Checkpoint Berlim: No clarinho do cinema
22 de julho de 2016Berlim é a capital dos cinemas. Além de um festival internacional de renome, há diversas salas de exibições espalhadas por seus bairros. E, no verão, o cinema ultrapassa as quatro paredes, encontrando abrigo em parques, praças e espaços abertos.
Os Freiluftkinos (cinemas a céu aberto) dão uma cara nova à cidade nos meses quando os termômetros se esquecem das temperaturas congelantes. Essa diversão temporária é bastante popular, com sessões concorridas.
Ir aos Freiluftkinos é uma experiência bem diferente das habituais salas escurinhas. A começar pelo escurinho – no auge do verão ainda é claro até as 22h. Assim, o filme geralmente começa às claras, e a noite vai chegando de mansinho no decorrer da película. Se o tempo ajudar, no meio da sessão, haverá estrelas decorando o "cinema".
Outro aspecto que distingue do cinema convencional é o sistema de som, onde muitas vezes temos a impressão de estarmos quase dentro do filme. Já estive em Freiluftkinos com duas formas de transmissão sonora: com alto falantes, como em shows, e com fones de ouvido.
Prefiro a segunda opção, que permite o ajuste individual do volume. A desvantagem é não poder comentar aquele momento incrível com o vizinho de cadeira. A transmissão por alto falantes abre espaço para a interação social, mas o som se mistura ao ambiente e pode dificultar o entendimento do filme. Certa vez, o ajuste do sistema não estava lá essas coisas e mal se conseguia escutar os diálogos. Acho que o público do cinema teve a mesma dificuldade, pois, no meio filme, quase ninguém mais prestava atenção, e todo mundo batia papo com os amigos.
Para quem gosta do escurinho do cinema e de um som incrível, os Freiluftkinos não são uma boa opção. Já para quem está aberto a novas experiências, o cinema a céu aberto permite curtir um filme a partir de uma nova perspectiva. Mas vá bem agasalhado, pois, apesar de ser verão, as temperaturas noturnas em Berlim podem ser bem frescas.
A temporada dos Freiluftkinos vai de maio a setembro. Há mais de 15 "salas" espalhadas pela cidade. O programa é variado, indo de estreias internacionais até clássicos e reprises de grandes sucessos.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.