do norte da Alemanha não vai se render sem lutar.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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Dez doces motivos para gostar do Advento
A palavra Advento significa vinda, chegada. Na Alemanha, é o tempo de preparação do Natal. Com ele, chegam também especialidades que existem somente nesta época do ano, como pão de mel e biscoitos decorados.
Foto: picture-alliance/Armin Weigel
Fresquinho do forno
Em muitas famílias, preparar juntos pães, bolos e biscoitos é um costume popular antes do Natal. Biscoitos são fáceis e rápidos de preparar. A massa estendida é cortada e estampada com forminhas. Figuras de coração, lua e estrelas, pinheiros e animais. Pinceladas com gema de ovo ou água com açúcar, elas ganham um brilho. Depois de esfriar, os biscoitos podem ser decorados em diferentes cores.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
Cheira a baunilha…
Os alemães adoram: Vanille-Kipferl, um biscoito de baunilha. Esses deliciosos "chifrinhos" são originários da Áustria e da Boêmia. São feitos de massa de bolo e aromatizados com baunilha. Amêndoas ou nozes também são usadas como ingredientes. E ninguém resiste ao aroma quando ainda estão quentinhos no tabuleiro.
Foto: picture-alliance/dpa/K. F. Hildenbrand
Com ou sem manteiga?
Na Idade Média, o Stollen (pão ou bolo de Natal) era preparado sem manteiga e uvas passas. No então comum período de jejum antes do Natal, isso não agradava à nobreza da Saxônia. Somente com a permissão do papa Inocêncio 8°, a manteiga pôde ser acrescentada à massa, acompanhada de muitas uvas passas. Foi assim que o bolo de Natal de Dresden (Dresden Christenstollen) ganhou popularidade.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Reichel
Bem modelado
O biscoito Spekulatius tem origem no Baixo Reno, Holanda e Bélgica. Em moldes de madeira, a massa ganha a típica forma com motivos sobretudo campestres. Antes de ir ao forno, os biscoitos são retirados das formas. Estampado com a imagem do Papai Noel, Spekulatius é um presente típico do dia de São Nicolau, a quem se atribui a figura do bom velhinho. Moldes históricos são peças de colecionador.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Bein
Presente clássico
Um pacote de Natal de Nurembergue repleto de Lebkuchen (pão de mel), a mais antiga delícia natalina de que se tem notícia, é algo cobiçado mundialmente. Desde o século 14, a cidade na Baviera se tornou um centro da produção de Lebkuchen. Eles são produzidos até hoje de acordo com receitas tradicionais secretas. Contendo somente 10% de farinha de trigo, o Elisenlebkuchen é considerado uma iguaria.
Foto: picture-alliance/dpa/lby
Uma questão de especiaria…
Antigamente, especiarias exóticas como anis, cardamomo, noz-moscada, baunilha ou canela já faziam dos biscoitos de Natal algo muito especial. Hoje, elas são acessíveis a todos. Mas quem gosta de Estrelas de Canela deve atentar para que seja usada canela-do-ceilão, que contém pouca quantidade da prejudicial cumarina. De qualquer forma, um adulto pode comer até oito Estrelas de Canela por dia.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Gambarini
Biscoito e dominó
Um tipo de pão de mel, o Aachener Printen, ganhou vida própria no século 19. Sem gordura nenhuma e adoçado com xarope de beterraba em vez de mel, esse produto de panificação se adequou totalmente à produção industrial. Em forma de cubo, revestido de chocolate branco ou preto e geleia de frutas, as Dominosteine (pedras de dominó) completam hoje a moderna gama de especialidades de Aachen.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Becker
Olhos arregalados
Para confeiteiros amadores, preparar biscoitos Ochsenaugen (olho de boi), também conhecidos como Kulleraugen (olhos arregalados) em algumas regiões, não é problema. A base é feita com massa com ou sem amêndoas, como também com ou sem massapão. No meio, a geleia de groselha ou de framboesa dá o toque frutífero. Quem quiser pode usar como "olho" geleia de morango ou damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/K. F. Hildenbrand
Origem religiosa
Uma massa solta e fofa feita de raspa de coco, clara de ovos, açúcar e sal repousa sobre uma folha de hóstia. O que na Alemanha é chamado de "Makrone", é parecido com o Macaron da França, um biscoito de merengue feito com farinha de amêndoas. O uso da folha de hóstia como base vem da cozinha de conventos medievais. Aliás, antigamente, um coco inteiro decorava os pratos de Natal nos lares alemães.
Foto: picture-alliance/dpa/K. F. Hildenbrand
Livre de bruxas
Uma casa feita de pão de mel é um doce contraponto à assustadora casa da bruxa de "João e Maria", conto de fadas dos Irmãos Grimm. Eles eram tão pobres e famintos que não puderam resistir às tentações da bruxa má. Já a casa de pão de mel do Natal não tem contraindicação. E quem quiser fazer o seu próprio pão de mel pode recorrer a uma mistura pronta de especiarias.