Chefe de Estado cerimonial da Coreia do Norte visitará o Sul
5 de fevereiro de 2018
Kim Yong-nam, que preside Parlamento e é chefe de Estado oficial da Coreia do Norte, participará da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang. Visita eleva expectativas de aproximação.
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O chefe de Estado cerimonial da Coreia do Norte, Kim Yong-nam, de 90 anos, fará uma visita inédita à Coreia do Sul nesta semana no âmbito dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, informou nesta segunda-feira (05/02) a agência estatal de notícias norte-coreana KCNA.
A agência confirmou a presença de Kim Yong-nam, presidente do Parlamento norte-coreano, na cerimônia de abertura dos Jogos, nesta sexta-feira. Ele viajará acompanhado de três dirigentes políticos e uma equipe de apoio de 18 membros, segundo o Ministério sul-coreano da Unificação.
A visita de três dias aumenta as expectativas de que possam ocorrer conversações de alto nível entre as duas Coreias nos próximos dias.
O gabinete da presidência sul-coreana disse que a visita de de Kim, o mais alto representante do norte a atravessar a fronteira desde 2014, criará diversas oportunidades para conversações. A visita "demonstra o comprometimento da Coreia do Norte com a melhora das relações intercoreanas e o sucesso dos Jogos Olímpicos, além de uma postura séria e sincera", disse um porta-voz da presidência sul-coreana.
Um símbolo da reaproximação entre os dois países será a participação de uma equipe conjunta de hóquei no gelo das duas Coreias nos Jogos Olímpicos de Inverno. As duas delegações desfilarão juntas sob uma bandeira da Península Coreana unificada.
Também estarão presentes na cerimônia de abertura o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, além de outros líderes.
Na sexta-feira, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, afirmou em telefonema ao seu homólogo americano, Donald Trump, que o bom momento das relações entre as duas Coreias deve continuar e que a visita de Pence ao país é um "prelúdio importante disso".
Trump afirmou, durante um encontro com desertores norte-coreanos, que, apesar de a situação ser muito complicada, a participação norte-coreana nos Jogos poderá resultar em algo positivo.
Segundo informações da Casa Branca, Pence pretende se contrapor ao que considera esforços de Pyongyang para "sequestrar" os Jogos Olímpicos através de uma campanha de propaganda.
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra desde o conflito entre as duas partes (1950-1953), que terminou em armistício, em vez de tratado de paz.
As tensões se agravaram dramaticamente no ano passado com os avanços promovidos pelo regime do ditador Kim Jong-un em seu programa nuclear, além da retórica agressiva que dominou as relações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos.
RC/lusa/rtr
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Coreia do Norte nas lentes de um instagrammer
Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”