Reconstrução do antigo Palácio de Berlim segue em ritmo acelerado no centro da capital. Obra tão desejada por alguns é alvo de críticas. Relembre a polêmica.
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Berlim é uma cidade contraditória. Enquanto iniciativas tentam modificar o nome de ruas que homenageiam figuras do passado sombrio da cidade, o passado colonialista da capital alemã volta a marcar presença com a reconstrução parcial, em estilo barroco, do antigo Palácio de Berlim. Ele abrigará, no futuro, o Fórum Humboldt.
Em ritmo acelerado, a construção vai ganhando forma e preenchendo o terreno, ocupado antigamente pelo Palácio da República, no centro da cidade. O símbolo da República Democrática Alemã (RDA), sede parlamentar e centro cultural, ocupou este espaço entre 1976 e 2006, após o prédio original ter sido demolido na década de 1950 devido a danos estruturais causados por bombardeios na Segunda Guerra Mundial.
Mas com o fim da RDA e o amianto presente em suas estruturas, o Palácio da República não conseguiu sobreviver ao intenso lobby da Sociedade para a Reconstrução do Palácio de Berlim, movimento criado em 1991 com o objetivo de botar abaixo a construção socialista e reerguer o "dono” original do espaço.
Estimada em aproximadamente 600 milhões de euros, a obra do Fórum Humboldt deve ser inaugurada em 2019. A conta está sendo paga pelo governo e por doações.
A volta do palácio, construído a partir de 1701, tão comemorada por alguns, é alvo de críticas. O local teve seu auge, além de uma posição de destaque, durante o período colonialista alemão. Como residência imperial entre 1871 e 1918, de lá saíram as ordens para atrocidades cometidas durante o período.
Outra crítica é referente ao futuro acervo do fórum, planejado para abrigar uma exposição das culturas do mundo. O local receberá obras etnológicas originárias de a África, Ásia e América, que atualmente estão espalhadas em diversos museus na capital. Muitas das peças foram trazidas para a Alemanha durante o império colonial e sem a autorização de países de origem.
Pessoalmente, fui contra a reconstrução. Os recursos investidos são altos e poderiam ir para outros projetos mais urgentes que a cidade precisa, por exemplo, uma melhor infraestrutura para bicicletas. Além disso, a imponente construção cimenta ainda mais o centro da capital, deixando pouco espaço para o verde ou para curtir um fim de tarde ensolarado na beira do rio.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
Dez museus alemães que você precisa conhecer
Seja arte moderna, dos velhos mestres ou mesmo a céu aberto, a Alemanha tem mais de 6.500 museus. Da Ilha Museu Hombroich até a Antiga Galeria Nacional em Berlim, uma lista de atrações imperdíveis.
Foto: Museum Frieder Burda
Museu Ilha Hombroich
Especialistas em arte consideram o Museu Ilha Hombroich, perto de Neuss, um dos dez melhores museus alemães. Na área de 72 hectares, arte, arquitetura e natureza dialogam com o ser humano. As dez edificações criadas pelo escultor Erwin Heerich são obras autônomas, que contêm peãs de arte de dois séculos e de diversas culturas.
Foto: Stiftung Insel Hombroich/Fotograf / Tomas Riehle, Bergisch Gladbach
Museu da Emigração, Bremerhaven
Aqui não há ingresso, mas um cartão de embarque. Com ele, o visitante acompanha emigrantes, como a médica judia Hertha Nathorff, que fugiu do nazismo para os EUA. Com o chip do cartão, pode-se buscar informações da viagem de Bremerhaven até Nova York. E há muitas outras histórias e lembranças de quem deixou a Alemanha em busca de novos desafios ou melhores condições de vida nos séculos passados.
Foto: picture-alliance/dpa/Ingo Wagner
Museu Folkwang, Essen
Já o prédio em si é uma arte, projetada em aço e vidro pelo arquiteto britânico David Chipperfield. O museu é um dos primeiros a não cobrar ingresso do visitante. Isso possibilita uma nova interação, em que mesmo crianças podem experimentar um mundo novo. Bem atuais são os enormes trabalhos em fotografia de Thomas Struth.
Foto: Thomas Struth
Museu a céu aberto, Klockenhagen
Quer visitar um museu num dia de sol? Pode fazer isso em Klockenhagen, junto ao Mar Báltico. Antigas propriedades rurais no meio da natureza permitem "visitar" séculos passados. A lojinha da vila ainda tem vidros com balas e brinquedos de metal, como antigamente.
Foto: Imago/alimdi
Antiga Galeria Nacional, Berlim
O museu de arte Antiga Galeria Nacional (Alte Nationalgalerie) fica na Ilha dos Museus, em Berlim, e tem um amplo acervo de pinturas do século 19.
Foto: Fotolia/mkrberlin
Museu de Arte da Arquidiocese, Colônia
O Kolumba, Museu de Arte da Arquidiocese de Colônia, foi construído em novo local em 2007. O prédio projetado pelo arquiteto Peter Zumthor é uma obra-prima do Modernismo e foi construído sobre as ruínas da Igreja de Santa Columba – destruída na Segunda Guerra Mundial. O acervo combina tesouros eclesiásticos e arte contemporânea.
Foto: Kolumba, Köln/Helene Binet
Casa da História, Bonn
É interessante como a Casa da História (Haus der Geschichte) representa o que aconteceu na Alemanha desde logo após o fim da 2ª Guerra até hoje, seja com um pedaço do Muro, carros antigos ou vídeos da Alemanha destruída e de como ela se reergueu. Além disso, há visitas guiadas à antiga Chancelaria Federal e ao Palácio Schaumburg, de onde a chefe de governo da Alemanha trabalha quando está em Bonn.
Foto: Imago/S. Spiegl
Museu de Comunicação, Berlim
Como era mesmo quando ainda não havia e-mail ou Whatsapp? Quando as informações eram transportadas por meios analógicos? Descubra no Museu da Comunicação em Berlim. Uma visita é como uma viagem ao passado, desde os tempos dos sinais com fumaça até os robôs. Geniais são as instalações interativas: onde mais ainda existem sistemas de transporte pneumático hoje em dia?
Foto: Museum für Kommunikation Berlin
Centro de Arte e Mídia (ZKM), Karlsruhe
Da pintura a óleo ao app, da composição clássica ao CD: o Centro de Arte e Mídia (ZKM), em Karlsruhe, reúne todas as formas de arte contemporânea. Instalado numa antiga fábrica de munição, o museu congrega em sua estrutura o Museu de Arte Nova, o Museu da Mídia, o Instituto de Mídias de Imagem, o Instituto de Música e Acústica e o Instituto de Mídia, Educação e Economia.
Foto: picture-alliance/dpa
A coleção de Frieder Burda, Baden Baden
O prédio é perfeitamente equipado e as mostras temporárias da coleção de Frieder Burda em Baden Baden são únicas. O acervo inclui mil obras de arte moderna e contemporânea, entre pinturas, esculturas, objetos, fotografias e obras sobre papel. Trata-se de uma das coleções privadas mais importantes e valiosas da Europa.