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Chinês substitui brasileiro na chefia da FAO

23 de junho de 2019

Qu Dongyu vence pleito para chefiar agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO). Ele sucede a José Graziano, que ficou oito anos no cargo. Com eleição, China reforça sua posição nas Nações Unidas.

Italien Rom | Qu Dongyu, Der neue Präsident der FAO
Qu Dongyu será novo diretor-geral da FAOFoto: picture-alliance/AP Photo/A. Medichini

O vice-ministro de Agricultura da China, Qu Dongyu, venceu neste domingo (23/06), em Roma, a eleição para chefiar a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) pelos próximos quatro anos.

O biólogo chinês derrotou os candidatos da França e da Geórgia ao obter no primeiro turno 108 votos, ou seja, mais de 50% dos votos dos 194 países participantes.

A candidata francesa e da União Europeia, Catherine Geslain-Lanéelle, recebeu 71 votos, enquanto o ex-ministro georgiano de Agricultura Davit Kirvalidze obteve apenas 12.

Qu, de 55 anos, deverá assumir o cargo de diretor-geral em 1° de agosto, substituindo o brasileiro José Graziano da Silva.

Desde 2012, a chefia da FAO era ocupada por José Graziano, que permaneceu durante dois mandatos, de 2012 a 2015 e de 2015 a 2019. O brasileiro havia entrado na FAO em 2006, quando foi nomeado diretor-geral adjunto para a América Latina e Caribe.

Durante sua campanha, Qu propôs se concentrar na erradicação da fome nas regiões pobres, modernizar a agricultura nas zonas tropicais e secas, promover a digitalização e inovar os modelos de cooperação.

"Quero agradecer à minha pátria depois destes 40 anos de reformas bem-sucedidas e política aberta", disse o representante chinês em suas primeiras palavras após ganhar a eleição, na qual só houve uma abstenção.

Qu tem 30 anos de experiência, que engloba desde o desenvolvimento de tecnologias digitais na agricultura até a introdução do microcrédito em áreas rurais.

José Graziano permaneceu dois mandatos como diretor-geral da FAOFoto: DW/R. Belincanta

Com a eleição de Qu, a China reforça sua posição no sistema das Nações Unidas num momento de disputa comercial com os Estados Unidos e com projetos como o da Nova Rota da Seda, que inclui grandes investimentos em países terceiros.

"Pequim fez um grande esforço para conseguir cargos mais altos na ONU nos últimos anos", disse Richard Gowan, analista do International Crisis Group, de Bruxelas.

O país enfrenta atualmente uma epidemia de febre suína que está dizimando seu rebanho, bem como uma guerra comercial com os Estados Unidos que o está forçando a buscar cereais e soja em outros lugares.

As crises levaram o setor de alimentos ao topo das prioridades do governo, disse Pequim na carta de candidatura de Qu à chefia da FAO.

A FAO fez soar o alarme sobre a crescente insegurança alimentar e os altos níveis de desnutrição. A eleição de Qu para o comando da agência sediada em Roma vem num momento em que a luta para erradicar a fome mundial está sendo prejudicada pelo aquecimento global e pelas guerras.

A fome atribuída aos efeitos combinados do clima extremo e errático, da desaceleração econômica e dos conflitos, particularmente na África e no Oriente Médio, aumentou nos últimos três anos.

O sucessor do brasileiro José Graziano da Silva terá que implementar políticas para alimentar uma população mundial que deve aumentar de 7,7 bilhões para 9,7 bilhões de pessoas em 2050.

CA/afp/lusa/efe

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