Localizar endereço na capital alemã pode não ser tão fácil quanto parece. Em Berlim, há dois sistemas de numeração de prédios e não há regra que determine onde cada um deles é usado. Explicação está na história.
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Quando criança, aprendi a me localizar nas ruas de Curitiba rapidamente: encontrar um número era fácil: de um lado estavam os pares, e do outro, os ímpares. E sempre cresciam ou desciam dependendo da direção. A dica me ajudava rapidamente a encontrar o endereço que procurava. E dava sempre certo, até eu chegar a Berlim.
Aqui essa dica é furada. Percebi quando procurava um número e acabei passando bem longe. Havia olhado apenas para um lado e não me liguei que a numeração era sequencial, crescendo até o fim da rua de um lado e continuando a contagem do outro para a direção do início da rua.
Depois disso, comecei a reparar neste caos. Não havia apenas um modelo de numeração: além desse crescente, havia ainda o tradicional em ziguezague – pares de um lado e ímpares do outro.
E a explicação para esta confusão está na história. A ideia de colocar números em casas veio da França – e ambos os sistemas também. O modelo crescente foi adotado como o padrão prussiano.
Porém, esse sistema tem um déficit: não permite, sem a completa reestruturação de endereços, a ampliação de ruas. Assim, a numeração em ziguezague começou a ganhar espaço na cidade em expansão e, em 1927, foi declarada o padrão oficial na capital alemã.
Dessa maneira, bairros onde houve poucas mudanças estruturais nos últimos 100 anos, como Wilmersdorf, Charlottenburg, Mitte e Kreuzberg, são os que possuem atualmente a maior quantidade de ruas com a numeração sequencial. Já em localidades com mais mudanças, o sistema ziguezague é o que se sobressai.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Dez animais selvagens que acharam em Berlim seu habitat
Capital alemã pode parecer só concreto, mas a vida selvagem é mais diversificada do que parece. Não só raposas, javalis e coelhos circulam pelas pelas ruas, como também é a cidade da Alemanha com o maior número de aves.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen
Raposas
Se de repente você der de cara com uma raposa depois de uma noitada em Berlim, não se preocupe – você não está tendo alucinações. A capital alemã virou habitat para as raposas, diz a especialista em animais selvagens Katrin Koch.
Foto: Reuters/F. Bensch
Guaxinins
Não só raposas podem cruzar seu caminho em Berlim. Guaxinins estão por toda parte. Eles gostam de subir nas casas e brincar em jardins e parques, e podem até ser encontrados em ruas movimentadas. Guaxinins vivem em cavernas. E mesmo numa cidade como Berlim eles encontram mais alternativas a cavernas na cidade do que no campo, seja em telhados, chaminés ou árvores ocas.
Foto: NABU Berlin
Javali
Como se raposas selvagens e guaxinins no meio de Berlim já não fossem assustadores, você ainda tem que cuidar dos porcos selvagens. Em geral, eles vivem na periferia da cidade, mas ultimamente estão vindo com mais frequência em direção ao centro, afirma Katrin Koch. A boa notícia é que eles nunca atacaram ninguém, e realmente não representam uma ameaça.
Foto: picture-alliance/dpa
Castores
Embora castores não sejam nativos de Berlim, nos últimos dez anos eles foram se instalando pouco a pouco na cidade. A espécie é protegida, e eles não podem ser caçados. Agora, os rios Havel e Spree estão praticamente tomados por castores. Por isso, todo cuidado é pouco durante mergulhos nas águas da capital alemã.
Foto: picture alliance/Arco Images GmbH
Morcegos
Gotham City pode ser a cidade do Batman, mas, no mundo real, Berlim é a cidade dos morcegos. Um de seus locais favoritos é a fortaleza renascentista no bairro Spandau, onde vivem aos milhares. Mas eles também podem ser vistos voando pelo centro da cidade, e usando os prédios como se fossem falésias.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thomas
Coelhos
Como em outras grandes cidades alemãs, os coelhos adoram os parques verdes de Berlim. Na capital, eles frequentam muito o parque Kleistpark. Certa vez encontrei uma raposa cercada por uma família de coelhos no meio de Berlim. Cheguei a pensar que estava numa cena de "Alice no país das maravilhas".
Foto: NABU/Jens Scharon
Águias
A maior sensação entre os animais selvagens em Berlim é a águia-rabalva, que tem uma cauda branca. Segundo Katrin Koch, depois de quase cem anos, o primeiro exemplar foi visto em Berlim em 2002. É a maior ave de rapina da cidade. Então, da próxima vez que você observar um grande pássaro marrom com uma grande envergadura e um bico amarelo afiado fazendo rondas sobre Berlim, tire uma foto...
Foto: picture-alliance/dpa
Falcões
O falcão mais famoso em Berlim é o francelho. Eles adoram voar sobre nossas cabeças e pousar em buracos nas paredes e janelas. Os falcões são animais protegidos pela ONG Nabu, que instalou caixas para ninhos em escolas, igrejas e prédios industriais.
Foto: Imago/McPhoto/blickwinkel
Pardais
Berlim é a cidade alemã com o maior número de aves, sejam pássaros, aves de rapina ou grandes gaivotas. Um dos mais graciosos é o pardal, que come de sua mão. Enquanto a população de pardais em outras cidades alemãs, como Hamburgo, está diminuindo, na capital alemã ela cresce. Cuidado para não mergulharem com o bico em sua comida quando você não estiver prestando atenção!
Foto: NABU/Nikolai Kraneis
Corujas da noite
Um "animal selvagem" berlinense bem original é a coruja da noite ou animal de festas. Seu habitat são os bairros Neukölln, Friedrichshain e Kreuzberg. Eles podem ser identificados por seus corpos cobertos de brilho, por beberem Club-Mate, uma bebida de mate com cafeína, e a atração por música eletrônica. Nas primeiras horas da manhã, eles podem ser encontrados dormindo em trens pela cidade.