Produtores berlinenses querem desbancar os de Lübeck, famosa pela pasta de amêndoas típica do Natal alemão. Berlim produz mais de 20 mil toneladas de marzipã por ano.
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O Natal na Alemanha tem gostinho de marzipã. A pasta de amêndoas e açúcar é ingrediente de diversas receitas típicas da época, como o Stollen, e é associada a Lübeck, cidade no norte da Alemanha que é considerada a capital do marzipã e onde a pasta é inclusive protegida pela indicação geográfica.
Os berlinenses, porém, resolveram disputar com Lübeck o título de capital do marzipã, afinal Berlim também possui tradição na produção da pasta, além de ser a sede de várias fábricas.
Originário do Oriente, provavelmente do Irã, o marzipã chegou à Europa na Idade Média, trazido pelos árabes. Logo passou a ser muito apreciado por reis e pela corte e, no século 16, era considerado um artigo de luxo. Ao longo de sua história, ele se popularizou e passou a ser ingrediente de diversos doces da culinária europeia.
Em Berlim, o marzipã é produzido há mais de 160 anos. Porém, como as fábricas costumavam vender a pasta apenas em grandes quantidades, a cidade nunca foi associada ao produto. Já em Lübeck, a produção do marzipã começou bem antes, por volta de 1800.
Há três grandes marcas da pasta de amêndoas em Berlim: Lemke, Moll e Ohde. Estima-se que somente a produção das duas primeiras seja de 20 mil toneladas de massa bruta por ano. A produção total na Alemanha seria de 55 mil toneladas, segundo o jornal semanal Berliner Abendblatt.
Agora, justamente, o dono de uma dessas três marcas deu o primeiro passo para que a cidade se torne conhecida pelo seu marzipã. Em meados de novembro, a Ohde abriu uma loja pertinho da rua de compras mais famosa de Berlim: a Kurfürstendamm. Com a iniciativa, o proprietário da marca, Hamid Djadda, deseja que, no futuro, o marzipã se torne um souvenir típico da capital alemã.
Assim como em Lübeck, a produção da pasta em Berlim segue as regras estipuladas no Livro Alemão de Alimentos. Segundo as regras, a receita da pasta pode conter no máximo 35% de açúcar e no mínimo 48% de amêndoas.
A matéria-prima principal para a produção do marzipã berlinense, as amêndoas, são importadas principalmente da Califórnia, da Espanha e de outros países na região do Mar Mediterrâneo.
Com a abertura da loja num dos endereços mais turísticos de Berlim, a Ohde deu a largada nesta difícil batalha pelo título de capital do marzipã. Se Berlim conseguirá desbancar a renomada Lübeck, somente o tempo dirá, mas com certeza a cidade do norte da Alemanha não vai se render sem lutar.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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Dez doces motivos para gostar do Advento
A palavra Advento significa vinda, chegada. Na Alemanha, é o tempo de preparação do Natal. Com ele, chegam também especialidades que existem somente nesta época do ano, como pão de mel e biscoitos decorados.
Foto: picture-alliance/Armin Weigel
Fresquinho do forno
Em muitas famílias, preparar juntos pães, bolos e biscoitos é um costume popular antes do Natal. Biscoitos são fáceis e rápidos de preparar. A massa estendida é cortada e estampada com forminhas. Figuras de coração, lua e estrelas, pinheiros e animais. Pinceladas com gema de ovo ou água com açúcar, elas ganham um brilho. Depois de esfriar, os biscoitos podem ser decorados em diferentes cores.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
Cheira a baunilha…
Os alemães adoram: Vanille-Kipferl, um biscoito de baunilha. Esses deliciosos "chifrinhos" são originários da Áustria e da Boêmia. São feitos de massa de bolo e aromatizados com baunilha. Amêndoas ou nozes também são usadas como ingredientes. E ninguém resiste ao aroma quando ainda estão quentinhos no tabuleiro.
Foto: picture-alliance/dpa/K. F. Hildenbrand
Com ou sem manteiga?
Na Idade Média, o Stollen (pão ou bolo de Natal) era preparado sem manteiga e uvas passas. No então comum período de jejum antes do Natal, isso não agradava à nobreza da Saxônia. Somente com a permissão do papa Inocêncio 8°, a manteiga pôde ser acrescentada à massa, acompanhada de muitas uvas passas. Foi assim que o bolo de Natal de Dresden (Dresden Christenstollen) ganhou popularidade.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Reichel
Bem modelado
O biscoito Spekulatius tem origem no Baixo Reno, Holanda e Bélgica. Em moldes de madeira, a massa ganha a típica forma com motivos sobretudo campestres. Antes de ir ao forno, os biscoitos são retirados das formas. Estampado com a imagem do Papai Noel, Spekulatius é um presente típico do dia de São Nicolau, a quem se atribui a figura do bom velhinho. Moldes históricos são peças de colecionador.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Bein
Presente clássico
Um pacote de Natal de Nurembergue repleto de Lebkuchen (pão de mel), a mais antiga delícia natalina de que se tem notícia, é algo cobiçado mundialmente. Desde o século 14, a cidade na Baviera se tornou um centro da produção de Lebkuchen. Eles são produzidos até hoje de acordo com receitas tradicionais secretas. Contendo somente 10% de farinha de trigo, o Elisenlebkuchen é considerado uma iguaria.
Foto: picture-alliance/dpa/lby
Uma questão de especiaria…
Antigamente, especiarias exóticas como anis, cardamomo, noz-moscada, baunilha ou canela já faziam dos biscoitos de Natal algo muito especial. Hoje, elas são acessíveis a todos. Mas quem gosta de Estrelas de Canela deve atentar para que seja usada canela-do-ceilão, que contém pouca quantidade da prejudicial cumarina. De qualquer forma, um adulto pode comer até oito Estrelas de Canela por dia.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Gambarini
Biscoito e dominó
Um tipo de pão de mel, o Aachener Printen, ganhou vida própria no século 19. Sem gordura nenhuma e adoçado com xarope de beterraba em vez de mel, esse produto de panificação se adequou totalmente à produção industrial. Em forma de cubo, revestido de chocolate branco ou preto e geleia de frutas, as Dominosteine (pedras de dominó) completam hoje a moderna gama de especialidades de Aachen.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Becker
Olhos arregalados
Para confeiteiros amadores, preparar biscoitos Ochsenaugen (olho de boi), também conhecidos como Kulleraugen (olhos arregalados) em algumas regiões, não é problema. A base é feita com massa com ou sem amêndoas, como também com ou sem massapão. No meio, a geleia de groselha ou de framboesa dá o toque frutífero. Quem quiser pode usar como "olho" geleia de morango ou damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/K. F. Hildenbrand
Origem religiosa
Uma massa solta e fofa feita de raspa de coco, clara de ovos, açúcar e sal repousa sobre uma folha de hóstia. O que na Alemanha é chamado de "Makrone", é parecido com o Macaron da França, um biscoito de merengue feito com farinha de amêndoas. O uso da folha de hóstia como base vem da cozinha de conventos medievais. Aliás, antigamente, um coco inteiro decorava os pratos de Natal nos lares alemães.
Foto: picture-alliance/dpa/K. F. Hildenbrand
Livre de bruxas
Uma casa feita de pão de mel é um doce contraponto à assustadora casa da bruxa de "João e Maria", conto de fadas dos Irmãos Grimm. Eles eram tão pobres e famintos que não puderam resistir às tentações da bruxa má. Já a casa de pão de mel do Natal não tem contraindicação. E quem quiser fazer o seu próprio pão de mel pode recorrer a uma mistura pronta de especiarias.