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Chegou o Beaujolais Nouveau

Laís Kalka16 de novembro de 2001

Alemães são os maiores consumidores do vinho fora da França. Bebida cult exportada para 150 países está comemorando 50 anos.

Num café parisiense, o "chef" fez questão de abrir pessoalmente a primeira garrafa do Beaujolais 2001.Foto: AP

Num ritual que se repete há meio século, a venda do Beaujolais Nouveau deste ano começou, no mundo inteiro, pontualmente à zero hora desta quinta-feira. O vinho tinto à base de uva do tipo Gamay, que pode ser vendido já a partir de três semanas após encerrada a colheita, tem nos alemães seus maiores consumidores fora da França.

Beaujolais, entre os rios Loire e Saône, é uma das poucas regiões vinícolas francesas em que a colheita é trabalho exclusivamente manual. Todos os anos, cerca de 40 mil trabalhadores sazonais ajudam na colheita, que dura três semanas.

Tradição

— Foi a 13 de novembro de 1951 que os vinicultores daquela região do sul da Borgonha conseguiram uma permissão especial de vender o vinho novo quatro semanas mais cedo do que os produtores das demais regiões. Desde então, tornou-se tradição lançá-lo no mercado na terceira quinta-feira de novembro. Produzido inicialmente para abastecer alguns bistrôs em Paris e Lyon, o Noveau tornou-se um verdadeiro sucesso de exportação. Sua cota na produção total da região de Beaujolais chega hoje a um terço.

Dos 58 milhões de litros produzidos no ano passado, 25 milhões foram exportados, sendo 75% para a Alemanha, Japão e EUA. Só os alemães compraram 9,3 milhões do tinto, que pode ser servido resfriado e tem sabor que lembra frutas silvestres.

Mas não são só os apreciadores de vinho alemães que se alegram quando o Beaujolais Nouveau chega ao mercado. A empresa de correio orgulha-se da logística de seu Deutsche Post World Net, responsável pelo transporte de quatro milhões de garrafas para 90 países.

Qualidade controvertida

— Enquanto milhões de apreciadores entre Paris, Berlim e Tóquio o festejam como bebida cult, muitos conhecedores do vinho tinto da Borgonha ridicularizam o Beaujolais Nouveau pelo seu gosto aguado, considerando-o no máximo como "algo situado entre vinho e outra bebida qualquer".

Apesar do sucesso duradouro, mesmo na Alemanha o consumo vem diminuindo: a venda em 2000 foi 11% inferior à de 1999, ano em que se vendeu, por sua vez, 7% a menos que em 1998. Isso se deve, em parte, ao aparecimento de vinhos de qualidade inferior no mercado, mas também à acirrada concorrência entre os fornecedores, que fez baixar o preço e, com isso, o prestígio do Nouveau no mercado alemão.

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