Chefe da Comissão Europeia enfrentará moção de desconfiança
3 de julho de 2025
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfrentará uma moção de desconfiança apresentada por membros ultradireitistas do Parlamento Europeu.
A moção entregue à sessão plenária do Parlamento Europeu nesta quarta-feira (02/07) atingiu o requisito mínimo de 72 assinaturas para definir uma data para a votação, que foi marcada para 10 de julho.
Trata-se de um procedimento existente em muitos regimes parlamentaristas através do qual um grupo de legisladores exige uma votação para testar a confiança dos parlamentares na chefia de governo. Em caso de aprovação, a moção de desconfiança pode resultar na queda de um governo ou de um governante.
Em março deste ano, o então primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, e sua coalizão de centro-direita perderam um voto de confiança no Parlamento, seu governo foi dissolvido e novas eleições gerais foram convocadas.
Caso envolvendo compra de vacinas
Os eurodeputados debaterão a moção na próxima segunda-feira em Estrasburgo, antes da votação na quinta-feira da mesma semana.
O autor da moção o eurodeputado romeno ultradireitista Gheorghe Piperea criticou a falta de transparência de Von der Leyen em relação às trocas de mensagens de texto com o CEO da Pfizer, Albert Bourla, durante a pandemia de covid-19, quando o bloco negociava a compra de vacinas ainda no primeiro mandado dela à frente da Comissão Europeia.
Uma reportagem recente do jornal americano The New York Times, sugeriu que o contato pessoal entre Von der Leyen e Bourla teria sido fundamental para garantir o acordo multibilionário da UE para a aquisição de vacinas durante a crise.
A troca de mensagens gerou reclamações de vários grupos antivacina. Piperea também acusou a Comissão Europeia de "interferência" na eleição presidencial da Romênia, que viu o nacionalista George Simion perder para o pró-europeu Nicusor Dan.
Chances mínimas de aprovação
No entanto, as chances de Von der Leyen perder o voto de desconfiança são mínimas. O próprio grupo político de Piperea, o Reformistas e Conservadores Europeus (ECR), já se distanciou da moção.
"Não é uma iniciativa do nosso grupo", disse um porta-voz do ECR. Para que a moção seja aprovada, seria necessária maioria absoluta, ou seja, 361 dos 720 votos.
Mas, na hipótese de a moção ser bem-sucedida, a Comissão seria obrigada a renunciar como um todo, incluindo a presidente e todos os 26 comissários da UE. Embora a atual Comissão também seja liderada por Von der Leyen, após as eleições europeias de 2024, muitos dos comissários não são os mesmos que atuaram durante a pandemia do coronavírus.
rc (AFP, DPA)