O Hertha Berlim, carinhosamente chamado de "velha dama", completa 125 anos e, como presente de aniversário, deseja aumentar a torcida. Mas a estratégia para alcançar a meta não agradou aos antigos torcedores.
Anúncio
O time de futebol mais bem-sucedido da capital alemã, o Hertha Berlim, completa 125 anos nesta semana. Apesar de ser o único representante berlinense na primeira divisão da Bundesliga há décadas, o clube vem tendo dificuldade de atrair novos torcedores, principalmente entre as centenas de moradores que a cidade ganha a cada ano.
A "velha dama", como é carinhosamente chamado, tem tradição entre os habitantes da antiga Berlim Ocidental. O muro que dividiu a capital alemã parece continuar sendo uma barreira para a torcida do Hertha, que se concentra nos bairros Spandau, Wedding, Charlottenburg e Zehlendorf – regiões mais tradicionais e com uma população de idade mais avançada.
Embora seja o único time da cidade a figurar na primeira divisão do campeonato alemão, o Hertha tende a perder o coração de jovens torcedores de outros bairros ou novos moradores para o Union, antigo time do lado oriental. Atualmente, o Union joga na segunda divisão, mas essa posição não impediu o time de praticamente triplicar o número de sócios-torcedores nos últimos dez anos, alcançado mais de 16 mil.
Diante dessa dificuldade, o Hertha, às vésperas do seu 125º aniversário, investiu numa nova estratégia de marketing, que visava renovar a imagem da "velha dama" e atrair torcedores dos bairros da moda de Berlim, como Prenzlauer Berg e Kreuzberg.
Mas slogans como "start-up berlinense desde 1892" ou "Nós tentamos, nós falhamos, nós ganhamos" e camisetas com cores em neon, em vez de atrair novos torcedores, acabaram irritando os antigos. Num jogo, a torcida organizada do Hertha apareceu com uma faixa de protesto: "Hertha, deixe de ser hipster".
Inicialmente, parece-me meio forçada essa tentativa de mudança de imagem. Embora o Hertha tenha uma grande ligação com o Brasil – a torcida lembra até hoje de jogadores brasileiros que passaram por lá: como Raffael, Ronny e Marcelinho, que inclusive inspirou o nome do mascote, o Herthinho –, se tivesse que escolher um time em Berlim, seria o Union, pois além de a atmosfera de seu estádio ser mais emocionante, a torcida, aparentemente, é muito mais engajada e simpática.
O Union joga num estádio pequeno, com capacidade para 22 mil pessoas, reformado com doações dos próprios torcedores, que fizeram dele uma extensão de sua casa. Desde 2013, por exemplo, eles se reúnem no estádio em dezembro para cantar músicas natalinas e, na última Copa do Mundo, os berlinenses foram convidados a levar seus sofás ao campo para assistirem a um dos jogos do Mundial num telão.
Um dos grandes problemas do Hertha é justamente o estádio. O clube joga no monumental Estádio Olímpico, atualmente padrão Fifa, com capacidade para quase 75 mil torcedores. A arquitetura impressiona, mas a sua grandiosidade faz com que seja frio e impessoal. Por mais que mais de 50 mil torcedores estivessem presentes em jogos a que fui, o estádio me pareceu sempre meio vazio.
O problema do estádio também faz parte da construção da nova imagem da "velha dama". O clube pretende construir um novo, menor, para aproximar o campo da torcida.
Apesar das reclamações sobre a estratégia hipster, a direção do Hertha se mantém firme nessa decisão. Será preciso esperar alguns anos para saber se o caminho escolhido pelo Hertha trouxe os frutos esperados.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Onze termos de futebol em alemão
Aprenda a falar alemão como um campeão mundial. É hora de aprimorar seu vocabulário futebolístico. Confira aqui 11 palavras que vão lhe ajudar a acompanhar o esporte na Alemanha.
Foto: picture-alliance/GES-Sportfoto
"Schiri"
Esta é a forma abreviada de "Schiedsrichter" e se refere à pessoa com mais poder em campo: o juiz. A equipe de árbitros é responsável pelo jogo. São eles quem decide a validade de um gol ou que punição um jogador merece após cometer uma falta. Assim como "Schiri", muitas abreviações em alemão derivam das primeiras letras de cada sílaba de uma palavra longa.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Weinhrauch
"Fallrückzieher"
É a famosa "bicicleta". O jogador se inclina para atrás, apoiando-se numa perna e, em seguida, chuta a bola acima do nível da cabeça com a outra, com seu corpo já no ar como se estivesse pedalando. Devido à complexidade e desempenho incomuns, esta é uma das jogadas mais célebres do futebol, cuja criação é atribuída ao brasileiro Leônidas da Silva.
Foto: picture-alliance/AP
"Abseits"
É uma das palavras mais gritadas pela defesa de um time ao trio de arbitragem durante o jogo: "abseits" é o termo em alemão para "impedimento". Um jogador está impedido quando, no momento em que a bola é lançada, há apenas um adversário entre ele e a linha de fundo. Em caso de "abseits", o juiz concede um tiro livre indireto para o time adversário.
"Flanke"
"Flanke" pode ser traduzido como "cruzamento". É quando o jogador vai à lateral e lança a bola em direção à área, geralmente pelo alto, na esperança de encontrar um atacante. É aquele recurso visto muito nos minutos finais de um jogo, na busca desesperada por um gol. Mas também ferramenta preciosa para algumas equipes, sobretudo as que possuem bons cabeceadores.
Foto: Imago
"Schwalbe"
Literalmente, a palavra significa "andorinha", mas não se deixe enganar por esse suave nome de pássaro. No futebol, "schwalbe" é simulação, um mergulho deliberado feito por um jogador, procurando cavar um pênalti ou uma falta, mesmo sem ter sido atingido. Alemães não gostam muito de simulação, e jogadores que praticam isso com frequência são chamados de "schwalbenkönig" ou "rei das andorinhas".
Foto: Getty Images/Bongarts/M. Hangst
"Finte"
"Finte" é aquilo que os brasileiros dominam como poucos. Como a própria palavra alemã sugere, é a "finta" ou o mais popular "drible". Devido a sua técnica e habilidade, driblando mais do que a média dos alemães, o atacante Mario Götze ganhou o apelido de "Götzinho" quando surgiu para o futebol.
Foto: Joern Pollex/Bongarts/Getty Images
"Notbremse"
Literalmente, essa palavra significa "freio de emergência". No futebol, no entanto, um "notbremse" acontece quando um jogador provoca uma falta de maneira proposital, para evitar um gol da equipe adversária. É uma estratégia de risco: não raro o jogador é punido com cartão amarelo e, se houver clara chance de gol, com o vermelho.
Foto: picture alliance/Pressefoto Ulmer/M. Ulmer
"Elfmeter"
Toda equipe vibra quando um juiz marca um "Elfmeter", já que se trata de uma oportunidade clara de balançar as redes. O pênalti tem esse nome em alemão – "onze metros" – devido à distância entre a bola e a linha de fundo na hora da cobrança.
Foto: Getty Images/Bongarts/A. Hassenstein
"Zuckerpass"
É, como em português, o "passe açucarado", aquele que geralmente deixa o companheiro na cara do gol ou em chances claras de balançar as redes.
Foto: Getty Images/O. Greule Jr
"Tor"
Em alemão, "Tor" também quer dizer "portão". No futebol, é aquela palavra que os alemães gritaram sete vezes no dia 8 de julho de 2014 - e que os brasileiros não aguentavam mais ouvir. Já um "Eigentor", literalmente "gol próprio", é um infeliz gol contra.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Thissen
"Goldenes Tor"
"Goldenes Tor" ou "gol dourado" é um termo em alemão para definir o único gol marcado numa partida. Isso não deve ser confundido com o "gol de ouro", uma regra antes utilizada no futebol, e não mais permitida pela Fifa, para definir o vencedor na prorrogação de uma partida.