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"Chega de mimimi", diz Bolsonaro após novo recorde de mortes

4 de março de 2021

Presidente volta a atacar medidas de isolamento social após país registrar mais de 1.900 mortes por covid-19 em 24 horas. "Vão ficar chorando até quando?" Ele ainda chama de "idiota" quem pressiona por mais vacinas.

O presidente Jair Bolsonaro
"Chega de frescura, de mimimi, vamos ficar chorando até quando?", disse Bolsonaro em meio ao agravamento da pandemiaFoto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (04/03) que é preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando?". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.

As declarações ocorrem um dia depois de o Brasil registrar um novo recorde na contagem diária de mortes por covid-19, com 1.910 óbitos. O total de mortes no país já passa de 259 mil, e vários estados vêm registrando colapso no sistema de saúde.

As declarações foram feitas durante um evento que marcou a assinatura de inauguração de um trecho da ferrovia Norte-Sul em São Simão, em Góias, que contou com a presença de produtores rurais. Como sempre vem fazendo, Bolsonaro provocou aglomerações e não usou máscara.

"Vocês [produtores rurais] não ficaram em casa, não se acovardaram. Temos que enfrentar nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi, vamos ficar chorando até quando? Respeitar obviamente os mais idosos, aqueles que têm doenças. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?", disse o presidente.

"Até quando vão ficar dentro de casa, até quando vai se fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso. Lamentamos as mortes, repito, mas tem que ter uma solução. Tudo tem que ter um responsável."

"Idiota"

Em outra etapa da viagem, em Uberlândia, ao falar com apoiadores, Bolsonaro ainda insultou usuários de redes sociais e jornalistas que questionam a lentidão e desorganização do governo na compra de vacinas.

"Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] 'vai comprar vacina'. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo", disse o presidente. No entanto, seu próprio governo admitiu que rejeitou ao longo do ano passado propostas de laboratórios para a compra de vacinas.

O governo apostou inicialmente todas as suas fichas na vacina da AstraZeneca, que vem sendo marcada por atrasos, e inicialmente esnobou e criticou a vacina chinesa Coronavac, promovida pelo governo de São Paulo, e que no momento é o único imunizante disponível em larga escala no país.

O presidente ainda voltou a reclamar de medidas de isolamento que vêm sendo impostas por prefeituras e governos estaduais para tentar frear o avanço da pandemia e diminuir a pressão sobre o sistema de saúde, que está à beira do colapso em várias regiões do país.

"Impuseram estado de sítio no Brasil via prefeituras. Isso está errado. Estamos preocupados com mortes, sim, mas sem pânico. A vida continua. Os problemas a gente tem que enfrentar, não adianta ir para baixo da cama. Se todo mundo for ficar em casa, vai morrer todo mundo de fome", disse o presidente.

Bolsonaro ainda mencionou seu veto a uma medida que permitia que estados comprassem vacinas em caso de omissão do governo federal e posteriormente fossem reembolsados pela União. "Alguns governadores queriam direito a comprar vacina e quem iria pagar? Eu! Onde tiver vacina para comprar, nós vamos comprar", disse Bolsonaro.

Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que vem sofrendo críticas constantes por causa da inabilidade da pasta em conter a crise, anunciou que pretende comprar vacinas dos laboratórios Pfizer e Janssen. No entanto, apesar da fanfarra usada pelo ministro, nenhum negócio foi efetivamente fechado até agora.

O anúncio de Pazuello também ocorreu um dia após o governador paulista João Doria manifestar interesse na compra de vacinas da Pfizer. Nos últimos meses, vários anúncios similares de Pazuello não se confirmaram, e o país continua a sofrer com a escassez de imunizantes.

jps/ek (ots)

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