China acusa EUA de irresponsabilidade por satélites de Musk
29 de dezembro de 2021
Pequim alega que dois satélites da Starlink, uma divisão da SpaceX, de Elon Musk, quase colidiram com estação espacial chinesa, que teve que manobrar para desviar. Empresário é criticado em redes sociais na China.
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A China acusou nesta terça-feira (28/12) os Estados Unidos de terem uma conduta irresponsável e insegura no espaço após dois satélites operados pela SpaceX, de Elon Musk, terem estado perigosamente próximos de colidirem com a nova estação espacial chinesa, a Tiangong.
"Os EUA ignoram suas obrigações sob os tratados internacionais, representando uma séria ameaça à vida e à segurança dos astronautas", disse o porta-voz do Ministério do Exterior da China, Zhao Lijian, em uma entrevista coletiva.
A Tiangong executou "manobras evasivas" para "prevenir uma potencial colisão" com os satélites Starlink, informou o governo chinês em uma queixa enviada ao Comitê da ONU para Usos Pacíficos do Espaço Exterior, em 6 de dezembro.
Os incidentes ocorreram em 1º de julho e em 21 de outubro.
A Starlink, uma divisão da SpaceX, planeja lançar um total de cerca de 2 mil satélites na órbita terrestre, que visam fornecer acesso à internet inclusive em lugares remotos do planeta.
Em seu 34º e último lançamento, a SpaceX colocou 52 satélites em órbita, em 18 de dezembro.
Tratado do Espaço Exterior
A SpaceX é uma empresa privada americana, independente da agência espacial civil e militar, a Nasa.
No entanto, a China alega em sua nota à ONU que os membros do Tratado do Espaço Exterior, assinado em 1967 e que é a base da lei espacial internacional, também são responsáveis pelas ações de suas entidades não governamentais.
Dirigindo-se a repórteres, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, se recusou a responder especificamente às acusações chinesas.
"Nós encorajamos todos os países com programas espaciais a serem atores responsáveis, para evitar atos que possam colocar em perigo astronautas, cosmonautas e outras pessoas que estão orbitando a Terra ou que têm potencial para isso", disse Price.
A SpaceX não se pronunciou sobre o fato.
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Mais e mais objetos em órbita
Manobras evasivas para reduzir o risco de colisões no espaço estão se tornando mais frequentes à medida que mais objetos entram na órbita da Terra, disse Jonathan McDowell, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.
"Nós realmente notamos o aumento no número de passagens próximas desde que a Starlink começou a operar", disse ele à agência de notícias AFP.
Qualquer colisão provavelmente "demoliria completamente" a estação espacial chinesa e mataria todos a bordo, acrescentou McDowell.
Críticas a Musk
A reclamação de Pequim sobre a Starlink gerou críticas de usuários chineses ao bilionário fundador da SpaceX, Elon Musk, que é amplamente admirado na China.
Uma hashtag sobre o tópico na plataforma Weibo, semelhante ao Twitter, teve 90 milhões de visualizações na terça-feira.
"É irônico que chineses comprem [carros da] Tesla, contribuindo com grandes somas de dinheiro para que Musk possa lançar [satélites da] Starlink, e então ele (quase) colide com a estação espacial da China", comentou um usuário.
A Tesla, fabricante de carros elétricos de Musk, vende dezenas de milhares de veículos na China todos os meses, embora a reputação da empresa tenha sofrido muito este ano, após uma onda de acidentes, escândalos e preocupações com a segurança de dados.
"Prepare-se para boicotar a Tesla", disse outro usuário do Weibo, ecoando uma resposta comum na China a marcas estrangeiras que agem de forma contrária aos interesses nacionais.
O módulo central da estação chinesa de Tiangong - que significa "palácio celestial" - entrou em órbita no início deste ano e deve estar totalmente operacional em 2022.
Sua primeira tripulação retornou à Terra em setembro, após uma missão de 90 dias. A segunda tripulação, de dois homens e uma mulher, chegou à estação em 16 de outubro para uma missão de seis meses.
le/lf (afp, ap, dpa)
Iuri Gagarin, pioneiro da viagem espacial
O soviético Iuri Gagarin foi o primeiro ser humano a circundar a Terra a partir do cosmos. Há 60 anos começava uma história de competição internacional – mas também de cooperação.
Foto: picture alliance/dpa
Pronto para partir
Em 12 de abril de 1961, Iuri Gagarin levantou voo a bordo da espaçonave Vostok 1 e fez uma órbita da Terra. Assim, tornava-se o primeiro ser humano no espaço. Ao ser escolhido para a viagem espacial, o russo ainda fazia seu treinamento como piloto de combate.
Foto: AFP/Getty Images
Belka e Strelka preparam o caminho
Antes de Gagarin, quase não havia experiência com seres vivos no espaço. As cadelas Belka e Strelka foram os primeiros animais a completar um voo com saúde, juntamente com um coelho, 40 camundongos e dois ratos. Em 19 de agosto de 1960, o grupo foi enviado ao espaço no satélite Sputnik 5, retornando ileso numa cápsula de aterrissagem.
Foto: picture-alliance/dpa/ Heritage Images
Herói festejado
Após o retorno, Gagarin foi grandemente festejado, atravessando o mundo todo como embaixador do programa espacial da União Soviética. Após concluir a formação de piloto, ele originalmente deveria trabalhar para o programa de cosmonáutica. Porém em 27 de março de 1968 morreu num acidente com um avião de caça soviético MIG-15, num de seus voos de treinamento.
Foto: Getty Images
Reconhecimento internacional
Apesar da Guerra Fria, Gagarin também foi celebrado no Ocidente por sua façanha. Ao mesmo tempo, a notícia incitou os Estados Unidos a também desbravarem o espaço cósmico. Nesta edição do jornal "Huntsville Times", o engenheiro teuto-americano Wernher von Braun já alertava que os EUA teriam que se esforçar para superar a cosmonáutica soviética.
Foto: AFP/Getty Images
Glenn segue o exemplo
Em 20 de fevereiro de 1962, os EUA enviaram seu primeiro homem ao espaço, numa nave Mercury Atlas 6. John Glenn completou três órbitas terrestres. Ele tinha mais experiência do que Gagarin: antes da carreira como astronauta, fora piloto de combate e de testes da Marinha, e quebrara recordes de voo supersônico.
Foto: Reuters/NASA
A vez da primeira mulher
Dois anos depois de Gagarin, a URSS enviava a primeira mulher ao espaço: Valentina Tereshkova passou três dias a bordo da nave Vostok 6, dando 48 voltas pela Terra. Na foto entre os colegas Gagarin e Valery Bykovsky. Tereshkova virou estrela da mídia: na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, ela portou a bandeira olímpica. Hoje com 84 anos, desde 2011 é deputada da Duma.
Foto: picture-alliance/RIA Nowosti
Corrida pela Lua
Em 20 de julho de 1969, os astronautas americanos Neil Armstrong e Buzz Aldrin (na foto) tornaram-se os primeiros seres humanos a pôr o pé na Lua. Os EUA pareciam ter vencido a corrida espacial. Até hoje, só a Nasa levou tripulantes até o satélite terrestre.
Foto: picture-alliance/Photoshot/Neil A. Armstrong
Mito Gagarin
Sobretudo nos países do Leste da Europa, manteve-se viva a memória de Iuri Gagarin – como mostra esse mural na Ucrânia. Durante a era soviética, todos os aliados da URSS – como a Alemanha Oriental, Romênia ou Bulgária – puderam enviar seus próprios cosmonautas ao espaço, também como símbolo da união e força do sistema socialista.
Foto: DW/R. Goncharenko
Hoje: cooperação ao invés de competição
Com o fim da confrontação Leste-Oeste, a concorrência gradativamente deu lugar à cooperação, a começar com a estação espacial Mir, 1986, para a qual a União Soviética também convidou astronautas ocidentais. Hoje as iniciativas conjuntas se concentram na Estação Espacial Internacional (ISS), da qual, além da Rússia e dos EUA, participam a agência europeia ESA, o Canadá e o Japão.
Foto: picture-alliance/dpa/ESA/NASA
Amanhã: juntos na Lua?
No futuro, a cooperação das nações que desenvolvem programas espaciais deverá se intensificar ainda mais. Talvez um próximo destino comum seja a Lua. E uma aldeia lunar como esta poderá até mesmo ser a sucessora da ISS.