Governo local pretende banir da cidade outdoors com propagandas que objetificam mulheres e homens ou reproduzem estereótipos machistas e discriminatórios. Um distrito berlinense já adota a proibição.
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Bundas, peitos e expressões machistas e discriminatórias para vender produtos podem estar com os dias contados em Berlim. O governo local planeja banir da cidade anúncios que reproduzem e reforçam estereótipos masculinos e femininos.
Os planos da prefeitura berlinense foram revelados na mesma semana em que uma propaganda do chocolate Snickers causou revolta nas redes sociais no Brasil. Embalagens com expressões que "reproduziriam" supostos comportamentos causados pela fome foram lançadas no país, no entanto, as palavras depreciativas só aparecem no feminino, como "reclamona" e "furiosa".
Após a polêmica, a empresa se defendeu, alegando que há também versões masculinas, mas que, como a campanha foi lançada recentemente, elas ainda não estavam disponíveis em todos os pontos de venda. No Brasil, consumidoras sugeriram um boicote ao chocolate.
Em Berlim, para evitar esse tipo de constrangimento, a ideia do governo é proibir propagandas sexistas em outdoors que pertencem à cidade. A proibição desse tipo de anúncio já está em vigor em dois distritos: Friedrichshain-Kreuzberg, desde 2014, e Pankow, mais recentemente. As iniciativas partiram das prefeituras distritais, que ainda são as responsáveis pelos espaços públicos destinados à publicidade.
Uma terceira move processo semelhante: Charlottenburg-Wilmerdorf. No mês passado, a legenda A Esquerda entrou com um projeto distrital para proibir propagandas sexistas, discriminatórias e misóginas. O texto bane ainda anúncios em que mulheres são tratadas como fracas, bobas, histéricas, ingênuas, consumistas ou associadas a trabalhos domésticos.
Como os distritos são, no momento, responsáveis pelos espaços publicitários públicos, esse tipo de iniciativa distrital está partindo de vereadores dos partidos que formam a coalizão do governo local – Partido Social-Democrata (SPD), Partido Verde e A Esquerda. O distrito de Mitte também prepara uma proposta semelhante.
A partir de 2019, a prefeitura passará a ser responsável por esses espaços de propaganda e, então, o governo pretende expandir a proibição para toda a cidade. O banimento de propaganda sexista é um dos pontos acertados no acordo de coalizão assinado em novembro do ano passado.
Em seu site, o Partido Verde, por exemplo, argumenta que a propaganda influencia imagens e ideias de como homens e mulheres deveriam ser ou parecer, além de comportamentos e expectativas da sociedade.
"Propaganda sexista é uma apresentação de preconceitos e formas de comportamento relacionadas ao gênero, que desvaloriza socialmente um grupo de pessoas perante outro", acrescenta a legenda.
Ainda não há um plano concreto de como o governo local pretende colocar em prática e controlar esse banimento, mas as autoridades têm até o final do próximo ano para traçá-lo. Associações de publicitários reclamaram da ideia e contestam o fato de o governo querer regular o conteúdo das propagandas, citando a liberdade de expressão.
O que acontece é que, sem uma proibição, esse tipo de conteúdo continua enchendo outdoors pelas cidades, como se fossem ideias brilhantes. Questionou-me como, em pleno século 21, bundas, peitos, machismo e discriminação ainda funcionam para vender produtos.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Dez razões para amar Berlim
A capital alemã é muitas coisas: sede do governo, metrópole cultural, centro de vida noturna. Mas, acima de tudo, ela é eletrizante, uma cidade em constante mutação. Talvez, por isso, os turistas gostem tanto dela.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Vista do alto
A torre "Fernsehturm", com seus 368 metros de alturam é a estrutura mais alta da Alemanha. Em um dia claro, a plataforma de observação oferece visibilidade de até 40 quilômetros. Acima da plataforma, fica o restaurante giratório, que realiza uma rotação a cada 30 minutos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Um lugar feliz
Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, artistas de todo o mundo pintaram sobre a barricada de concreto cinza. A East Side Gallery é até hoje a mais longa galeria ao ar livre do mundo. A arte criada espontaneamente ainda reflete a alegria que se espalhou por toda a Berlim com a queda do Muro.
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Museus e galerias
Rodeada pelo rio Spree, a Ilha dos Museus foi nomeada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999. Lá, é possível admirar tesouros artístico de todo o mundo, como um busto da rainha egípcia Nefertiti e o Altar de Pérgamo, construído entre 160 e 180 a.C. em homenagem a Zeus, o reio do Olimpo. Berlim tem ainda outros 175 museus e cerca de 300 galerias de arte.
Foto: Fotolia/fhmedien_de
Diversidade cultural
Cosmopolita, ricamente colorida e com um entusiasmo pela vida — assim Berlim apresenta-se durante o festival Carnaval das Culturas. Cerca de 180 nacionalidades chamam a cidade de casa. E todo o mês de maio eles — recém-chegados e berlinenses estabelecidos — celebram o que é, provavelmente, a melhor festa de rua da cidade.
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Em constante mutação
Desde a Reunificação, em 1990, os guindastes não param: a Potsdamer Platz foi reconstruída, o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) ganhou uma cúpula e o quarteirão do governo foi construído. O Palácio de Berlim, que deverá ser concluído em 2019, está lentamente tomando forma. Ninguém sabe ainda, porém, se o novo - e muito atrasado - aeroporto de Schönefeld estará aberto até lá.
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Tapete vermelho
Em fevereiro, Berlim estende o tapete vermelho para receber estrelas do cinema. Desde 1951, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale, é um dos principais do mundo. Estrelas do cinema amam a cidade, mesmo em outras épocas do ano, como Arnold Schwarzenegger e Emilia Clarke, que estiveram na capital para a estreia do mais recente "Exterminador do Futuro".
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Memória preservada
O Memorial do Holocausto, composto por 2.711 placas de concreto para lembrar os seis milhões de judeus europeus mortos pela Alemanha nazista, é o memorial mais visitado de Berlim. Outros monumentos incluem os dedicados às Forças Aliadas que libertaram a cidade no final da Segunda Guerra Mundial, aos que morreram tentando escapar pelo muro e aos herois da força aérea de Berlim.
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Parques e jardins
Há mais de 2.500 parques em Berlim, mas o "New York Times" nomeou, recentemente, o pequeno "Prinzessinnengarten" como um dos mais belos espaços verdes da cidade. Esse antigo terreno baldio no bairro de Kreuzberg foi transformado em um jardim orgânico, em que mais de 500 tipos de vegetais são cultivados por centenas de voluntários locais.
Foto: picture-alliance/dpa
Vida noturna
A vida noturna de Berlim, conhecida como uma das mais excitantes do mundo, oferece diversão para todos os gostos, do indie rock ao hip hop e house. Alguns dos melhores DJs do mundo tocam em clubes como Berghain e Watergate. Muitas pessoas vão a Berlim só para isso — elas chegam à cidade na sexta-feira à noite e passam o fim de semana inteiro na balada antes de voltarem para casa.
Foto: picture-alliance/schroewig
Capital canina
Cerca de 100 mil cães vivem na cidade, fazendo de Berlim a capital canina da Alemanha. Mas quando os berlinenses dizem que "ladram, mas não mordem", eles estão se referindo a eles próprios. Os moradores são conhecidos por não serem muito simpáticos: "Berliner Schnauze", o termo em alemão para focinho, é usado para caracterizar a rispidez no trato considerada típica do berlinense.