Berlim vai às urnas no fim de semana. Cidade está decorada com placas de campanha. Criatividade de candidatos em propaganda eleitoral não deixa nada a desejar às de eleições brasileiras.
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No domingo, Berlim vai às urnas escolher seus representantes na assembleia legislativa municipal e distrital – o partido mais votado, ou sua coalizão, indica então o novo prefeito. Cartazes de candidatos e partidos decoram as ruas da capital. E engana-se quem pensa que os berlinenses levam campanha política tão a sério. A criatividade dos candidatos da cidade não deixa nada a desejar às eleições no Brasil.
Com poucas chances de repetir o sucesso eleitoral da última votação, o Partido Pirata é o mais irreverente. E pela variedade de estilos, a propaganda provavelmente ficou a critério de cada candidato. O Jan da foto quis fazer uma paródia com a série de TV Better call Saul – derivada da famosa Breaking Bad –, mas deve ter esquecido que o protagonista tem um caráter duvidoso, e isso pode afetar sua imagem entre os eleitores...
Os partidos tradicionais, União Democrata Cristã (CDU), Partido Social Democrata (SPD), A Esquerda e os Verdes, preferiram manter a discrição e evitaram deixar espaço para a criatividade dos candidatos – os cartazes são padrão, mudam somente foto e nome. Provavelmente para evitar que propagandas constrangedoras manchem a imagem das legendas.
Já nas propagandas gerais, apenas os Verdes saíram com slogans que pretendiam ser criativos e provocantes, mas o resultado não foi bem o esperado. "As startups mais importantes de Berlim: crianças" ou "Berlim precisa de novas vias: ciclovias". Difícil perceber o que se passou exatamente na mente do criador da propaganda para achar que a população levaria a sério esse tipo de frase.
Na tentativa de conquistar algumas cadeiras na assembleia local e voltar a fazer parte do governo, o Partido Liberal Democrático (FDP) – cuja sigla geralmente causa risos entre brasileiros –, inovou com uma propaganda colorida estilizada e um slogan conservador para padrões liberais: "manteremos o aeroporto Tegel aberto", mesmo após a inauguração do novo aeroporto internacional.
Já os partidos populistas de extrema direita parecem ter esquecido que a eleição é local: defendem uma Alemanha para os alemães, contra estrangeiros e refugiados, e por aí pregam preconceito e ódio em nível nacional.
A batalha pela atenção nas ruas da capital é grande. Há postes superlotados de cartazes. No domingo, os eleitores escolhem quais slogans devem ser recompensados com a vitória nas urnas. E semana que vem toda essa decoração vai parar no lixo.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Os dez melhores filmes em Berlim
Palco de guerra e conciliação, centro de política e diversão, cidade de agentes e criminosos, música e poesia: há mais de 100 anos o cinema enfoca Berlim. Quais são os seus filmes preferidos sobre a mágica metrópole?
Foto: picture-alliance/dpa
#10: Menschen am Sonntag
Um olhar cético: a modelo Annie (Annie Schreyer) bem gostaria de passar o domingo em casa. Seus amigos estão se divertindo no lago Wannsee. Berlim e cercanias são os verdadeiros protagonistas de "Gente no domingo", uma mistura de documentário e ficção lançada em 1930. A direção conjunta desse legendário pioneiro entre os filmes sobre Berlim coube a Robert Siodmak e Edgar G. Ulmer.
Foto: Imago/United Archives
#9: Cabaret
O diretor e coreógrafo americano Bob Fosse rodou o musical "Cabaret" em 1972, em duas cidades alemãs: a maioria das externas em Berlim Ocidental, as cenas internas em estúdios de Munique. A trama da intensa tragicomédia, premiada com oito Oscars, se desenrola em 1931, tendo a ascensão do nazismo como pano de fundo para os improváveis amores Liza Minnelli (na foto, com Joel Grey).
Foto: picture-alliance/AP Photo/Warner Bros. Home Video
#8: Die Mörder sind unter uns
Wolfgang Staudte realizou "Os assassinos estão entre nós" em 1946, como primeira produção cinematográfica alemã após a Segunda Guerra Mundial, pela companhia Defa. As filmagens se dividiram entre estúdios berlinenses e locações autênticas na metrópole devastada – dando origem ao gênero "Trümmerfilm" ("filme das ruínas"). A estreia foi no setor de Berlim sob ocupação soviética.
Foto: DEFA
#7: One, two, three
Billy Wilder enfrentou circunstâncias espetaculares ao realizar "Cupido não tem bandeira" em 1961. O veterano hollywoodiano nascido na Áustria pretendia usar como cenário a Berlim dividida, mas ainda basicamente transitável. Durante as filmagens, porém, o Muro foi erguido. Por ser impossível filmar no Portão de Brandemburgo, o monumento precisou ser trabalhosamente replicado em Munique.
Foto: picture-alliance/dpa
#6: Bridge of Spies
A trama da coprodução teuto-americana "Pontes dos espiões" (2015) igualmente se desenrola no auge da Guerra Fria. O aclamado Steven Spielberg realizou as filmagens em locações originais da capital alemã. Além do icônico Muro de Berlim, recebe destaque a Glienicker Brücke, ponte historicamente famosa como local de troca de espiões na Alemanha dividida.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
#5: Berlin is in Germany
Em 2001 Hannes Stöhr salpicou com imagens eloquentes da nova-velha capital sua história de um outsider da história. Em "Berlim fica na Alemanha", Jörg Schüttauf (na foto, à esquerda) interpreta Martin, cidadão da extinta RDA que começou a cumprir sua pena de prisão nos tempos do regime comunista. Ao ser libertado, a queda do Muro e o país reunificado são coisas que ele só conhece da televisão.
Foto: Imago/EntertainmentPictures
#4: Sommer vorm Balkon
Andreas Dresen concentrou a ação de "Verão em Berlim" (2004) no bairro Prenzlauer Berg. As protagonistas Katrin (Inka Friedrich) e Nike (Nadja Uhl) têm sua amizade posta à prova ao conhecerem um caminhoneiro boa-vida. A combinação de comédia social e colorido local berlinense agradou ao público nacional.
Foto: Imago/United Archives
#3: Oh Boy
O diretor Jan-Ole Gerster evocou atmosferas anticonvencionais em seu primeiro longa. Com grande sensibilidade para nuances poéticas, encenou a trajetória do melancólico Niko Fischer (Tom Schilling), que largou a universidade e vaga pelas ruas berlinenses. Trabalho de conclusão do curso de cinema para Gerster, "Oh Boy" (2012) conquistou seis Prêmios do Cinema Alemão, entre outros.
Foto: picture-alliance/dpa/X-Verleih
#2: Victoria
Em 2015, Sebastian Schipper conseguiu materializar nas telas o mundo noturno da juventude de Berlim. Tudo começa com uma noitada num clube, onde vários amigos se reúnem – mas acabam por se envolver num redemoinho de situações imprevistas e potencialmente fatais. Rodado em uma única tomada, o thriller "Victoria" oferece 140 minutos de autêntica vivência jovem berlinense.
Foto: Panorama Entertainment
#1: Der Himmel über Berlin
Mais berlinense de todos os filmes berlinenses, "As asas do desejo" (1987) deve ao fotógrafo francês Henri Alekan inesquecíveis imagens em preto-e-branco da metrópole a poucos anos da queda do Muro. Wim Wenders enfoca Damiel (Bruno Ganz) e Cassiel (Otto Sander), dois anjos que observam e guardam à distância a vida na cidade. Até que um deles sucumbe ao fascínio de ser humano. Ou de Berlim?