Chile anuncia criação de reserva marinha na Ilha da Páscoa
5 de outubro de 2015
Parque marinho terá mais de 630 mil quilômetros quadrados e prevê pequenas áreas onde será permitida a pesca com técnicas sustentáveis pela comunidade nativa rapa nui.
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O governo do Chile anunciou nesta segunda-feira (05/10) a criação de áreas marinhas protegidas nos arquipélagos da Ilha da Páscoa e Juan Fernández. O anúncio foi feito pela presidente Michelle Bachelet no início de uma conferência sobre proteção dos oceanos, na cidade de Valparaíso.
O novo parque marinho terá 631.368 quilômetros quadrados e será a terceira maior área oceânica totalmente protegida do mundo, disse Bachelet. Ele prevê pequenas áreas onde a pesca com técnicas sustentáveis será permitida. Segundo a presidente, as áreas protegidas na Ilha da Páscoa ajudarão a manter a pesca ancestral da comunidade polinésia rapa nui.
Bachelet também anunciou a criação do parque marinho Nazca-Desventuradas nas ilhas San Ambrosio e San Félix, além da demarcação de uma reserva marinha no arquipélago de Juan Fernández.
A proposta de criação do parque na Ilha da Páscoa foi feita pela comunidade rapa nui, com o objetivo de proteger a biodiversidade das águas que rodeiam a ilha. Nelas vivem 142 espécies endêmicas, e 27 delas estão ameaçadas ou em risco de extinção.
O parque também permitirá que a comunidade rapa nui continue realizando sua práticas centenárias de pesca de subsistência numa área que se estende até uma distância de 92 quilômetros do litoral.
A Ilha da Páscoa se encontra a cerca de 4 mil quilômetros a oeste do Chile continental, e suas águas, em grande parte inexploradas, possuem uma extraordinária riqueza biológica. Elas são também zona de desova de vital importância para muitas espécies, incluindo atuns, tubarões e peixes-espada.
A ilha é conhecida pelas moais, gigantescas estátuas de pedra construídas pelo povo rapa nui entre os anos de 1.200 e 1.500.
AS/efe/lusa/ap
Mudanças climáticas ameaçam Ontong Java
Atol no oceano Pacífico sofre com o aumento do nível do mar e cada vez mais tempestades. Este ensaio fotográfico exclusivo mostra a luta da comunidade local para permanecer nas ilhas e manter a própria cultura.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Ilhas remotas
As ilhas do atol de Ontong Java somam 12 quilômetros quadrados de terra, que não ficam mais de 3 metros acima do nível do mar. Rodeados pelas vastas profundezas do oceano Pacífico ocidental, os habitantes do atol sempre viveram à mercê do vento e das ondas, mas as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar estão tornando suas vidas cada vez mais difíceis.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Tradições vivas
Os polinésios chegaram às ilhas há cerca de 2 mil anos. As seculares rotinas de dança, que incluem contos sobre forças naturais poderosas, são parte integrante da cultura e da identidade da população local.
Foto: Displacement Solutions /Beni Knight
Contato com a natureza
Tradicionalmente, as moradias são construídas com coqueiros e pandanus. Hoje, essas cabanas são iluminadas com energia solar. A escuridão de um céu noturno limpíssimo é uma das vantagens do isolamento completo.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Para onde irão as crianças?
Se o nível do mar continuar a subir no ritmo atual, as ilhas acabarão varridas do mapa. As crianças de Ontong Java, incluindo Wilson Ayunga (foto acima), de oito anos, poderão não ter outra opção senão se mudar para terras mais altas.
Foto: Displacement Solutions /Beni Knight
Governo descomprometido
A beleza intocada de Luaniua, ilha permanentemente ocupada em Ontong Java, torna-se mais evidente se vista de cima. Mas, sob as palmeiras idílicas, falta um governo comprometido. Administrativamente, Ontong Java é parte das Ilhas Salomão. No entanto, a falta de investimentos em saúde, policiamento e educação está gerando problemas sociais, conforme a modernidade chega às ilhas.
Foto: Displacement Solutions /Beni Knight
Terra dividida
As consequências das alterações climáticas já ficaram claras para os moradores de Ontong Java. A ilha de Henua Aiku começou a se dividir em duas com a água do mar se infiltrando em seu centro — sinais de um futuro sombrio com relação à segurança alimentar e à erosão.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Mudanças climáticas destrutivas
Devido às mudanças climáticas, além dos prejuízos causados pelo aumento do nível do mar, cada vez mais tempestades e ventos intensos e imprevisíveis atingem as zonas costeiras e vilas do atol.
Foto: Displacement Solutions /Beni Knight
Colheita fraca
A plantação experimental de Laliana (foto) não correspondeu às expectativas devido à salinização do solo, o qual já carece de nutrientes cruciais para a agricultura.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Tempos de mudança
Sarah Abora passou toda a sua vida em Ontong Java. Ela se lembra de uma época em que não havia nada além de arbustos onde hoje está sua aldeia. Ela também se lembra de quando as pessoas viviam além da extremidade atual da ilha. A aldeia foi obrigada a recuar devido à subida das marés e a correntes.
Foto: Displacement Solutions /Beni Knight
Fora do mapa
Onde hoje há uma frágil faixa de areia branca, antes havia uma vila bonita e próspera. A elevação do nível do mar varreu do mapa cerca de 40 casas e um cemitério.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Sem terra, sem cultura
Sem sua terra, a população de Ontong Javan não sabe como manter sua cultura. Para eles, desistir de suas ilhas é desistir de sua identidade. Com os efeitos das mudanças climáticas ameaçando desabrigar os moradores, a cultura do atol se vê diante de um futuro sombrio.
Foto: Displacement Solutions/Beni Knight
Esperança de ficar
Com o passar do tempo, aumenta a probabilidade de que os habitantes de Ontong Java tenham que se deslocar. Mesmo assim, a população mantém a esperança de que será possível permanecer em suas terras – que sustentam seus moradores e sua cultura há 2 mil anos.