Até 1925, berlinenses costumavam mergulhar no Spree. Hoje, rio que corta Berlim foi tomado pela poluição. Essa realidade pode mudar em breve, com iniciativa que deseja criar uma praia fluvial no centro da capital alemã.
Anúncio
Rios costumam deixar paisagens urbanas mais leves, mas nem sempre são aproveitados ao máximo pelos moradores, como em Berlim. Mergulhos no Spree, ao longo da famosa Ilha dos Museus, eram comuns até 1925. Consumido pela poluição ao longo das décadas, hoje quase ninguém se aventura mais nessas águas – apenas exibicionistas ou alguns bêbados que caem acidentalmente.
E mesmo se houver coragem para essa aventura, nadar no Spree é proibido, não somente pela péssima qualidade da água, mas também devido aos riscos gerados por barcos que navegam na região. Quem desafia a proibição corre o risco de pagar uma multa de até 200 euros. Porém, uma iniciativa quer mudar esse cenário e reviver o glorioso passado banhista do Spree.
Há 20 anos, a Associação Praia Fluvial Berlim sonha em limpar o rio e criar uma praia na altura da Ilha dos Museus, para os berlinenses aproveitarem melhor as águas que embelezam a paisagem da cidade. A iniciativa deseja concretizar esse projeto até 2025 – data que marcaria o centenário dos últimos mergulhos no rio.
Depois de duas décadas quase no limbo, o projeto tem agora uma chance de sair do papel, pois finalmente conseguiu atrair o apoio do governo local. Para limpar o Spree na altura da praia fluvial, a associação pretendem instalar um filtro natural, desenvolvido por engenheiros que fazem parte da iniciativa.
Um projeto piloto de filtros foi construído num barco que ficará ancorado no Spree durante dois anos. O estudo procura determina que tipo de filtro ecológico – plantas, conchas ou cascalhos – seria mais eficiente na limpeza destas águas.
Quanto custaria tirar do papel a praia fluvial, que prevê também a construção de banheiros públicos para os banhistas, ainda é um mistério. A associação evita falar em números, pois, segundo os idealizadores, eles pretendem apresentar um orçamento concreto que corresponda à realidade e, para isso, aguardam os resultados dos testes do projeto piloto.
Apesar de todas as incertezas, os idealizadores da praia fluvial têm certeza que será possível limpar parte do Spree até 2025.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Ilha dos Museus em Berlim
Patrimônio da Humanidade desde 1999, este complexo único de museus foi projetado por importantes arquitetos da época. Eles abrigam um acervo artístico que vai da proto-história até o início do século 20.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Ilha dos Museus
Maquete virtual do plano diretor da Ilha dos Museus, com projetos de reforma e ampliação dos prédios históricos no centro de Berlim. Vista do lado oeste. Da esquerda para a direita: Museu Bode, Museu de Pérgamo, Novo Museu, Antiga Galeria Nacional (atrás) e Museu Antigo.
O Museu Antigo (Altes Museum), na Ilha dos Museus, em Berlim foi um projeto de Karl Friedrich Schinkel construído de 1825 a 1830.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Museu Antigo, vista noturna
O Museu Antigo abriga a Coleção de Antiguidades Clássicas dos Museus de Berlim. O prédio, um dos mais importantes no mundo em seu gênero, é considerado um dos principais trabalhos de Schinkel.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Ilha dos Museus, vista noturna
O jardim Lustgarten à noite, visto a partir do rio Spree, com o Museu Antigo e a Catedral de Berlim.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Escultura, torre e catedral
Vista da Catedral de Berlim e da torre de televisão. Escultura "Amazona lutadora" (August Kiss, 1842), em frente ao Museu Antigo.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Antiga Galeria Nacional
A Antiga Galeria Nacional (Alte Nationalgalerie) foi construída entre 1866 e 1876 por Heinrich Strack sobre um projeto de August Stüler.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Antiga Galeria Nacional
O prédio da Antiga Galeria Nacional combina diferentes tipos de elementos arquitetônicos. A fachada e as meias colunas lembram um templo, a escadaria monumental parece ser de um castelo e a abóbada parece de uma igreja.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Novo Museu
O Novo Museu (Neues Museum) foi projetado entre 1843 e 1855 por Friedrich August Stüler. O prédio foi reformado e reaberto ao público em 2009.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Fachada do Museu Bode
O Museu Bode (leia-se Bôde) leva o nome de Wilhelm von Bode, criador do Museu Kaiser Friedrich, que mudou de nome em sua homenagem em 1904.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Museu Bode
O Museu Bode abriga uma rica coleção de esculturas e arte bizantina, além de uma das maiores coleções de numismática do mundo.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Museu Bode, vista noturna
Em 2006, o museu foi reaberto depois de as obras da reforma terem levado seis anos.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Bode e Pérgamo
Vista da ala oeste do Museu Bode ao longo do rio Spree, com Museu de Pérgamo ao fundo.
Foto: SMB; Foto: C. Albuquerque
Pavilhão temporário
Vista noturna do antigo pavilhão de exposições temporárias (d.), no local onde hoje está sendo reconstruído o Palácio de Berlim.
Foto: C. Albuquerque
Bulevar Unter den Linden
Vista noturna do jardim Lustgarten e do bulevar Unter den Linden com a Catedral de Berlim (e.) e a torre de televisão.
Foto: C. Albuquerque
Rio Spree e a catedral
A catedral de Berlim (Berliner Dom) é uma das maiores igrejas protestantes da Alemanha. Ela foi construída entre 1894 e 1905 segundo um projeto de Julius Raschdorff.