Checkpoint Berlim: O inverno e moradores de rua
6 de novembro de 2017Não existe números concretos, mas as autoridades estimam que cerca de 6 mil pessoas moram nas ruas de Berlim. Mais da metade deles seriam de outros países da Europa. Muitos vieram para a cidade em busca de uma vida melhor ou de aventura e acabaram perdendo o rumo na capital alemã.
Dramas familiares, crise financeira, doenças psicológicas, drogas, álcool: diversos são os motivos que levam pessoas a acabar nessa situação. Durante o verão, muitos dormem em parques, bancos ou no meio da rua. Com a chegada do inverno, porém, um risco a mais surge na vida destas pessoas: a hipotermia.
Por isso, um projeto reúne iniciativas que oferecem abrigos para moradores de rua, ônibus para transportá-los até esses locais e administra cafés que ficam abertos a noite toda para receber pessoas sem teto. A temporada de trabalho da Ajuda para o Frio Berlinense começa no início de novembro e vai até 31 de março.
O projeto social, que reúne iniciativas cristãs e é coordenado em parceria com a prefeitura, presta auxílio a moradores de ruas no inverno desde 1989. Além de distribuir e manter camas em abrigos, a Ajuda para o Frio Berlinense também serve sopas, presta assessoria médica e realiza doação de roupas para os necessitados.
Com o aumento no número de moradores de rua na cidade nos últimos anos, a prefeitura elevou o investimento no programa, mas a quantidade de camas disponíveis ainda é bem menor do que o necessário. Neste ano, há espaço nestes locais para cerca de mil pessoas.
Recentemente, tem se falado numa crise moradores de rua na cidade. As prefeituras distritais tentam encontrar meios para solucionar o problema. Apesar de muitas ideias, Berlim parece estar longe de resolver essa situação e, enquanto isso não acontece, a Ajuda para o Frio Berlinense e seus voluntários continuarão tentando minimizar o frio do inverno para os moradores de rua.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.