Movimentado cruzamento no bairro de Kreuzberg esconde Jardim das Princesas, um oásis verde no meio da cidade. Cerca de 500 tipos de legumes, verduras, temperos e frutas são cultivados por voluntários no local.
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Trânsito intenso, barulho de buzinas de carros e poluição se concentram na Praça Moritz, no bairro de Kreuzberg. Mas o movimentado cruzamento abriga também um quase escondido oásis de tranquilidade: o Jardim das Princesas (Prinzessinnengarten, em alemão).
Engana-se quem pensa que se trata de um parque de contos de fadas. O Jardim das Princesas é o mais conhecido projeto de fazenda urbana de Berlim, aberto a todos que desejam conhecê-lo ou participar da iniciativa.
Além da fazenda, o espaço de 6 mil metros quadrados possui um café ao ar livre, uma área para eventos culturais, uma pequena biblioteca e uma boutique com roupas para doação.
Cerca de 500 tipos de legumes, verduras, temperos e frutas são cultivados de forma orgânica em engradados. A minifazenda se tornou um ponto de encontro para os moradores de Kreuzberg, bem como um projeto modelo para diversas cidades alemãs.
Apesar do sucesso atual, o projeto já esteve ameaçado. Idealizada em 2009 pelo documentarista Robert Shaw e pelo historiador Marco Clausen, a minifazenda surgiu num terreno da prefeitura alugado, que não era usado há décadas e estava tomado por lixo. Dezenas de voluntários ajudaram a tocar a ideia e a limpar a região.
O projeto foi abraçado pelos moradores do bairro e ia muito bem, até que, em 2012, a prefeitura recebeu uma proposta de vender o terreno. A venda seria o fim do Jardim das Princesas e do oásis verde no meio da cidade.
Com o apoio da população, por meio de um abaixo-assinado com mais de 30 mil assinaturas, os idealizadores do projeto conseguiram impedir o negócio e preservar a área comunitária por mais cinco anos. Atualmente, a entidade filantrópica que administra a minifazenda negocia a renovação do aluguel do terreno por mais cinco anos.
Para o cultivo dos vegetais, o Jardim das Princesas conta principalmente com voluntários, tendo somente alguns poucos funcionários. A minifazenda é financiada pela venda dos vegetais produzidos no local e doações.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Cemitérios fascinantes de Berlim
A capital alemã possui nada menos do que 224 cemitérios, apresentados em detalhe uma nova publicação. Conheça alguns e aprenda sobre o impressionante passado da cidade.
Foto: B. von Brauchitsch
Anjos por toda a parte
Segundo Boris von Brauchitsch, historiador de arte e autor de um guia sobre os cemitérios de Berlim recém-publicado, nenhuma grande cidade abriga tantas necrópoles quanto a capital alemã. E onde há mortos, há anjos. Os dois da foto são do cemitério no bairro de Mitte onde repousam mortos famosos como o filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, o dramaturgo Bertolt Brecht e o artista John Heartfield.
Foto: B. von Brauchitsch
Cicatrizes do passado
Os cemitérios de Berlim não apenas refletem a história da cidade: eles carregam, literalmente, cicatrizes de seus eventos históricos. Este mausoléu no cemitério Dorotheenstädtischer-Friedrichswerderscher, também em Mitte, foi fortemente atingido por disparos de artilharia. O estrago ainda é bastante visível.
Foto: B. von Brauchitsch
Juntos no além-túmulo
Mausoléus familiares são uma constante dos cemitérios de Berlim. Este exemplo peculiar pode ser admirado no cemitério Georgen-Parochial I. No entanto, parte da necrópole já foi fechada. O terreno se localiza numa área nobre do bairro de Prenzlauer Berg – antes povoado pela boemia e a cena artística, e hoje favorito das jovens famílias bem situadas.
Foto: B. von Brauchitsch
Descanso romântico na Schönhauser Allee
O cemitério judaico mais famoso de Berlim fica no bairro de Weissensee, porém o mais antigo e romântico está localizado em Prenzlauer Berg. Ele data de 1827. Difícil acreditar que exista um lugar assim no centro de uma metrópole moderna. Lá estão enterrados o artista Max Liebermann, o compositor Giacomo Meyerbeer e o empresário Moritz Manheimer, fornecedor de uniformes do Exército prussiano.
Foto: B. von Brauchitsch
Ameaça de extinção
Cemitérios costumam ter muitos inimigos naturais, como a queda da taxa de mortalidade ou a importância cada vez menor da religião na sociedade. Como resultado, alguns dos cemitérios históricos da capital alemã sofrem risco de fechar. Isso efetivamente destruiria uma parte da história de Berlim. Por sua vez, os empresários do ramo imobiliário esfregam as mãos de ganância.
Foto: B. von Brauchitsch
Sono eterno
No fim da Segunda Guerra Mundial, as elaboradas cercas de ferro forjado presentes em muitos cemitérios de Berlim foram derretidas para suprir a enorme demanda de metal. As obras que restaram, no entanto, expõem exemplos encantadores do artesanato tradicional. E são carregadas de simbologia: as papoulas, com os opiáceos que contêm, simbolizam o sono eterno.
Foto: B. von Brauchitsch
Descanso dos infelizes
Grunewald-Forst ganhou o apelido de "cemitério dos suicidas". Quem tira a própria vida é normalmente excluído do campo-santo, mas neste caso os guardiães da fé fizeram vista grossa. As cruzes na foto marcam os túmulos de czaristas aterrorizados após a Revolução Russa. A cantora Nico, parceira da banda Velvet Underground, também está enterrada ali.
Foto: B. von Brauchitsch
Russos, turcos, berlinenses
Os cemitérios de Berlim são peculiares por uma série de aspectos. Um exemplo colorido é o cemitério russo-ortodoxo no bairro de Reinickendorf. Uma aura de exotismo também envolve o cemitério turco mais antigo da Alemanha, situado na avenida Columbiadamm, no bairro de Neukölln. Ambos recordam a longa tradição multicultural de Berlim.
Foto: B. von Brauchitsch
Morte na Berlim dividida
O cemitério católico de Charlottenburg fica na periferia de Berlim. E a grande distância selou o seu destino: com a construção do Muro de Berlim, em 1961, ele ficou isolado da parte ocidental da capital. Então, as autoridades da Alemanha Oriental simplesmente deixaram às ruínas o campo-santo, localizado numa área de segurança e portador de um incômodo passado nazista.