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Criminalidade

Chegada do Exército não aplaca clima de medo no ES

9 de fevereiro de 2017

Paralisação de policiais militares chega ao sexto dia, e sensação de insegurança permanece. Estado já teve mais de cem mortes e 20 milhões de reais em saques. "Situação é de total insanidade", diz secretário.

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Mais militares devem reforçar segurança no Espírito Santo nesta quinta-feira, somando 1.850 homensFoto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior

Após seis dias de paralisação de policiais militares no Espírito Santo e uma onda de violência, saques e depredação, a população ainda vive um clima de insegurança nas ruas, e o comércio capixaba acumula prejuízos milionários. Segundo moradores, mesmo a chegada do Exército e da Força Nacional foram suficientes para restaurar a ordem por completo.

Em nota, a Federação do Comércio do estado estimou nesta quarta-feira (08/02) em 90 milhões de reais as perdas por conta das lojas fechadas e 20 milhões de reais devido aos saques, somando 110 milhões de reais. Cerca de 270 lojas teriam sido saqueadas na Grande Vitória. O portal G1 noticiou nesta quinta-feira um prejuízo total de 225 milhões de reais.

Leia mais: Sem polícia, Espírito Santo vive onda de violência

A Fecomércio anunciou que vai disponibilizar um fundo de 1 milhão de reais aos lojistas que necessitarem fazer reparos emergenciais nos estabelecimentos que sofreram depredação durante a paralisação da Polícia Militar.

O número de mortos durante a greve subiu para 103, segundo o Sindicato dos Policiais Civis. Mesmo após a chegada da Força Nacional e do Exército, na segunda-feira, tiroteios e saques foram registrados na Grande Vitória.

O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que, após a chegada das Forças Armadas, "as ocorrências despencaram", mas números oficiais não foram divulgados. Mais militares devem reforçar a segurança nesta quinta-feira, totalizando 1.850 homens.

O governo do Espírito Santo transferiu nessa quarta-feira o controle operacional dos órgãos de segurança pública para o general de brigada Adilson Carlos Katibe, comandante da força-tarefa conjunta e autoridade encarregada das operações das Forças Armadas.

Em meio ao caos na segurança pública, policiais civis do Espírito Santo iniciaram nesta quarta-feira uma paralisação de doze horas em protesto pela morte de um investigador na cidade de Colatina. Organizações da classe não descartam uma greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.

Corrida aos supermercados

A greve dos PMs começou de forma inusitada na sexta-feira passada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam a porta da frente de uma companhia militar e impediram a saída de viaturas.

Nesta quarta-feira, secretários do governo capixaba e representantes das mulheres e das associações de classe de policiais militares iniciaram negociações para acabar com a crise. Segundo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, as lideranças do movimento exigem anistia geral para todos os policiais, que são proibidos de fazer greve, e 100% de aumento para toda a categoria.

De acordo com a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS), o salário base de um policial no estado é 2,6 mil reais, abaixo da média nacional 4 mil reais.

Secretários do governo capixaba e representantes das mulheres dos PMs iniciaram negociações para acabar com a criseFoto: Getty Images/AFP/V. Moraes

Pompeu informou que foi marcada para esta quinta-feira nova reunião para que o governo apresente uma contraproposta. Mais cedo, o governador em exercício, César Colnago, descartou qualquer possibilidade de reajuste salarial neste momento. Além do aumento, os PMs reivindicam pagamento de benefícios adicionais e melhora nas condições de trabalho.

"A população está amedrontada, as pessoas estão morrendo nas ruas. Isso é grave. Estou muito confiante que vamos conseguir restaurar a sanidade, porque o que estamos vivendo aqui é um estado de total insanidade", disse o secretário.

A população ainda tem medo de sair nas ruas e enfrenta dificuldades até mesmo para comprar alimentos. Segundo reportagem do portal G1, os poucos supermercados abertos nesta quarta-feira, ficaram lotados, com consumidores disputando mercadorias para estocá-las.

Os ônibus, que haviam voltado a circular na região metropolitana de Vitória nesta quinta-feira, pararam novamente após a morte do presidente dos sindicatos dos Rodoviários de Guarapari, Wallace Barão. Ele foi encontrado morto a tiros nesta manhã, dentro de um carro em Vila Velha,

LPF/abr/ots