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Checkpoint Berlim: Um caso de amor

30 de setembro de 2016

Sistema de transporte público de Berlim é um dos mais eficientes do mundo. Mesmo assim, empresa quer atrair mais usuários com propagandas que não economizam em brincadeiras.

Ônibus em Berlim
Foto: picture-alliance/dpa

"Porque nós te amamos!", poderia muito bem ter saído de alguma propaganda de produtos de beleza ou algum tipo de alimento saudável, mas este é o slogan da empresa de transporte público de Berlim. E como ignorar a simpatia da BVG, que deseja conquistar seus usuários com comerciais criativos que pregam o amor. Ao oferecer um serviço eficiente, ela nem precisa disso para ser estimada.

O sistema de transporte público da capital alemã é o melhor que já tive a oportunidade de conhecer, e nem se compara ao oferecido nas cidades brasileiras, mesmo naquelas consideradas exemplo. A rede berlinense possui dez linhas de metrô, doze de bonde e mais de 150 de ônibus. Os pontos são sinalizados com as informações sobre linhas que passam por ali e horários previstos.

Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Com toda essa estrutura, aqui não cola a desculpa de que não havia como ir para faltar a algum convite chato. É possível chegar a qualquer canto de Berlim, não importa a hora do dia ou noite. É claro que durante a semana o percurso nas madrugadas leva mais tempo, pois o metrô fecha durante algumas horas, e a frota de ônibus é reduzida.

Há alguns problemas: como atrasos, ônibus "sauna" – nos quais as janelas não podem ser abertas, e no verão o ar condicionado modesto não dá conta do calor –, e o preço da passagem, relativamente salgado e que sobe ano após ano.

A BVG reconhece que tem problemas. Agora, toda irreverente, resolveu rir dos próprios deslizes. Num vídeo lançado nas redes sociais, ao comprar a passagem, um jovem afirma que o preço é caro, o funcionário da empresa explica, então, que nele está incluindo tudo o que os clientes esperam: atrasos controlados por um esquilo, a competição de boliche em ônibus, cujo objetivo é derrubar o maior número de pessoas, e ainda um simulador onde motoristas aprendem o momento exato para fechar a porta na cara de passageiros atrasados que correm para pegar o ônibus.

Com o comercial, a empresa quer alcançar o mesmo sucesso da campanha "Para mim tanto faz", na qual um rapper vestido com o uniforme da BVG cantava sobre situações inusitadas de passageiros em veículos da empresa e afirmava que tudo é permitido, contanto que a passagem esteja paga. Alguns desses episódios realmente acontecem, já peguei um ônibus de madrugada com um jovem que levava consigo um barco inflável.

A fofura da BVG é tanta que ela chegou até a lançar uma coleção de roupas com a estampa dos bancos dos metrôs para aqueles usuários que desejam corresponder todo esse amor e mostrar esse afeto ao mundo. As peças, para quem têm interesse, são vendidas no site da empresa. Apesar de tanta irreverência, o diferencial da empresa continua mesmo sendo o serviço oferecido.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às sextas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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