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SaúdeEspanha

General espanhol pede demissão após furar fila da vacina

23 de janeiro de 2021

General recebeu dose sem fazer parte de grupos prioritários. Ministério da Defesa do país abre inquérito para investigar outros militares que contornaram regras para receber vacina.

Spanien Armee Militärparade in Malaga
Apenas agentes de saúde militares deveriam ser vacinados nesta etapa da imunização na EspanhaFoto: Getty Images

O Chefe do Estado-Maior de Defesa da Espanha, general Miguel Ángel Villarroya, deixou o cargo neste sábado (23/01) após a imprensa do país revelar que ele e outros militares furaram a fila da vacina contra covid-19 no país, recebendo doses sem fazer parte dos grupos prioritários.

O comandante militar enviou carta ao ministro da Defesa apresentando sua demissão para "não prejudicar a imagem" das Forças Armadas. A ministra Margarita Robles aceitou a demissão, segundo fontes da pasta ouvidas pelo jornal El País.

Na carta, o general Villaroya defendeu sua decisão de obter vacinas para si e outros membros do Estado-Maior de Defesa, mesmo sem os militares pertencerem aos grupos prioritários, alegando que tomou a decisão "no cumprimento de suas obrigações, de acordo com os protocolos estabelecidos e com o único propósito de preservar a integridade, continuidade e eficácia da cadeia de comando das Forças Armadas".

Ele afirmou ainda que tomou "decisões que considerou corretas" e que não encarou o ato como uma forma de "tirar proveito de privilégios injustificáveis" e que está com a "consciência tranquila". No entanto, Villaroya disse que entendeu que o ato tem o potencial de prejudicar a imagem das Forças Armadas.

Na sexta-feira, o Ministério da Defesa espanhol abriu um inquérito interno para investigar chefes militares que burlaram a fila da vacina, depois que uma reportagem do site El Confidencial Digital revelou que vários generais haviam recebido doses do imunizante Pfizer/BioNTech mesmo sem fazer parte de grupos prioritários que estão sendo vacinados, como agentes de saúde, funcionários de asilos de idosos e pessoas com comorbidades severas. De acordo com as diretrizes do país, apenas agentes de saúde militares e soldados que integram missões de paz poderiam receber a vacina nesta etapa. Idosos acima de 70 anos devem começar a receber a vacina em março. O general Villaroya tem 63 anos.

O caso dos generais não é o único no país. Vários prefeitos admitiram que furaram a fila, enquanto o chefe regional de Saúde do enclave espanhol de Ceuta foi foi duramente criticado por ter se vacinado  antes da hora e por justificar a atitude dizendo que o fez por pressão de seus funcionários.

Esse episódios tem sido criticados pela sociedade espanhola e por setores políticos. "Os canalhas que se vacinaram furando a fila e usando sua posição privilegiada de funcionários públicos (cada vez mais aparecem a cada dia) devem, é claro, renunciar”, tuitou o porta-voz do partido de extrema esquerda Unidas Podemos, Pablo Echenique.

As taxas de infecção em todo o país dispararam desde o final de dezembro, com 42.885 novos casos adicionados à contagem na sexta-feira. A incidência de 14 dias do vírus subiu para um recorde de 829 casos por 100.000 pessoas, enquanto 400 mortes foram relatadas.

Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde permitiu que as autoridades regionais definissem suas próprias regras dentro das diretrizes nacionais, criando uma confusa colcha de retalhos de diferentes medidas para conter a propagação do vírus. Desde o início da pandemia, a Espanha, que tem 46,9 milhões de habitantes, registrou 2,5 milhõesde casos de covid-19. Mais de 55 mil pessoas morreram.

JPS/rt/ots

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