Parece até fake news, mas realmente aconteceu na capital alemã: depois de tentar abafar o caso, polícia berlinense confirma roubo em suas instalações e faz piada com a situação.
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"Casa de ferreiro, espeto de pau." O famoso ditado popular parece se encaixar bem num caso recente envolvendo a polícia berlinense. Sempre prontos a dar dicas aos moradores da capital de como evitar arrombamentos em residências e estabelecimentos comerciais, policiais da capital alemã esqueceram de aplicá-las às próprias instalações.
Durante o final de semana dos dias 16 e 17 de setembro, o museu que fica no prédio que abriga uma central da polícia, localizado no bairro Tempelhof, foi arrombado. Entre as peças levados estão objetos policiais históricos e antiguidades militares, como ordens e medalhas. Nenhuma das poucas armas expostas no local foi roubada.
O furto só foi percebido na manhã da segunda-feira, mas como a situação era constrangedora, a polícia inicialmente tentou abafar o caso. A tentativa, porém, foi em vão. Alguém que queria ver o circo pegar fogo acabou dando com a língua nos dentes, e, na última terça-feira, a imprensa local descobriu o ocorrido. E é claro que o fato virou notícia.
Depois disso, só restou à polícia confirmar o roubo, mas não sem perder o jogo de cintura e aproveitar a oportunidade para rir de si mesma nas redes sociais. "Dormimos no ponto", dizia a mensagem publicada no Twitter.
Apesar da piada, as autoridades reconheceram que o caso é sério. "Claro que é desagradável quando justamente a polícia é assaltada", afirmou à imprensa o porta-voz da polícia.
Os assaltantes teriam entrado no museu por uma janela, ao redor da qual há uma cerca devido a obras no prédio. A proteção evitou que a ação chamasse a atenção de quem passava pela avenida que fica em frente ao edifício. A discrição foi tanta que nem a equipe da empresa privada que é responsável pela segurança do prédio percebeu o arrombamento.
A polícia evitou dar detalhes sobre o caso. O roubo está sendo investigado, mas até agora nenhum sinal dos arrombadores ou das peças levadas.
Clarissa Neheré jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Os mais espetaculares roubos de obras de arte da história
Armados, disfarçados de policiais ou de turistas, ladrões entraram para a história ao roubar valiosas pinturas e objetos de museus – da "Mona Lisa" a uma moeda de ouro de 100 quilos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Van Weel
Quando o sorriso de Mona Lisa desapareceu
Em 1911, o retrato feminino mais famoso do mundo – "Mona Lisa", de Leonardo da Vinci – foi roubado. Um jovem italiano, Vincenzo Peruggia, furtou a imagem do Louvre depois de se vestir como um empregado do museu parisiense e esconder a obra debaixo do casaco. A pintura reapareceu em 1913, após um comerciante de arte denunciar Peruggia à polícia.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
A pintura mais roubada
O retrato de "Jacques 3º de Gheyn", de Rembrandt, foi roubado quatro vezes da Dulwich Picture Gallery, no Reino Unido, em 1966, 1973, 1981 e 1986. Por isso, a pintura também é conhecida como "o Rembrandt para viagem". Também após o último roubo, a obra de arte felizmente foi recuperada.
Foto: picture-alliance/akg-images
Misterioso roubo em Boston
Em 1990, o roubo de 13 pinturas do Museu Isabella Steward Gardner, em Boston, nos EUA, atraiu a atenção internacional. Dois homens disfarçados de policiais invadiram o prédio e roubaram, entre outras obras de arte, "Chez Tortoni", de Édouard Manet, e "O Concerto" (foto), de Jan Vermeer. Até hoje, as molduras, sem os quadros, permanecem penduradas no local.
Foto: Gemeinfrei
O roubo espetacular de pinturas de Van Gogh
Em 1991, sem ser notado, um homem se fechou num banheiro do Museu Van Gogh, em Amsterdã, e roubou 20 pinturas com a ajuda de um supervisor. Entre elas, estavam o "Autorretrato diante do cavalete" (foto). No entanto, a polícia conseguiu recuperar as obras roubadas apenas uma hora depois, no veículo usado na fuga. Depois de alguns meses, os ladrões foram presos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Van Weel
"Virgem do fuso" desaparecida
A pintura de Leonardo da Vinci, avaliada em até 70 milhões de euros, foi roubada em 2003 de um castelo na Escócia. Dois ladrões, que entraram na exposição como turistas, dominaram o guarda do Castelo de Drumlanrig e fugiram com a obra. A imagem ficou desaparecida por quatro anos. Somente em 2007 ela foi recuperada após uma batida policial realizada em Glasgow.
Foto: picture-alliance/dpa
Roubo armado no Museu Munch
Em 2004, "O grito" e "Madonna", do expressionista Edvard Munch, foram roubadas em Oslo. Dois criminosos armados invadiram o Museu Munch e furtaram as obras diante de várias testemunhas. Durante uma busca, a polícia recuperou as duas pinturas. Porém, o estado de "O grito" era tão ruim que o quadro não pôde ser totalmente restaurado.
Foto: picture-alliance/dpa/Munch Museum Oslo
Roubo milionário na Suíça
Em 2008, ladrões armados roubaram quatro pinturas no valor de 180 milhões de francos suíços do museu privado Fundação Coleção Emil G. Bührle, em Zurique: "Rapaz de colete vermelho", de Paul Cézanne; "Conde Lepic e suas filhas", de Edgar Degas; "Amendoeira em flor", de Vincent Van Gogh; e "Campo de papoulas perto de Vétheuil" (foto), de Claude Monet. Todos foram recuperados.
Foto: picture-alliance/akg-images
Moeda de ouro de 100 quilos em Berlim
Em março de 2017, uma moeda de ouro de 100 quilos, com valor nominal de 1 milhão de dólares, foi roubada do Museu Bode, em Berlim. Os ladrões provavelmente usaram uma escada para entrar no edifício. A moeda, chamada de "Big Maple Leaf", é originária do Canadá, tem 53 centímetros de diâmetro e três centímetros de espessura. Na parte frontal, ela traz o retrato da rainha Elizabeth 2ª.
Foto: picture-alliance/dpa/F.May
2019: Roubo na Abóbada Verde em Dresden
Três conjuntos de joias foram roubados no museu Grünes Gewölbe (Abóbada Verde), no Palácio Real em Dresden, em 25 de novembro de 2019. Investigações iniciais apuraram que os ladrões entraram por uma janela e quebraram as vitrines, como mostra um vídeo.