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Enchentes continuam e ainda paralisam áreas do leste alemão

5 de junho de 2013

Em regiões da Europa Central, nível dos rios ameaça ultrapassar patamar da "enchente do século", de 2002. No sul alemão, águas baixam, e clima é de alívio. Inundações já deixaram ao menos 15 mortos no continente.

Foto: ROBERT MICHAEL/AFP/Getty Images

Cidades na Europa Central lutavam ainda nesta quarta-feira (05/06) contra as inundações em rios como o Danúbio e o Elba, que continuam a subir de nível. A região tem sido atingida nesta semana por cheias, após dias de chuvas intermitentes. Algumas áreas estão tendo níveis de inundação não registrados há mais de 500 anos. As cheias já deixaram, ao todo, 15 mortos em Alemanha, República Tcheca, Áustria e Eslovênia. Há enchentes também na Polônia e na Suíça.

Os alagamentos no leste da Alemanha ameaçam alcançar o patamar de 2002, quando ocorreram as chamadas "enchentes do século". A situação é crítica especialmente no Elba. As cidades alemãs banhadas por este rio se preparam para um aumento recorde do nível das águas.

Em Dresden, o pico é esperado para a manhã de quinta-feira, segundo as autoridades locais. Na cidade de Halle, no estado de Saxônia-Anhalt, o rio Saale subiu ao nível mais alto dos últimos 400 anos – chegando nesta quarta-feira aos 8 metros. A administração local espera que as águas subam ainda mais, fazendo com que as casas nos arredores do centro antigo da cidade fiquem cerca de um metro submersas. Equipes tentam estabilizar uma represa danificada com sacos de areia.

Sacos de areia tentam deter as águas, que ainda ameaçam subir em algumas regiõesFoto: picture-alliance/dpa

Dificuldades na Áustria

A situação também é crítica em Dessau, segundo o governo do estado da Saxônia-Anhalt, onde o nível do rio Mulde atingiu o seu ápice, não podendo fluir para o rio Elba.

Na Bavária, foi registrada uma leve melhora nas cheias. O governo local informou que em Regensburg o nível do Danúbio começou a diminuir, e não são esperadas novas chuvas. Neste estado, Passau é uma das cidades mais atingidas. Nela, a situação vem relaxando desde terça-feira.

Em Kritzendorf, cidade à beira do Danúbio a poucos quilômetros de Viena, os bombeiros voluntários locais estão acampados em uma ponte sobre um córrego, que flui rapidamente. Eles carregam sacos de areia em barcos, para levá-los aos pontos mais ameaçados pelas inundações.

"Nossas barreiras não são altas o suficiente no momento. Então, temos que aumentá-las", relata o chefe dos bombeiros, Peter Dussman. "Algumas paredes já foram derrubadas", lamenta. "E estamos trabalhando aqui já há quase cinco dias."

A cena se repete ao longo de centenas de quilômetros do Danúbio, desde onde ele deixa a Alemanha e entra na Áustria, na altura de Passau, até onde ele deixa a Áustria, correndo ao longo da fronteira eslovaca. E também além da fronteira, na Eslováquia e na Hungria, membros de equipes de assistência, como Peter, não estão lutando apenas a contra água, mas contra sua própria fadiga.

A cidade de Meissen, à beira do rio ElbaFoto: ROBERT MICHAEL/AFP/Getty Images

"Estamos sem dormir há 40 horas, ou quase sem dormir. Temos que construir as barreiras durante a noite", conta ele, enquanto mensagens continuam a chegar no rádio de comunicação pendurado em seu cinto.

Pesadelo volta ao Danúbio após 11 anos

Cheias no Danúbio são ocorrências comuns, mas os moradores só viram as águas alcançarem o nível atual uma vez antes, em 2002, quando ocorreu o que a imprensa classificou como "a enchente do século". Eles esperavam que fosse um evento que ocorresse uma vez só em cem anos. Agora, apenas 11 anos mais tarde, a segunda "enchente do século" está complicando mais uma vez a vida dos moradores.

"Tenho uma casa perto do Danúbio, e sabemos que inundações acontecem por aqui. Tivemos um monte de prejuízos, mas, sim, sabemos que temos que viver com isso", se conforma Günther Braun, morador da cidade.

Depois da cheia de 2002, a Áustria investiu fortemente para melhorar os sistemas de proteção contra inundações. Companhias de seguros têm esperança que, ao final, os investimentos tenham valido a pena, e que menos danos sejam contabilizados. No entanto, poucas pessoas esperavam uma outra inundação de tal magnitude em tão pouco tempo. E, de fato, em algumas comunidades, a água está se aproximando do nível da "enchente do século", incluindo Kritzendorf.

Voluntários ajudam trabalhos de evacuação em PassauFoto: picture-alliance/dpa

"Atualmente, temos um nível de 7,7 metros e o pico será de cerca de 8 metros e poucos, o que seria mais do que o nível da enchente do século, em 2002", diz Peter Dussman.

De acordo com o Ministério austríaco da Agricultura e Meio Ambiente, há 18.900 bombeiros voluntários, homens e mulheres, trabalhando nas áreas de inundação afetadas, junto com mil soldados do Exército austríaco. Na segunda-feira, num período de somente 12 horas, eles conseguiram colocar 238 pessoas em segurança.

As próximas 24 horas são consideradas decisivas nas regiões percorridas pelos 200 quilômetros de Danúbio acima e abaixo da capital, Viena. Na noite de terça-feira, algumas estações de medição já estavam registrando níveis próximos aos de 2002, e especialistas previam que estes seriam ultrapassados. Na cidade de Melk, o próprio corpo de bombeiros, centro de combate local a enchentes, foi tomado pela água.

MD /dw /dpa

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