China abre caminho para nova geração de líderes
14 de novembro de 2012Após uma semana de extensos discursos, propaganda e tentativas de mostrar unidade, o Partido Comunista encerrou nesta quarta-feira (14/11), em Pequim, o evento político mais importante da última década na China. Em uma votação tida como mera formalidade num regime de cartas marcadas, os delegados do partido defininiram a nova composição de seu comitê central e abriram caminho para que uma nova geração de líderes tome posse.
Nesta quinta-feira, os 200 integrantes do Comitê Central do PC vão se reunir para definir os 25 membros do Politburo e, logo em seguida, a formação da chamada Comissão Permanente do Politburo, órgão máximo de poder na China, integrado por um seleto grupo de nove políticos. O processo de renovação deve ser concluído em março, quando espera-se que o atual vice-presidente, Xi Jinping, assuma a presidência e a secretaria-geral do partido em substituição a Hu Jintao.
"Anuncio que o 18° Congresso do Partido Comunista Chinês chegou a um fim vitorioso", disse Hu, de 69 anos e no poder há uma década, ao fim da reunião quinquenal. Num gesto protocolar, ele aproveitou a reunião para anunciar sua renúncia à liderança do partido. "O congresso elegeu um novo comitê central e trocou os líderes antigos por outro mais novos", completou.
A transição da quinta geração de líderes desde Mao Tsé-Tung acontece com o país imerso em uma série de desafios. Além da necessidade urgente de reformas políticas e econômicas, que permitam à segunda maior economia do mundo continuar crescendo, os novos dirigentes terão que lidar com a corrupção, relações cada vez mais tensas com os vizinhos asiáticos e com um crescente descontentamento de uma população hoje mais informada e mais disposta a protestar.
"A China enfrenta uma série de problemas, especialmente tarefas árduas em reformas e desenvolvimento", disse o já septuagenário primeiro-ministro Wen Jiabao, também há dez anos no cargo e que deve ser substituído por Li Keqiang, de 57 anos.
Mudança na Constituição
A expectativa é de que tanto Li Keqiang, como chefe de governo, quanto Xi Jinping, como chefe de Estado, fiquem dez anos no poder. Xi é visto como uma figura de consenso entre as duas alas mais fortes do Partido Comunista - uma liderada por Hu Jintao e outra pelos aliados do ex-presidente Jiang Zemin (1989-2002), de 86 anos.
Segundo analistas, apesar das diferenças políticas, as duas partes concordam sobre a necessidade de a economia chinesa diminuir a dependência das exportações e, ao mesmo tempo, manter pulso firme para controlar a dissidência interna. A ascensão de Xi já é esperada desde 2007, quando foi apontado para a Comissão Permanente do Politburo.
Nesta quarta-feira, os delegados do partido também aprovaram uma modificação da Constituição para que passe a incluir os conceitos de "desenvolvimento científico" e "progresso ecológico", duas ideias impulsionadas por Hu Jintao. Falta de mão de obra especializada e a degradação do meio ambiente num país de mais de 1,3 bilhão de habitantes estão, segundo especialistas, entre os principais desafios da economia chinesa.
RPR/dpa/afp
Revisão: Francis França