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História

Checkpoint Berlim: Um dos últimos resquícios da "Germânia"

17 de julho de 2017

Pouco restou dos planos megalomaníacos de Adolf Hitler para a "capital do mundo", que seria construída em Berlim. Bloco de concreto de 12 mil toneladas é uma das heranças.

Schwerbelastungskörper resistiu a bombardeios e ao tempo
Schwerbelastungskörper resistiu a bombardeios e ao tempoFoto: DW/C.Neher

O imenso bloco de concreto perdido entre prédios residenciais e os trilhos do trem que levam à estação de Südkreuz chama a atenção de quem passa pela região, ao sudeste do bairro Schöneberg. É um dos últimos resquícios da Germânia, a "capital do mundo" sonhada por Adolf Hitler.

Ao assumir o poder na Alemanha, em 1933, o ditador teve ideias megalomaníacas para a modernização de Berlim. À frente do projeto, estaria o arquiteto Albert Speer.

O projeto previa a construção de uma grande avenida cortando a cidade de norte a sul, que sairia do complexo de prédios que abrigaria a Chancelaria, o Parlamento e o Pavilhão do Povo – com uma cúpula gigantesca e capacidade para receber 180 mil visitantes em eventos culturais. Tudo seria construído com muito mármore, granito e madeiras nobres. No meio da avenida, ficaria um Arco do Triunfo, muito maior do que o de Paris.

Apesar de toda vontade, havia um empecilho para colocar em prática as ideias: o arenoso solo berlinense, que poderia não aguentar o peso das construções. Para evitar surpresas desagradáveis, Speer ordenou em 1941 a construção do Schwerbelastungskörper, ou seja, o corpo de carga pesada: um bloco maciço de concreto cilíndrico de 21 metros de diâmetro, 14 metros de altura, 18 metros de profundidade.

Dentro do bloco de 12 mil toneladas foi instalado um sistema de medição para testar a capacidade de suporte do solo e verificar alterações no terreno. O Schwerbelastungskörper sobreviveu aos bombardeios em Berlim e continuou sendo usado para pesquisa e medição até 1983. Depois disso, o local ficou abandonado até 1995, quando foi declarado patrimônio cultural da cidade.

Em 2009, após ser restaurado e receber um centro de visitantes, o Schwerbelastungskörper foi aberto ao público. Apesar de o terreno ter afundado cerca de 19 centímetros durante os primeiros anos, o bloco resistiu à guerra e ao tempo e serviu para mostrar que o solo arenoso de Berlim é mais resistente do que se pensava, além de ser uma das poucas heranças da tal Germânia.

O Schwerbelastungskörper fica na esquina das ruas General-Pape e Loewenhardtdamm e é aberto a visitação entre abril e outubro.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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