País é o primeiro da América Latina a adotar a proibição. Legislação prevê multa de 370 dólares por sacola para quem desrespeitar a medida.
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O Chile se tornou o primeiro país da América Latina a banir sacolas plásticas no comércio, com a entrada em vigor da legislação sobre a proibição nesta sexta-feira (03/08).
A lei proíbe a entrega de sacolas plásticas em todo o país. Ficam excluídas, porém, embalagens de alimentos que são necessárias por razões de higiene ou para evitar o desperdício.
"Estamos dando um grande passo para fazer um Chile mais limpo. Quero compartilhar com vocês a alegria de estar promulgando essa lei", afirmou o presidente chileno, Sebastián Piñera, numa cerimonia pública no centro de Santiago, na qual entregou sacolas de pano aos cidadãos.
Piñera ressaltou a importância da medida para o combate às mudanças climáticas. "Vejam o que está acontecendo com as geleiras, com as ondas de calor, as espécies estão desaparecendo", destacou.
De acordo com a proibição aprovada em maio pelo Congresso, as grandes empresas têm seis meses para eliminar as sacolas plásticas, já o comércio de pequeno porte tem dois anos para se adaptar à medida. Neste período de transição, apenas duas sacolas podem ser distribuídas por cliente.
A legislação prevê uma multa de 370 dólares por sacola para empresas que não respeitem a proibição. O controle sobre o cumprimento da lei cabe aos municípios e as sanções serão administradas pelo tribunal da polícia local correspondente.
Atualmente mais de 3,4 milhões de sacolas plásticas são utilizadas no Chile por ano, segundo a Indústria do Plástico. Com a nova legislação, espera-se que pelo menos 3 milhões deixem de circular.
Praias antes paradisíacas repletas de garrafas, animais engasgados com dejetos, pessoas recolhendo o material em aterros. Uso desenfreado do derivado do petróleo deixa rastro preocupante no meio ambiente.
Foto: Daniel Müller/Greenpeace
A era do plástico
Leve, durável, flexível e muito popular. O mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico desde o início da produção em massa, nos anos 50. Como o material não é facilmente biodegradável, muito do que foi produzido acaba em aterros como este, nos arredores de Nairóbi. Catadores de lixo caçam plásticos recicláveis para ganhar a vida. Mas muito também acaba no oceano.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Rios de lixo
Cerca de 90% do plástico entra nos habitats marinhos através de apenas dez rios: o Yangtzé, o Indo, o Amarelo, o Hai, o Nilo, o Ganges, o Pearl River, o Amur, o Níger e o Mekong. Esses rios atravessam áreas altamente povoadas, com falta de infraestrutura adequada para o descarte de resíduos. Aqui, um pescador nas Filipinas retira uma armadilha para peixes e caranguejos de águas poluídas.
Foto: picture-alliance/Pacific Press/G. B. Dantes
Começo de vida plastificado
Alguns animais encontram uma utilidade para resíduos de plástico. Este cisne fez seu ninho no lixo em um lago de Copenhague que é popular entre os turistas. Seus filhotes saíram dos ovos rodeados de dejetos, o que não é um bom início de vida. Mas para outros animais, as consequências são muito piores.
Foto: picture-alliance/Ritzau Scanpix
Consequências fatais
Embora o plástico seja altamente durável e possa ser usado para produtos com longa vida útil, como móveis e tubulações, cerca de 50% da produção são destinados a produtos descartáveis, incluindo talheres e anéis usados em pacotes de seis unidades de latas de bebidas, que acabam no meio ambiente. Animais correm o risco de se enredar neles e morrer, como ocorreu com este pinguim.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Balance
Confundido com comida
Este filhote de albatroz foi encontrado morto em Sand Island, no Havaí, com vários pedaços de plástico no estômago. Um levantamento realizado em 34 espécies de aves no norte da Europa, Rússia, Islândia, Escandinávia e Groenlândia, apontou que 74% delas ingeriram plástico. Comer o material pode levar a danos nos órgãos e bloqueios no intestino.
Mesmo os animais maiores sofrem os efeitos do consumo de plástico. Esta baleia foi encontrada na Tailândia. Durante a tentativa de salvamento, o animal vomitou cinco sacos plásticos e morreu. Na autópsia, os veterinários encontraram 80 sacolas de compras e outros dejetos plásticos que entupiam o estômago da baleia, de modo que ela não conseguia mais digerir alimentos nutritivos.
Foto: Reuters
Dejetos invisíveis
Grandes pedaços de plástico na superfície do oceano, como é registrado aqui, na costa havaiana, chamam atenção. Mas poucos sabem que trilhões de minúsculas partículas com menos de 5 milímetros de diâmetro também flutuam nos mares. Essas partículas acabam na cadeia alimentar. O plâncton marinho, que é uma fonte importante de alimento para peixes e outros animais marinhos, já foi filmado comendo-as.
Foto: picture-alliance/AP Photo/NOAA Pacific Islands Fisheries Science Center
Fim à vista?
Medidas para tentar reduzir o plástico descartável já foram tomadas em alguns países africanos, como proibições de sacolas plásticas, e a União Europeia planeja proibir produtos plásticos descartáveis. Mas se as tendências atuais forem mantidas, cientistas acreditam que haverá 12 bilhões de toneladas de plástico no planeta até 2050.