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Checkpoint Berlim: A vida berlinense dos irmãos Grimm

20 de novembro de 2017

Após ganhar fama com contos de fadas, Jacob e Wilhelm passaram os últimos dias de suas vidas na capital alemã. Túmulo é uma das principais atrações do pequeno cemitério em Schöneberg.

Irmãos Grimm foram enterrados ao lado de familiares
Irmãos Grimm foram enterrados ao lado de familiares Foto: DW/C. Neher

Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm fazem parte da lista de alemães mais famosos do mundo e continuarão sendo enquanto houver crianças interessadas em contos de fadas. A dupla de Hanau, atualmente no estado de Hessen, conquista leitores há séculos. João e Maria, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, A bela adormecida, Os três porquinhos são apenas alguns dos contos que foram reunidos numa coletânea escrita pelos dois.

Mas quando se pensa nos irmãos – considerados um dos pais da germanística – a associação feita é com a região central da Alemanha e os bosques povoados pelos seres encantados descritos nos contos. A rota turística dos Grimm passa por diversas cidades onde a dupla viveu, como Marburg, Kassel e Göttingen, ou que aparecem nos contos retratados em seus livros. Berlim dificilmente é relacionada aos dois.

O que poucos sabem é que a capital alemã, no entanto, é um dos principais cenários desta história e também é onde ela se encerra.

Após estudarem direito entre 1802 e 1805 em Marburg, os irmãos fizeram fama ao resgatar os contos populares alemães. Em Göttingen, tornaram-se professores universitários até 1837, quando foram expulsos da cidade por suas ideias liberais. Depois da expulsão, voltaram para Kassel. Na cidade, deram início ao projeto de criar um dicionário alemão.

A saga dos irmãos em Berlim começa em 1840, quando, ao assumir o reinado da Prússia, Frederico Guilherme 4º fez questão de trazê-los para a cidade. Ambos foram contratados pela Academia de Ciências e tiveram a liberdade necessária para continuar as pesquisas, porém, nunca terminaram o projeto iniciado no último período que viveram em Kassel. Em 1859, Wilhelm faleceu. Jacob morreu quatro anos mais tarde.

Além de terem passado os últimos anos de suas vidas na atual capital alemã, os dois irmãos estão enterrados na cidade. Engana-se quem pensa que vai encontrar um túmulo cheio de referências aos contos ou grandioso como foi a contribuição dos dois para a língua alemã.

Cheguei ao cemitério Antigo de São Mateus, no bairro de Schöneberg, com a expectativa de encontrar um mausoléu imponente ou túmulo com estátuas, mas não. O túmulo da dupla é um dos mais singelos entre os das personalidades que estão enterradas no local: apenas uma lápide negra, com nome e da data de nascimento e morte.

Minha primeira reação diante os bloco de mármore foi apenas um "só isso..." Os dois são uns dos grandes nomes da língua alemã e estão num cantinho do cemitério, quase perdidos em meio a túmulos cheios de grandeza. Apesar da simplicidade, seus túmulos são a grande atração do pequeno cemitério, localizado ao lado da estação de trem Yorckstrasse. Ouvi dizer que a reação da maioria dos visitantes é igual a minha – um tanto decepcionada.

Além de seus restos mortais, a biblioteca que reuniram durante sua vida também está em Berlim. Boa parte dela, além de cartas escritas pelos irmãos, fazem parte do acervo da Universidade Humboldt, cujo novo prédio central, inaugurado em 2009, leva o nome dos irmãos. Para quem gosta de arquitetura, a biblioteca batizada de Centro Jacob e Wilhelm Grimm também é uma dica de passeio na cidade.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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