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Checkpoint Berlim: Dia de protestos

1 de maio de 2017

Confusão e violência se tornaram tradição no Dia do Trabalho em Berlim. Primeiro de Maio é o feriado mais emblemático da capital alemã e há 30 anos costuma ser marcado por carros e lixeiras em chamas.

Confrontos são tradição no Primeiro de Maio em Berlim, como ocorreu em 2001
Batalhas de rua são tradição no Primeiro de Maio berlinense, como em 2001. Mas violência tem diminuído desde 2009Foto: picture-alliance/ZB

De todos os feriados e eventos que ocorrem em Berlim, o Primeiro de Maio é o mais emblemático. Enquanto outras regiões da Alemanha comemoram o Dia do Trabalho com festas que convidam o público a entrar dançando no mês, a capital dedica o dia ao protesto e costuma amanhecer em chamas, com carros e lixeiras sendo incendiados em diversos bairros.

As manifestações começam muitas vezes com marchas de neonazistas, que costumam encontrar resistências de manifestantes, geralmente em número bem maior, contrários ao ódio propagado pelo grupo. Trabalhadores também saem às ruas em eventos organizados por sindicatos.

O ponto alto, no entanto, é a marcha convocada pela esquerda autônoma, que ocorre há quase 30 anos em Kreuzberg, com ou sem autorização da polícia – na Alemanha todo protesto precisa ser previamente registrado e autorizado.

Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

No fim da tarde, milhares de manifestantes, vestindo preto, se deslocam pelo bairro. Nem sempre o percurso é completado pacificamente. Do nada, garrafas costumam voar de um lado para o outro. Ao primeiro sinal deste voo, a polícia parte para cima do grupo, tentando dispersar os manifestantes. A ação acaba muitas vezes em enfrentamentos noite adentro. 

Assim como os protestos, esse confronto também virou uma tradição do Primeiro de Maio em Berlim e teve início em 1987, quando Kreuzberg tornou-se um campo de batalha entre polícia e manifestantes. A "guerra", que durou mais de 12 horas, deixou mais de 240 policiais feridos e 50 manifestantes detidos.

No ano seguinte, a esquerda autônoma começou a organizar a marcha, chamada de Protesto Revolucionário de Primeiro de Maio, que reuniu não somente militantes da esquerda, mas também grupos com vontade de arrumar confusão. Com essa mistura explosiva, a violência foi ainda maior do que em 1987.

A receita foi seguida nos anos seguintes. Apesar de ser uma situação já esperada, os confrontos anuais incomodavam moradores do bairro e autoridades. Por isso, numa tentativa de diminuir o potencial de violência dos manifestantes, há 15 anos foi criada uma festa com diversos palcos espalhados em Kreuzberg para apresentações artísticas, em paralelo a uma feira culinária.

A Myfest parece ter alcançado seu objetivo nos últimos anos e ganhou espaço na data destinada ao confronto anual. Desde 2009, a violência causada pelo embate entre participantes do Protesto Revolucionário de Primeiro de Maio e policiais diminuiu significativamente.

Neste ano, porém, a expectativa é de um aumento no potencial de violência. A polícia proibiu o Protesto Revolucionário, mas os organizadores já confirmam que a marcha vai ocorrer mesmo assim e afirmaram que ela será um teste para mobilização programada contra a reunião da cúpula do G20, que acontecerá no início de julho em Hamburgo.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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