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Chile pede que polícia esclareça supostas violações

27 de novembro de 2019

Após ONG Human Rights Watch denunciar uso excessivo de força e abusos durante protestos, governo dá à corporação prazo de uma semana para esclarecimentos. Polícia admite que precisa de "profundas reformas".

Policiais durante manifestação em Santiago
Onda de protestos iniciada em meados de outubro já deixou 23 mortosFoto: Reuters/P. Sanhueza

O governo do Chile deu prazo de uma semana para que a polícia esclareça denúncias de violações aos direitos humanos supostamente cometidas durante os protestos que ocorrem no país desde meados de outubro.

O anúncio, feito nesta terça-feira (26/11), foi divulgado horas depois de a ONG Human Rights Watch (HRW) acusar a polícia chilena de cometer graves violações dos direitos humanos por meio do uso excessivo de força e abusos contra pessoas nas manifestações.

"Fatores como o uso indiscriminado e indevido de armas antidistúrbios, abusos contra pessoas detidas e sistemas de controle interno deficientes facilitaram a ocorrência de graves violações dos direitos de muitos chilenos. Não acreditamos que sejam casos isolados, nem coincidências", afirmou o diretor da HRW para as Américas, José Miguel Vivanco.

Os Carabineros (como é chamada a polícia nacional chilena) reconheceu, também nesta terça, a necessidade de "profundas reformas" em seus procedimentos.

"Os eventos do último mês apontam a necessidade de se fazer profundas reformas nas ações policiais, visando uma melhor promoção e proteção dos direitos humanos", declarou, em um comunicado, a corporação policial.

Cerca de 200 manifestantes sofrem lesões nos olhos no Chile

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A subsecretária dos Direitos Humanos do país, Lorena Recabarren, reforçou que a direção dos Carabineros ficou encarregada de "revisar profundamente as atuações que se afastam do estabelecido nos protocolos e que significam questionamentos e denúncias".

A nota da polícia chilena ainda diz que "certamente podem ter sido cometidos erros, que são tema para uma investigação". "Neste caso, isso nos machuca como instituição, e não queremos que esses erros se repitam. Por isso, encaramos com humildade e responsabilidade as recomendações feitas pela HRW", diz o texto.

A corporação ainda disse que toda vez que toma conhecimento de uma denúncia de comportamento equivocado de algum de seus agentes, inicia uma investigação administrativa interna e colabora para colocar os responsáveis à disposição do Ministério Público.

"Em muitas ocasiões, até mesmo por iniciativa própria, temos feito denúncias. Até agora, os tribunais formalizaram quatro contra nossos policiais", informa a instituição.

As manifestações no Chile – as mais graves desde a redemocratização do país, em 1990 – começaram em 18 de outubro devido a um aumento da passagem do metrô de Santiago, revogado depois pelo governo. Até o momento, 23 pessoas morreram e mais de 2.800 ficaram feridas, 232 delas com graves lesões oculares devido a disparos de projéteis no rosto.

Na semana passada, a polícia chilena suspendeu temporariamente o uso de projéteis para controlar as manifestações após o surgimento de dúvidas quanto à composição real das munições. A Universidade do Chile, por exemplo, disse que as balas não eram apenas de borracha, mas também continham chumbo, o que pode explicar o alto número de feridos.

O Ministério Público chileno informou que já abriu 2.670 investigações contra as forças de segurança por supostas violações aos direitos humanos, como lesões por arma de fogo, tortura e violência sexual.

GB/efe/afp

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