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Ajuda, mas...

14 de setembro de 2011

A segunda maior economia do mundo se diz pronta para investir nos países abalados pela crise da dívida. Em troca, Wen Jiabao enumera contrapartidas para a União Europeia e os Estados Unidos.

Wen Jiabao, primeiro-ministro da China, discursa em eventoFoto: dapd

A China se disse, mais uma vez, disposta a ajudar as potências endividadas a contornar a duradoura crise econômica. Num discurso nesta quarta-feira (14/09), Wen Jiabao, primeiro-ministro chinês, declarou que seu país está pronto para investir nas economias europeia e norte-americana, mas mencionou que aguarda contrapartida das nações ocidentais.

"Países europeus estão enfrentando problemas da dívida soberana. Nós já dissemos inúmeras vezes que a China quer estender a mão, e continuará investindo nessas nações", disse Jiabao na abertura da "edição de verão" do Fórum Econômico Mundial, em Dalian, no nordeste da China.

A potência asiática, por outro lado, deixou claro que essa disposição em ajudar não é gratuita. Aos europeus, Jiabao pediu que a China seja reconhecida como economia de mercado – e eles não deveriam demorar muito para avançar nesse sentido. Os europeus devem agir assim "como um amigo trata o outro amigo", adicionou Jiabao.

Condições

Além do forte caráter simbólico, para Pequim a classificação de seu país como economia de mercado significa mais proteção: a China ficaria menos exposta a ações antidumping, que visam inibir a prática comercial de vender mercadorias por preços extraordinariamente abaixo do valor considerado justo.

Jiabao espera que a União Europeia avance na iniciativa de mudar o status chinês já no próximo encontro de cúpula entre as duas partes, marcado para o final de outubro, em Tianjin, na China. "Nós esperamos que os maiores líderes europeus deem um passo corajoso em relação à percepção que eles têm da China", comentou o primeiro-ministro.

Apesar da reivindicação da economia asiática, a União Europeia ainda não chegou a um acordo sobre o assunto. Oficiais europeus disseram aos chineses que ainda é preciso que uma série de critérios técnicos seja alcançada antes da mudança de status para economia de mercado.

Dos Estados Unidos, Wen Jiabao exigiu uma abertura maior do mercado para a entrada de investimentos chineses. Dessa maneira, os investidores asiáticos poderiam criar mais oportunidades de emprego no país governado por Barack Obama. Jiabao também sugeriu que os Estados Unidos poderiam ampliar suas exportações ao eliminar restrições à venda de produtos tecnológicos para os chineses.

Dominância

A China acumula em torno de 3,2 trilhões de dólares em reservas internacionais – cerca de 65% dessa quantia em dólares norte-americanos e 25% em euros, segundo cálculos de analistas. Daí também a preocupação chinesa com o desempenho dos europeus – o governo asiático demonstra apreensão quanto à capacidade das nações endividadas de pagarem seus débitos.

"As maiores economias desenvolvidas devem adotar políticas fiscais e monetárias que sejam responsáveis e efetivas, e lidar de forma apropriada com o problema da dívida, assegurando operações seguras e estáveis aos mercados investidores", aconselhou Jiabao.

Enquanto isso, o crescimento da China deve alcançar 9% em 2011 – depois dos 10,4% no ano passado. A segunda maior economia do mundo também é a maior credora dos Estados Unidos e disputa com a Alemanha o título de maior exportador mundial.

NP/rtr/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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