Para combater o aquecimento global, Berlim propõe diminuir número de carros em novo plano de mobilidade urbana. Entre as medidas sugeridas, estão a ampliação de ciclovias e a criação de uma via expressa para ciclistas.
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Andar de bicicleta nem sempre é fácil e tranquilo em Berlim. Já falei sobre minha experiência num texto anterior, no qual citei a iniciativa que tentava promover um referendo para obrigar a prefeitura a adotar uma legislação específica para as bicicletas. Com a eleição do novo governo local no ano passado, a coalizão – formada pelos Partido Social Democrata (SPD), Partido Verde e A Esquerda – se comprometeu a estudar o projeto e a integrá-lo no seu plano de mobilidade urbana.
Depois de nove meses, o governo finalmente apresentou, no final da semana passado, o tão esperado plano que deve guiar as diretrizes de políticas públicas neste setor nos próximos anos, ao ser aprovado como lei. A proposta foca exclusivamente no transporte público e nas bicicletas, que devem ter prioridade no futuro.
Entre as medidas estão a expansão das ciclovias na cidade; a criação de 100 quilômetros de via expressa exclusiva para ciclistas; o aumento no número de estacionamentos para bicicletas; além da criação de vias exclusivas para ônibus e a adaptação de toda a rede de transporte público para torná-la completamente acessível a pessoas com dificuldades de locomoção.
Nem bem o plano foi lançado, já recebeu diversas críticas. Parlamentares da União Democrata Cristã (CDU) criticaram o projeto por ele focar "apenas" no transporte público e em ciclistas e afirmaram que a medida irá reduzir o espaço de usuários de outros meios de transporte na cidade. A ampliação da rede de ciclovias requer, por exemplo, a redução no número de vagas de estacionamento para carros.
Na minha percepção, a crítica é vazia. Durante décadas, projetos de mobilidade urbana priorizaram somente os carros. O transporte público vinha em segundo plano, e a bicicleta era vista apenas como um objeto de lazer. Berlim é uma cidade concebida para os automóveis. Chegou a hora de olhar para os usuários dos outros meios de transporte, e é isso que o governo está fazendo. Pela primeira vez, é dada prioridade a esses grupos.
Outro aspecto importante: esse plano não foi feito para punir motoristas, como alguns críticos tentam vendê-lo, mas tem um objetivo maior: reduzir a poluição e as emissões de gases que causam o aquecimento global pela queima de combustíveis fósseis que impulsionam os carros.
Até 2050, Berlim deseja alcançar a neutralização do carbono, ou seja, conseguir evitar e compensar todas as suas emissões de CO2. Para isso, a cidade precisa diminuir o número de automóveis em circulação, e isso só será alcançado se a população tiver alternativas eficientes de locomoção.
A proposta do plano de mobilidade urbana deve ser votada ainda neste ano, e o governo espera que a nova legislação entre em vigor já no início de 2018.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
As dez ciclovias preferidas dos alemães
As paisagens e a infraestrutura das ciclovias de longa distância na Alemanha convidam para fazer férias sobre duas rodas. Conheça as rotas preferidas dos alemães, segundo uma pesquisa do clube alemão de ciclismo.
Foto: DW
10º lugar – Ciclovia do Mosela
Esta ciclovia ao longo do rio Mosela começa na França. O trecho alemão tem 239 km e vai de Perl a Koblenz. A maior parte da rota é plana, margeando o rio, e muitas vezes longe do trânsito de carros. Ao longo do percurso, há muitos vinhedos, vinícolas e castelos.
Foto: picture-alliance/dpa/F.Kleefeldt
9º lugar - Ciclovia do rio Ems
A ciclovia de 375 km começa na nascente do rio, em Schloss Holte-Stukenbrock, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, e vai até a foz do Ems, em Emden, no Mar do Norte. Entre as atrações da rota estão Münster, a cidade alemã das bicicletas; o mosteiro Marienfeld, do século 12; o estaleiro de navios de cruzeiro Meyer Werft, em Papenburg; além de paisagens com canais, eclusas e moinhos de vento.
Foto: picture-alliance/HB-Verlag
8º lugar - Ciclovia dos lagos de Constança e Königssee
Esta rota de 418 km liga dois lagos no sul da Alemanha. Saindo de Lindau, passando pela idílica região de Allgäu, dos lagos Tegernsee, Schliersee e Chiemsee, culminando em Berchtesgaden e no lago Königssee. Mas, atenção, é preciso condicionamento: ao final, você terá subido mais de 3400 metros. Tudo com uma linda panorâmica dos Alpes e belos castelos, como o Neuschwanstein.
Foto: picture-alliance/HB Verlag
7º - Ciclovia da costa do Mar Báltico
Esta rota de 798 km vai de Flensburg, na fronteira com a Dinamarca, até Swinemünde, junto à Polônia. Além de ser praticamente plana, oferece as típicas atrações costeiras, como parques naturais com aves. Tem ainda a ponte Fehmarnsund, de quase um quilômetro de extensão e a 67 metros sobre o mar. Outras atrações na rota são as cidades de Travemünde, Lübeck, Wismar, Stralsund e Greifswald.
Foto: Fotolia/Herbert Gorges
6º - Ciclovia do rio Weser
A ciclovia de 515 quilômetros ao longo do rio Weser atravessa vários estados alemães. Entre as atrações, estão Bremen, a menor cidade-estado da Alemanha; Bremerhaven, uma das maiores cidades portuárias da Europa; Hannoversch Münden, Porta Westfalica e Cuxhaven.
Foto: picture-alliance/dpa
5º - Ciclovia do vale do Ruhr
Esta ciclovia de 230 km ao longo do rio Ruhr, no oeste da Alemanha, começa na nascente, em Winterberg, e termina na foz, em Duisburg-Ruhrort. O vale do Ruhr é uma antiga região mineradora. Os trechos com as paisagens mais bonitas são de Winterberg a Bestwig e de Schwerte a Mülheim, passando por Hattingen.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kusch
4º lugar - Ciclovia do Reno
Esta rota ao longo do Reno tem 1230 km e vai de sul a norte da Alemanha, ou seja, de Koblenz a Emmerich. Um trecho clássico são os 190 km entre Mainz e Colônia, com as encostas rochosas, vinhedos e castelos da Idade Média.
Foto: picture alliance/R. Hackenberg
3º lugar - Ciclovia do Danúbio
O trecho alemão da ciclovia tem 609 km e cruza o país. Ela começa na nascente do rio, em Donaueschingen, e segue até Passau, na fronteira com a Áustria. Ao longo da rota, vale a pena visitar a catedral de Münster, as cidades de Ingolstadt e Regensburg, e ainda a abadia beneditina de Vilshofen, com um museu sobre a vida de antigas tribos africanas. A catedral de Passau tem o maior órgão do mundo.
Foto: picture alliance/H. Punz/picturedesk.com
2º lugar - Ciclovia do Meno
Esta rota de 595 km foi a primeira ciclovia alemã a receber o máximo de cinco estrelas na avaliação do clube alemão de ciclismo ADFC. O trajeto liga Bayreuth a Mainz, sendo 90% asfaltados e quase 80% com 2,5 m de largura. Ao longo dela, há muitas cidades de valor histórico e cultural. Ochsenfurt, por exemplo, é do século 8º. Além de Frankfurt, há Mainz, onde os rios Meno e Reno se encontram.
Foto: picture-alliance/dpa
1º lugar - Ciclovia do Elba
A rota ao longo do segundo maior rio da Alemanha foi eleita pela décima vez seguida a melhor para turismo sobre duas rodas. O que não é surpresa: ela oferece paisagens de mar e montanha, e ao mesmo tempo muita cultura. A rota de 840 km vai de Schöna, junto à República Tcheca, até Cuxhaven, no Mar do Norte, passando por Dresden, Meissen, Hamburgo, e ainda vários patrimônios da humanidade da Unesco.