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"China é desafio e oportunidade", diz chefe da Otan

Jon Shelton
23 de março de 2021

Em entrevista exclusiva à DW, Jens Stoltenberg diz que país asiático "não compartilha de nossos valores". Mas ressalta que ascensão de Pequim pode reforçar os laços transatlânticos.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A China está 'minando a ordem baseada em regras', mas o Ocidente deve se engajar, disse StoltenbergFoto: Olivier Hoslet/AP Photo/picture alliance

Simplesmente não há como o Ocidente ignorar a ascensão da China, disse nesta segunda-feira (22/03) o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, em entrevista exclusiva à DW.

"A China está se aproximando de nós, investindo em nossa infraestrutura crítica", disse Stoltenberg. "Não há como evitarmos as consequências da ascensão da China e da mudança no equilíbrio global de poder para a segurança de nossa aliança regional."

Embora a Otan não tenha uma estratégia comum unificada, afirmou o ex-primeiro-ministro da Noruega, seus membros têm trabalhado cada vez mais numa posição comum sobre como lidar com a China dentro da aliança global.

Outros valores

"A China é uma potência em ascensão [...]; uma potência que não compartilha de nossos valores. Isso pode ser visto na maneira como eles se comportam em Hong Kong, como reprimem a oposição em seu próprio país, mas também na maneira como estão minando a ordem baseada em regras", disse.

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03:42

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Ainda assim, Stoltenberg disse que o relacionamento competitivo também oferece "uma oportunidade única de abrir um novo capítulo no relacionamento entre a América do Norte – os Estados Unidos – e a Europa".

Os comentários do líder da Otan foram feitos no mesmo dia em que EUA, UE e Reino Unido impuseram sanções à China, acusando Pequim de cometer abusos aos direitos humanos contra os uigures.

Ventos de mudança nos EUA

Sobre o presidente americano, Joe Biden, Stoltenberg disse acreditar que o novo governo mostrou "um compromisso muito forte com a unidade transatlântica".

Esta é uma diferença marcante em relação aos quatro anos anteriores, nos quais o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ameaçou abertamente e em mais de uma ocasião deixar a aliança global.

Impacto das mudanças climáticas na segurança

Na entrevista exclusiva à DW, Stoltenberg abordou uma série de outras questões, incluindo os desafios da mudança climática e as preocupações de uma nova guerra fria.

"O derretimento do gelo no Ártico pode levar ao aquecimento das tensões geopolíticas entre as diferentes potências", admitiu Stoltenberg.

Embora seus comentários sobre o tema tenham se concentrado na Rússia, ele também observou "um aumento da presença chinesa" na região.

"Para mim, isso demonstra os impactos da mudança climática na segurança", disse Stoltenberg. "Precisamos nos envolver com a China em muitas questões, incluindo mudança climática", acrescentou. "Ao mesmo tempo, a ascensão da China também apresenta alguns desafios sérios."

Novo capítulo transatlântico

Os ministros das Relações Exteriores da Otan devem se reunir pessoalmente em Bruxelas esta semana, pela primeira vez desde que a pandemia do coronavírus foi declarada.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deve se juntar à reunião de dois dias no que foi visto como uma demonstração de apoio à Otan.

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