Na capital alemã, um dos túneis do metrô começa dentro de um edifício habitado. Construção bizarra é resquício de projeto da década de 1920, quando era mais barato adaptar prédio do que demoli-lo.
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Umas das primeiras coisas que me chamou a atenção no metrô de Berlim foi um túnel da linha U1 que passa, literalmente, por dentro de um prédio. O "edifício-túnel" fica entre as estações Gleisdreieck e Kurfürstenstrasse. Essa "maravilha" arquitetônica foi construída em 1926, durante a ampliação da linha de metrô.
Na época da construção da linha, a empresa de transporte público comprou os 25 terrenos por onde passaria o túnel que faria a ligação com a estação de superfície (Gleisdreieck) e levaria o metrô até o subsolo para continuar a jornada por baixo da terra. Em vez de demolir os prédios, era mais barato e prático "reformar" alguns apartamentos que foram transformados em túnel.
Uma proteção acústica foi construída para diminuir o barulho causado pelos vagões que passariam no local. Anos mais tarde, veio a Segunda Guerra Mundial, e Berlim foi bombardeada sem dó nem piedade. Assim, quase todos os prédios na região foram destruídos, menos um: o primeiro no caminho do metrô.
A guerra selou o destino do edifício, que sobreviveu quase intacto às milhares de bombas jogadas na cidade. O túnel foi reconstruído, mas continuou passando dentro do único prédio remanescente.
Atualmente, o prédio, com oito apartamentos, pertence à companhia pública que controla o transporte da cidade, a BVG. O barulho do metrô que passa a cada cinco minutos no apartamento ao lado não incomoda os moradores, que também estão acostumados com o balanço dos móveis causado pela passagem dos vagões.
Recentemente, o jornal local Tagesspiegel fez uma reportagem com alguns moradores do prédio. Um deles mora lá desde criança, há mais de 65 anos. Saiu da casa dos pais e foi para outro apartamento que estava vago.
Nenhum dos entrevistados pensa em sair do local. Apesar do balanço do prédio, o aluguel é relativamente barato. Em tempos de escassez de apartamentos e explosão dos valores de aluguéis na cidade, é fácil entender o motivo que leva os moradores a aceitar o metrô como vizinho.
Além disso, o prédio fica numa região central, que nos últimos anos sofreu uma transformação. Hoje, o "edifício-túnel" é vizinho de um investimento imobiliário de luxo que povoou a rua, praticamente deserta alguns anos atrás, e também de um parque recentemente inaugurado.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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As inusitadas lojas de bicicletas de Berlim
Em quase toda esquina de Berlim, há uma loja de bicicleta. Stuart Braun, da DW, visitou, com sua própria bicicleta, as lojas mais inusitadas da cidade, que vendem, consertam e expõem o amado veículo de duas rodas.
Foto: DW/S. Braun
Paixão por duas rodas
Em Berlim, há uma loja de bicicleta em quase toda esquina. Com sua própria bicicleta, o repórter Stuart Braun, da DW, visitou as lojas mais inusitadas da cidade, que vendem, consertam e expõem o amado veículo de duas rodas. A Radlust é uma das lojas preferidas dos ativistas do bairro Kreuzberg. Com bicicletas holandesas novas e usadas, eles vêm revolucionando as ruas de Berlim desde 1981.
Foto: DW/S. Braun
O começo
Uma bicicleta de carga feita em casa era o meio de transporte favorito de Johann C., fundador da Radlust. A foto mostra Johann passeando pelas ruas do bairro de Kreuzberg, no início dos anos 1980.
Foto: Radlust
Faça você mesmo
A loja Pedalkraft (Força do Pedal) é um clássico em Kreuzberg. Os clientes podem emprestar as ferramentas da bicicletaria para eles mesmos fazerem consertos ou juntar as peças compradas na loja.
Foto: DW/S. Braun
Perfeita para as ruas de Berlim
A Froschrad (Bicicleta do Sapo) abriu suas portas em 1997. No início, era uma loja de bicicletas usadas, até que seu dono, insatisfeito com as novidades do mercado, criou a StadtRad, um modelo de bicicleta resistente e estiloso. O sapo do logo dá um charme extra ao modelo perfeito para as ruas de Berlim.
Foto: DW/S. Braun
Tesouros no porão
Escondida atrás do antigo aeroporto de Tempelhof, a Fietswinkel é uma bicicletaria descontraída, com funcionários multilíngues que fazem reparos a preços mínimos. O dono, Wolfgang, não gastou quase nada para montar a Fietswinkel e vende apenas bicicletas usadas, feitas a partir de peças de bicicletas velhas que tomam conta de seu porão.
Foto: DW/S. Braun
Artefatos e acessórios
A Fahrradsalon é um porão que virou bicicletaria. O local é repleto de todos os tipos imagináveis de parafernálias relacionadas ao mundo das bicicletas.
Foto: DW/S. Braun
Um pedaço do passado
Bicicletas de corrida clássicas, da década de 1960, cobrem as paredes da Glücksvelo, loja no bairro berlinense de Neukölln.
Foto: DW/S. Braun
Tesouros incomuns
Uma grande variedade de peças de reposição raras também podem ser encontradas nas prateleiras da Glücksvelo.
Foto: DW/S. Braun
Comunidade
Em Berlim, os ciclistas formam uma grande comunidade.
Foto: DW/S. Braun
Mobilidade ecológica
Fundada há cinco anos por um brasileiro e uma berlinense, a Green Go Garage tem ajudado quem vive na cidade – e o crescente número de turistas – a se locomover de maneira ecológica.
Foto: DW/S. Braun
Combinação italiana
Bicicletas italianas clássicas e café encontram-se na Keirin, reduto de ciclistas entusiastas. Afinal, uma xícara de expresso não é uma má ideia para quem usa o transporte movido à força humana.
Foto: DW/S. Braun
Em exibição
A Keirin é mais um museu do que uma loja de bicicletas. Extremamente bem equipada, sua bicicletaria mantém as duas rodas dos berlinenses rodando desde 2004.