Durante os anos que jogou pelo Hertha Berlin, Marcelinho Paraíba conquistou a torcida, apesar de passagem conturbada pelo clube. Prestes a se aposentar dos gramados, brasileiro volta à cidade para a despedida.
Anúncio
A passagem de Marcelinho Paraíba por Berlim, entre 2001 e 2006, foi marcada por grandes conquistas para o Hertha, mas também por confusões com o clube e animadas festas. Apesar dos desentendimentos e de certa rebeldia, o brasileiro, com sua simpatia e resultados, conquistou um lugar eterno no coração dos torcedores do clube.
Por isso, mesmo após sua saída conturbada, Marcelinho, de 41 anos, escolheu o Hertha para fazer o seu jogo de despedida dos gramados.
"Joguei futebol por muito tempo, seria uma pena se na despedida não festejasse como se deve. E isso quero fazer em Berlim", contou-me o atacante. "Mesmo tendo feito algumas besteiras, sempre tive e terei o Hertha no meu coração e os fãs sabem disso", acrescentou.
A escolha para a despedida me parece acertada. Até hoje, 11 anos após ter deixado o clube, Marcelinho continua sendo um dos grandes ídolos da torcida do Hertha. Durante a temporada em Berlim, o atacante marcou 65 gols em 165 partidas e ajudou a equipe a conquistar duas vezes seguidas a Copa da Liga Alemã.
Mas nem tudo foram flores no relacionamento entre o clube e o ídolo nesta época. Sem a disciplina alemã, Marcelinho Paraíba acabou sucumbindo à vida noturna berlinense. O jogador era frequentador assíduo de bares e discotecas na cidade, mesmo durante campeonatos. As festas permanecem até hoje na memória do atacante.
"Tenho muitas lembranças boas desta cidade, sobretudo, da festa legendária Samba Party im Ipanema. Isso nunca vou esquecer", relembra Marcelinho.
Uma destas festas chegou a virar notícia. Em 2003, na véspera de uma importante partida na Bundesliga, ele ficou até as 4h30 num bar. Testemunhas relataram que o porta-voz do Hertha foi, em vão, até o local para buscar o jogador. O time amargou uma derrota no jogo decisivo e o atraso do ídolo no horário de ir para a cama acabou sendo apontado com um dos fatores para este resultado.
Marcelinho ganhou fama em Berlim também por dirigir após consumir bebidas alcoólicas. Algo do que atualmente o atacante se arrepende.
Depois de algumas confusões e resultados não muito satisfatórios, a gota d'água para o Hertha foi o prolongamento das férias decidido pelo jogador sem autorização do clube, em 2006. Logo depois, ele foi desligado da equipe. Porém, seu nome continuou sendo lembrado não só pelos torcedores, mas também pelo mascote do time, o Herthinho. Não preciso nem dizer em quem ele foi inspirado.
Como uma forma de agradecimento por esse carinho, Marcelinho volta a jogar mais uma vez no Estádio Olímpico. Cerca 40 mil torcedores são esperados no jogo de despedida no próximo sábado (25/03), do qual participam também outros brasileiros que fizeram fama na Bundesliga, como Cacau, Aílton e Élber.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
As mascotes da Bundesliga
Dois clubes têm animais de verdade como mascotes, os demais, são bichos de pelúcia. Mas um dos clubes que disputam o campeonato alemão tem a mascote inspirada no Brasil. Você já viu este bicho?
Foto: picture alliance/Pressefoto Ulmer/M. Ulmer
O bode Hennes, do Colônia
O bode Hennes é a mascote mais velha da Bundesliga. Em 1950, um circo doou o primeiro Hennes ao Colônia. Claro que ele não existe mais. O atual já é o oitavo. Ele mora no zoológico de Colônia e sempre está presente na lateral do gramado quando a equipe joga em casa.
Foto: picture-alliance/dpa/K.D. Heirler
Emma, do Dortmund
As cores do Borussia Dortmund são amarelo e preto, por isso nada mais natural que uma abelha como mascote. O nome Emma vem do jogador Lothar Emmerich, que de 1960 a 1969 vestiu a camisa do clube 215 vezes e fez 126 gols. Emma tem 2,25 m e calça 66! Ela usa a camisa 9, porque o clube foi fundado em 1909.
Foto: picture alliance/dpa/M. Hitij
Berni, do Bayern de Munique
O urso de pelúcia Berni apoia desde 2004 o time alemão recordista em títulos. Ele sucedeu a Bazi – um garoto de calça de couro, nariz redondo e orelhas de abano. Berni, que tem até uma música própria, conta em seu site no Facebook que seu padrinho é Bastian Schweinsteiger.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Erwin, do Schalke
A mascote do Schalke lembra a tradição mineira da região de Gelsenkirchen, cidade do clube. Erwin foi criado em 1994 e, com seu nariz grande e pequeno boné, representa milhares de torcedores do Schalke.
Foto: picture alliance/augenklick
O leão Brian, do Leverkusen
O sonoro rugido de Brian the Lion é a característica da mascote do Bayer Leverkusen. O animal está no brasão do clube e da cidade de Leverkusen.
Foto: picture alliance/Revierfoto
Wölfi, do Wolfsburg
Wolf significa lobo em alemão, por isso, Wölfi (diminutivo carinhoso) é a mascotinha do Wolfburg desde 1997, quando o clube começou a disputar a primeira divisão do campeoanto alemão. Por ironia, pouco tempo depois, o clube teve um técnico que se chamava Wolfgang Wolf. Este ficou até 2003, mas Wölfi ainda continua na equipe. Ele mede 1,95 m, pesa 85 quilos e calça 49!
Foto: picture alliance/Revierfoto
Füchsle, a raposinha do Freiburg
Fuchs quer dizer raposa em alemão, e Füchsle é o diminutivo carinhoso no dialeto local. Ele está no Freiburg desde 2011, mas como figura de história em quadrinhos ele já existe há mais tempo. Ele usa a camisa 4, porque o clube é de 1904.
Foto: Imago/M. Heuberger
O dinossauro Hermann, do Hamburgo
O Hamburgo é a única equipe que joga na primeira divisão da Bundesliga desde que ela foi criada, em 1963, sem nunca ter caído para a segunda. Por isso, o clube também é chamado de "dinossauro da Bundesliga". A mascote ganhou o nome de Hermann Rieger, massagista do time por mais de 20 anos.
Foto: picture alliance/dpa/A. Scheidemann
O potro Jünter, do Mönchengladbach
A mascote do Borussia Mönchengladbach tem pelo preto, crina branca e 2,10 m de altura. Ele nasceu em 1965, quando o clube ascendeu à primeira divisão. Ele acompanha as partidas no estádio do clube desde 1998. O nome vem do famoso jogador e mais tarde comentarista Günter Netzer, que jogou 297 partidas pela equipe em dez anos, fazendo 108 gols. Jünter é uma forma renana do nome.
Foto: picture alliance/dpa/Revierfoto
A águia Attila, mascote do Frankfurt
Só o Colônia e o Frankfurt têm mascotes vivos. A asas da águia Attila têm uma envergadura de até dois metros. O animal pesa quatro quilos. Attila participa de todos os jogos quando a equipe atua em casa. Ele tem até cartão autografado com sua pegada.
Foto: picture alliance/Sven Simon/W. Schmitt
O dragão Schanzi, do Ingolstadt
O dragão vermelho apoia o Ingolstadt desde 2011. Seu nome vem de "Schanzer", apelido de quem mora na cidade. O número da camisa dele é 4, pois o clube foi fundado em 2004. O dragão de dois metros de altura só não consegue cuspir fogo.
Foto: picture alliance/M.i.S.-Sportpressefoto
Bulli, do RB Leipzig
O clube existe desde 2009. Na realidade, seu nome é RasenBallsport Leipzig, mas a fabricante de bebidas RedBull usa as iniciais para "Rote Bulle" (boi vermelho, em alusão ao símbolo da marca). O nome Bulli foi escolhido pelos torcedores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Hoffi, do Hoffenheim
O alce Hoffi nasceu em 2004 e nunca perdeu uma partida do time em casa. O talismã do ex-goleiro Christian Baumgärtner era um alce, que ficava no banco de reservas. A mascote tem dois metros de altura e pesa 100 quilos.
Foto: picture alliance/augenklick
Herthinho, do Hertha Berlim
O símbolo de Berlim e da equipe da capital alemã é o urso-pardo. Por isso, esse também é sua mascote. Mas no clube dizem que Herthinho é um urso-pardo trazido do Brasil quando o então empresário Dieter Hoeness retornou de um giro pela América do Sul em 1999. Com 2,35 e 128 quilos, é a maior mascote da Bundesliga. Ele já existia quando o brasileiro Marcelo Paraíba jogou no clube, de 2000 a 2006.
Foto: picture-alliance/dpa
Os sem mascotes
Quatro equipes que disputam a temporada 2016/2017 da primeira divisão do campeonato alemão não têm mascotes: Darmstadt, Augsburg, Werder Bremen e Mainz.