Governo de Berlim aprova controverso plano de revitalização da área onde fica o antigo posto de controle, hoje um famoso destino turístico da capital. Projeto prevê praça pública, Museu da Guerra Fria e mais moradias.
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O icônico Checkpoint Charlie em Berlim vai passar por uma drástica transformação depois de o governo da cidade ter chegado a um consenso, na terça-feira (03/12), sobre o avanço de um controverso plano de revitalização urbana nessa área central da cidade.
O Checkpoint Charlie era um dos vários postos de controle entre o setor americano e soviético da cidade, quando Berlim esteve dividida durante a Guerra Fria. O local servia especificamente para a passagem de estrangeiros e tropas aliadas. Após a Reunificação alemã, em 1990, a região foi revitalizada e se tornou um dos destinos turísticos mais frequentados da capital.
Em novembro, autoridades locais anunciaram a proibição das atividades de atores que se vestem como militares americanos para posar em fotografias ao lado de turistas no antigo posto de fronteira.
Novos projetos, elaborados junto aos moradores de Berlim, pretendem transformar o caos que se tornou o Checkpoint Charlie numa praça pública com um museu da Guerra Fria e um quarteirão residencial com cerca de 300 apartamentos, alguns destinados a habitação social.
"Com o envolvimento dos cidadãos, foram estabelecidas diretrizes para um desenvolvimento orientado para o futuro deste lugar especial", disse a secretária de Desenvolvimento Urbano de Berlim, Katrin Lompscher, em comunicado divulgado na terça-feira.
A remodelação da área de 1,3 hectare tem sido objeto de controvérsia. No ano passado, a cidade de Berlim rejeitou os planos de um empreendedor particular para construir escritórios e abrir um hotel da rede Hard Rock perto do local.
Desde então, no entanto, os planos de Lompscher, política do partido A Esquerda, foram frequentemente criticados.
A atual coalizão que governa a cidade se encontra dividida quanto à possibilidade de permitir a construção de dois arranha-céus no local e, embora esses edifícios não façam parte do atual projeto, há a possibilidade de que possam ser planejados com mais de 30 metros de altura posteriormente.
Esse debate reflete uma discussão mais ampla na Alemanha sobre a verticalização ou não dos centros urbanos para acomodar uma população que vem crescendo em dezenas de milhares de pessoas nos últimos anos.
Apesar de um desacordo de longa data dentro do governo da cidade, o Executivo local aprovou o projeto por receio de dar carta-branca ao setor privado quando um congelamento temporário do desenvolvimento na área do Checkpoint Charlie expirar no início do próximo ano.
Espera-se que o Legislativo de Berlim vote o projeto antes de fevereiro. Não está claro, porém, quando os trabalhos de construção terão início no local.
A derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial resultou na divisão do país, ratificada com o Muro de Berlim. Veja algumas estações do símbolo da divisão.
Foto: DW/M. Fürstenau
160 km de história
Durante 28 anos, até 1989, o Muro dividiu Berlim em Ocidental e Oriental. Hoje, há cada vez menos resquícios da divisão. A Rota do Muro de Berlim tem 160 quilômetros, que podem ser seguidos a pé ou de bicicleta.Testemunhos daquele tempo e muita informação contam a história do Muro.
Memorial do Muro
O passeio pode ser iniciado em qualquer ponto da rota. Uma sugestão é começar no Memorial do Muro de Berlim, seguindo por 1,4 km a rua Bernauer Strasse, ao longo da qual ficava o Muro. Ela mostra a arquitetura assassina da antiga fronteira e lembra as pessoas que perderam a vida tentando fugir de Berlim Oriental.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Pedras redesenham percurso do Muro
Uma fileira dupla de quase seis quilômetros de paralelepípedos ajuda a imaginar onde passava o Muro. Mas qual era o lado ocidental? De trecho em trecho, há uma placa em bronze com a informação: "Muro de Berlim 1961-1989". Isso só pode ser lido por quem está no antigo lado ocidental.
Foto: DW/E. Grenier
De símbolo da divisão a marco da unidade
Seguindo em direção ao centro, chega-se aos prédios do governo federal, ao longo do rio Spree, e à praça Pariser Platz, onde fica o Portão de Brandemburgo, que havia sido isolado pelo Muro. Ele não podia ser acessado nem por Berlim Ocidental, nem pela Oriental. De símbolo da divisão, ele virou símbolo da unidade, após a queda do Muro.
Foto: picture-alliance/dpa
Checkpoint Charlie
A mais famosa das antigas passagens entre os dois lados da Berlim dividida é Checkpoint Charlie. No local, não há mais nada de original, até o ponto de controle é uma réplica do ano 2000, cercada por lojas de souvenirs baratos. Mesmo assim, o local está sempre cheio de turistas. O auge da comercialização da História são homens vestidos de soldados alemães-orientais que cobram para posar em fotos.
Foto: picture-alliance/dpa/Maurizio Gambarini
As torres de vigilância
Do lado alemão-oriental, havia mais de 300 torres de vigilância. Ali, com as mãos no gatilho, os soldados da então Alemanha Oriental vigiavam a faixa de fronteira 24 horas por dia. Apenas três dessas torres ainda existem e todas estão protegidas como patrimônio histórico. Esta da foto fica quase escondida numa rua lateral à praça Potsdamer Platz.
Foto: picture alliance/dpa/W. Steinberg
East Side Gallery, arte ao ar livre
A rota também passa pelo trecho mais longo do Muro ainda de pé. O lado ocidental do símbolo da divisão alemã sempre foi conhecido pelos seus grafites coloridos. Já o lado oriental era cinza. Artistas internacionais mudaram isso em 1990. Eles pintaram um trecho dele de 1,3 km no bairro Berlin-Friedrichshain, criando assim a mais longa galeria de arte ao ar livre.
Foto: Reuters/F. Bensch
Trocas de espiões na ponte de Glienicke
A maior parte da rota do Muro se estende por 110 km ao longo da fronteira do perímetro urbano de Berlim. Um ponto de destaque neste trajeto é a ponte de Glienicke, palco de espetaculares trocas de espiões durante a Guerra Fria e cenário de filmes como "Ponte dos Espiões", de Steven Spielberg, com Tom Hanks.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger
Museu na torre de fronteira
Trechos da rota margeiam rios, atravessam bosques e campos. O meio ambiente em volta de Berlim testemunhou muitas tentativas arriscadas de fuga. O Muro dividiu famílias e vilarejos, como Hennigsdorf, a 20 km de Berlim. Um museu na torre de fronteira conta como era a vida com o Muro.
Foto: DW/M. Fürstenau
Cerejeiras, presente japonês
Milhares de cerejeiras colorem trajetos da Rota do Muro. Elas foram doadas por japoneses, para representar a alegria pela Reunificação. A cada primavera, elas transformam estas áreas em um mar cor-de-rosa. Como embaixo da ponte Bösebrücke, no bairro Pankow. Ela foi o primeiro posto de fronteira a abrir na noite da queda do Muro, em 9 de novembro de 1989.